Fonte FIFA e arquivo de jornais
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Este Blog procura resgatar a Memória Coletiva do Colégio Estadual de Bagé, o Carlos Kluwe, e também da nossa cidade, através da narrativa de fatos que marcaram a vida de todos que por aqui nasceram ou viveram. Objetiva também colaborar com a cultura da Região de Fronteira, onde Bagé está situada. Mande suas histórias e suas fotos para o mail blog.estadual@hotmail.com Mostre que temos memória e zelamos por ela.
Foi um gaúcho do Alegrete, da mesma terra de Osvaldo Aranha, Gildo de Freitas e Mário Quintana, que formaria a seleção do tri: João Alves Jobim Saldanha, o João Saldanha, o “João Sem Medo”. Maior crítico e porta voz do fracasso de 1966, quando denunciava a falta de um time base, Saldanha foi escolhido para convocar a seleção, em 1968, pelo outro João, o Havelange, presidente da CBD. Era preciso recuperar a confiança dos jogadores, dos dirigentes e dos torcedores na nossa seleção. Saldanha utilizou os times do Santos e do Botafogo, os melhores da época, e foi logo dizendo: Só vou convocar “feras”. Pronto. Neste momento surgiram As Feras do Saldanha. E não era somente um codinome. A seleção do João Sem Medo obteve aproveitamento de 100% nas eliminatórias. Os jogadores acostumados a atuarem juntos em seus times de origem, na seleção jogavam por música. Pelé, Gerson, Jairzinho, Tostão, Carlos Alberto, Rivelino... todos eles, verdadeiras “feras” do futebol brasileiro, numa época em que os jogadores brasileiros jogavam no Brasil. Mas ai... Médici, o general presidente, queria o Dario na seleção, João era militante do Partido Comunista... o caldo começou a engrossar. Não seria possível imaginar um comunista desembarcando no Galeão com a Jules Rimet no colo, e sem o Dario. Médici mandou, pelo outro João, recado para o Saldanha convocar Dario. O João Sem Medo respondeu: Diga ao presidente que ele escala seus ministros e eu escalo a seleção! Pronto, era o que faltava para derrubarem o João. O João que devolvera a auto estima para a seleção brasileira, o João que obtivera 100% de aproveitamento nas eliminatórias, o João que era comunista. Segundo o jornalista Carlos Ferreira Vilarinho, em seu livro Quem derrubou João Saldanha, Brito, que liderava o grupo, iniciou uma resistência com o apoio de todos os atletas. Menos de Pelé. Dona Tereza Bulhões, mulher do João, tirou da cabeça do Brito tal idéia. Faltavam só três meses para começar a copa, seria uma loucura. Ainda segundo Vilarinho, num almoço no Palácio das Laranjeiras, Médici e Dona Scylla, recepcionaram a seleção com o novo técnico que aceitara convocar Dario, às vésperas do embarque para o México. Ele falou particularmente com os jogadores e disse o que ele e o país esperavam de cada um deles. Sobre Everaldo, ele disse à Dona Scylla: “este vai representar o nosso Grêmio lá no México”. As feras do Saldanha (que não assinou as súmulas da Copa do mundo de 1970), não deixaram por menos. Ganharam todas, sem deixar dúvidas! Ganharam o tão esperado tri. Ganharam a Copa do México. A copa onde lançaram os cartões amarelo e vermelho; onde passaram a permitir as substituições de jogadores durante as partidas; onde houve transmissão direta de TV para todo o mundo, inclusive para o Brasil. Duas seleções bi campeãs foram para a final: Brasil e Itália. Era a última copa da Jules Rimet. Ela ganharia um dono definitivo. Em função disso, a comissão técnica italiana chegou a mostrar aos jornalistas que cobriam o mundial o lugar no avião onde a taça iria viajar... Mas a taça não embarcou no voo da Alitalia. Ela tomou um avião da Varig e veio para o Brasil. Veio para ficar. Os jogadores, entre eles Dario que não jogou nenhuma partida, chegaram ao Brasil no dia 23 de julho de 1970. Médici, não deixou por menos: decretou Feriado Nacional! Maluf, não deixou por menos: deu de presente a cada jogador tri campeão um fuca zero quilômetro comprado com o dinheiro dos contribuintes! Enquanto isso, o milagre brasileiro acontecia, embalado pelo Ato Institucional Número Cinco, pelo tri e pela censura total à imprensa. Ninguém segurava mais o Brasil. Afinal de contas, eram noventa milhões em ação!
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Fonte FIFA e arquivo de jornais
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Sete meses de governo. Sete meses de Blog da Velha Guarda do Estadual. Esta é hoje a semelhança do nosso Blog com o governo do presidente Jânio quadros. O tempo de duração. Sete meses. Eleito em 3 de outubro de 1960, Jânio da Silva Quadros, governou o Brasil de 31 de janeiro a 25 de agosto de 1961, quando renunciou, alegando pressão de “forças ocultas” que o obrigavam a isso. Jânio elegeu-se pela coligação PTN, PDC, UDN, PR e PL com a maior votação conseguida até então por um candidato a presidente: 5,6 milhões de votos. Num sistema eleitoral onde se votava no vice separadamente, Jânio não conseguiu eleger Milton Campos, seu candidato de chapa, como vice-presidente. O povo preferiu votar na dupla Jan-Jan. Janio para presidente e João Goulart, o Jango do PTB, para vice. Jânio ficou conhecido como “o homem da vassoura” pois prometia varrer a corrupção da política brasileira. Polêmico e imprimindo um “estilo novo de governar”, despachava com seus ministros através dos famosos bilhetinhos. Jânio procurava se envolver em questões polêmicas para chamar a atenção do povo que o elegera, enquanto não conseguia varrer quase nada da velha política brasileira: proibiu as rinhas de galo, o lança perfume nos bailes de carnaval e o biquíni em concurso de miss. Condecorou Ernesto Che Guevara com a Grã Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, numa triangulação política complicada que envolvia o Itamaraty, a Santa Sé e a libertação em Cuba de padres condenados a morte... Mas, ai é uma outra história. Só lembrei disso agora, pois há exatos sete meses nosso Blog está “no ar”. Mas, ao contrário do Jânio, não estamos pensando em renunciar, pelo contrário, pretendemos ampliar nossas alianças, ajudar a varrer a sujeira da web e construir relações sólidas com os mais de 7.000 internautas dos 24 países que seguem nosso blog e que já o acessaram mais de 25.000 vezes! Ainda temos muito o que fazer pela nossa memória coletiva, pela memória do Carlos Kluwe, o nosso Colégio Estadual de Bagé. Como já vencemos a marca do Jânio, vamos em frente! Vamos tocando nossa vuvuzela pois alcançamos mais uma marca importante no nosso placar, marcamos mais um golaço em pleno mês de Copa do Mundo.
Foi no Chile, em 1962, que a Copa do Mundo começou a ganhar a mídia de televisão. A Europa só não pode vê-la, ao vivo e em preto e branco, pois o satélite de comunicações Telstar foi lançado um pouco depois. No entanto, no Brasil as fitas com os “vídeo-tapes” eram mandadas pelos aviões da - Varig Varig Varig, e a TV passava os jogos já no dia seguinte. Na Europa isso acontecia dois dias depois. As transmissões pelo rádio comandavam o espetáculo mas tudo podia ser conferido logo em seguida na televisão. Uma grande novidade. Os ingressos, todos apresentando os preços em dólares, na final foram vendidos por dois valores: U$ 2,20 e U$ 5,00. A frase que resumia a realização da competição no Chile, ainda sofrendo os efeitos do terremoto de Valdívia, em 1960, foi pronunciada num discurso, pós catástrofe, pelo brasileiro, naturalizado chileno, e presidente da Confederação Chilena de Futebol, Carlos Dittborn: “Porque nada tenemos, lo haremos todo!” Essa frase teria convencido a Fifa da capacidade dos chilenos de, reerguidos do sismo, realizar a Copa sem problema algum. O Brasil, campeão em 58, era uma euforia só. Várias emissoras de rádio, patrocinadas por inúmeras marcas comerciais, lançaram dezenas de concursos com o mote: “Quantos gols Pelé marcará na Copa de 1962 ?”. Depois de nascer Pelé, em 1958, o não mais garoto Édison, era a nossa maior estrela. A imprensa cobrava muito, o Santos Futebol Clube cobrava muito e os torcedores cobravam mais ainda. No dia marcado, 30 de maio de 1962, em vários estádios ao mesmo tempo, começou a copa do Chile, a Copa da consagração do recém iniciado reinado de Pelé, o Rei do Futebol. E nesse dia já ganhamos do México por 2x0, com um magnífico gol de Pelé. O que ninguém esperava, entretanto, é que na segunda partida da primeira fase, jogando contra a Tchecoslováquia, com uma regra que não permitia banco, portanto, sem substituições, o nosso Rei sofresse uma contusão na coxa e ficasse de fora da copa da sua consagração. Ele tentou permanecer no jogo, mesmo contundido, auxiliando os colegas no posicionamento em campo que, diante de tamanho desastre, só conseguiram manter um digno empate em 0x0. “É incrível, torcida brasileira, o Rei do Futebol, o Rei Pelé, está sendo retirado de campo, mancando” - dizia com a voz embargada o locutor da Rádio Guaíba. E nós, que só falávamos no Estadual que esse era a copa Dele, ficamos mudos, ouvindo a narração emocionada do locutor informando que a nossa esperança do bi, saía, se arrastando numa perna só, do estádio Sausalito
Mas ai chamaram o príncipe, o Amarildo, com a enorme tarefa de substituir o Rei lesionado... E ele o fez. De cara, no terceiro jogo da nossa seleção, o primeiro sem Pelé, Amarildo fez os dois gols na vitória apertada contra a Espanha, por 2x1. Estávamos na segunda fase! Ainda que sem Pelé. Na partida das quartas de final, Brasil x Inglaterra, um cãozinho entrou em campo e driblou até o craque das pernas tortas, o Garrincha. Foi um jogador do English Team, Jimmy Graves, que "hipnotizou" o cão e, ficando “de quatro” no gramado, segurou firme o animalzinho tirando-o de campo. Que presságio!!! Vamos perder!!! Que nada, ganhamos dos ingleses de 3x1. E fomos avançando. Sem Pelé. No dia 13 enfrentamos a seleção "dona da casa". Fizemos 4x2 sem maiores cerimônias. E esse escore nos levou à final com a.... Tchecoslováquia, de novo! Não! Mas ai eram 11 contra 11. Sem Pelé, ganhamos com Amarildo, com Garricha, Vavá, Didi, Nilton Santos...
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Carlos Dittborn, não viu a copa que organizou, teve um infarto e morreu um mês antes do início. Como disse: “por não termos nada, vamos fazer tudo”. E ele levou ao pé da letra sua frase. Deu a sua vida para que saísse a Copa do Chile. O estádio de Arica recebeu seu nome ainda antes de iniciar a Copa de
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O Blog da Velha Guarda do Estadual reproduz hoje o artigo das jornalistas da Folha de São Paulo, Thaís e da Anna Virginia, sobre o criador da Camisa Canarinho, publicado na Folha, deste dia 20, e no Blog ARdoTEmpo, intitulado Herói de dois mundos.
Herói de dois mundos
Torcedor do Uruguai, criador do uniforme da Seleção Brasileira: Aldyr Garcia Schlee
Dona Marlene, 75, está revoltada. Desde que conheceu seu marido, há quase 55 anos, é a mesma história: chega a Copa do Mundo e Aldyr está lá, com o coração na mão pela seleção que, em 1950, tirou do Brasil o sonho do primeiro título. Aldyr Garcia Schlee, 75, criou há 57 anos a camisa verde e amarelo da seleção - um dos mais eficientes cartões de visita brasileiros, da Palestina aos Alpes suíços. Mas ele vai torcer pelo Uruguai, como faz desde que se entende por gente. Nada de birra, garante.
É que Aldyr nasceu em Jaguarão, cidade do Rio Grande do Sul que faz fronteira com o país vizinho, e cresceu "escutando na rádio tangos, boleros e notícias do Uruguai". Ele morava em Pelotas (RS) quando, aos 19 anos, soube do concurso aberto pelo extinto jornal "Correio da Manhã". O desafio: dar nova cara ao uniforme da seleção brasileira, até então azul e branco.
O jovem Aldyr correu para comprar "umas tintas gouaches holandesas, que foram pagas em prestações por quase um ano". E começou a rabiscar. Usar as quatro cores da bandeira no uniforme era uma das exigências da CBD (Confederação Brasileira de Desportos, antepassada da CBF). Um horror para Aldyr, já que "isso, quatro cores, não é uma tradição no futebol mundial". Para driblar o regulamento, ele decidiu "despejar o azul e branco nas meias e calções". A ideia colou. Reza a lenda que o modelo repaginado serviria para tirar a zica daquela derrota para o Uruguai no Maracanã. "Não é verdade. É preciso desmentir isso", diz. "Tanto que o Brasil perdeu em 1954, na Suíça".
No dia 15 de dezembro de 1953, o "Correio da Manhã" reproduziu pela primeira vez o modelo canarinho.O vencedor recebeu convite para estagiar como ilustrador no jornal, "uma bolada que dava para comprar um carro popular" e "uma cadeira 'perpétua' no Maracanã". Pouco depois, Aldyr foi entregar sua criação aos jogadores.
Na vez de Zizinho, craque do Bangu, escutou o que até hoje considera "a maior definição" para o esporte."Como torcedor, encaro futebol com paixão. Mas tenho certeza de que, em épocas de amadorismo ou hiperprofissionalismo, nada mais certo do que a frase do Zizinho: 'Futebol é uma merda'".
Toda Copa ele faz sempre tudo igual. Com um mês de antecedência, começa a confeccionar um livrinho da Copa, uma espécie de álbum de figurinhas artesanal. Nele, registra todos os resultados, desenha a carinha dos jogadores de cada seleção e anota impressões gerais sobre o torneio. Ele e a mulher acompanharão todos os jogos - na primeira fase, são três por dia, ou 270 minutos diários de futebol.
Aldyr não gostou da escalação de Dunga. Mas não viu tanto problema no técnico ter deixado Neymar de lado na hora de montar a equipe. Garrincha, afinal, também ficou de fora em 1954. Quatro anos depois, deu no que deu. De 1953 para cá, Aldyr foi rebatendo todas as bolas que a vida lhe jogou. No passado, dividiu plantões de trabalho e mesas de bar com ilustres do jornalismo, de Samuel Wainer a Nelson Rodrigues. Também foi professor de direito internacional. Por conta disso, na metade dos anos 1960, virou persona non grata para a ditadura.
Chegou a ser banido de uma faculdade no Rio Grande do Sul por três anos, acusado de "atividades filocomunistas", segundo documento que afirma ter recebido em 1965. Tudo intriga da oposição, já que mexer com política não era a dele, garante Aldyr. Afirma, contudo, diz ter abrigado em seu apartamento de Pelotas algumas "cabeças a prêmio" do regime militar. No começo daquela década, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (região Sul) por uma matéria, sobre combustível mineral, que entusiasmou o presidente João Goulart . A década de 1980 lhe rendeu dois prêmios na Bienal de Literatura.
Escritor criativo e de muita produção, Aldyr tem duas gavetas cheias de livros de sua autoria, com temas que vão de contos de futebol a uma suposta "identidade secreta uruguaia" de Carlos Gardel (Os limites do impossível - Edições ARdoTEmpo, 2009) Vive num sítio em Capão do Leão (perto de Pelotas). Numa parede da casa, a plaquinha da "Rua Uruguai". Dona Marlene nem esquenta a cabeça: prefere jogar na cara do companheiro a vitória contra o Uruguai, de 4 a 0, nas eliminatórias 2010.
Thaís Bilenky e Anna Virginia Balloussier - Publicado na Folha de São Paulo (desde Capão do Leão RS)
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A taça do mundo é nossa!
A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro
O brasileiro lá no estrangeiro
Mostrou o futebol como é que é
Ganhou a taça do mundo
Sambando com a bola no pé
Goool!
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Nota: Algumas fontes citam 1282, outras 1285, os gols que Pelé marcou. Não importa muito quantos tenham sido. Foram todos gols de craque.
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.Fonte FIFA e arquivo de jornais
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"Eu seguia pelo túnel, em direção ao campo.
A saída do túnel, um silêncio desolador havia tomado o lugar de todo aquele júbilo.
Não havia guarda de honra, nem hino nacional, nem entrega solene.
Achei-me sozinho, no meio da multidão, empurrado para todos os lados,
com a Copa debaixo do braço"
Jules Rimet, presidente da FIFA
L’ histoire merveilleuse de
Union européenne d’éditions, Paris,1954
As palavras de Jules Rimet, em seu livro de memórias, dão exatamente a dimensão da tragédia vivida pelos quase 200 mil brasileiros que assistiram,
Máspoli,
Gambetta, Matias González e Rodriguez Andrade;
Tejera, Obdulio Varela, Julio Perez e Schiaffino;
Ghiggia, Miguez e Morán.
(continua)
Fonte: FIFA e arquivo de jornais.
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