Montagem com de fotografias do Google |
Amanheci com a Macaca!
Luiz Carlos Vaz (*)
Hoje, exatamente às sete horas e 25
minutos, revi no Max Prime a cena do macaco (*). A cena que mudou a vida do
macaco. De todos os macacos. Do cinema... e a minha vida, macaco de auditório
que eu era do Cine Avenida lá em Bagé. A cena a que me refiro é uma das cenas
iniciais do filme 2001, uma odisseia no espaço, do genial diretor Stanley
Kubrick, baseado no livro de outro gênio da raça, Arthur Clark. Na cena, após
ter tido contato com o simbólico monolito preto, o macaco adquire repentina
inteligência, que a usa para o bem e para o mal, num tempo em que o bem e o mal
não haviam sido separados pelos homens... era então a Aurora do Homem. Ou do
macaco?
Nesses tempos de hoje, que foram
antevistos de forma poética pelo Mario Quintana, relacionei imediatamente minha
perplexidade adolescente de então ante a criatividade de Kubrick e a presença
do tal monolito, que tira o tal macaco da brutalidade animal e o leva à
brutalidade humana. O macaco torna-se perigoso, pois o contato sub-reptício com
aquele “livro de filosofia” muda completamente o rumo da sua vida, o da sua
família, o do seu povo, o dos seus concorrentes e o da sua descendência.
Creio que estamos precisando
urgente de uma Anomalia Magnética Tycho Um. Embrutecidos pela ganância, pelo
desejo exacerbado de consumir coisas sem sentido prático e pelo capital
predatório explorador, precisamos partir a caminho de nosso Júpiter. As
barbaridades não são mais feitas às escondidas, na tal “calada da noite”,
durante a Copa ou do Carnaval. São anunciadas ao vivo, pelas tais redes
(anti)sociais e nem precisam ser justificadas. Anunciam 40 milhões em emendas
para quem votar “com o governo” como se fosse apenas um passe livre para um fim
de semana no Beto Carrero. Estamos com um forte sinal de rádio que ensurdece os
nossos ouvidos, caímos nas mãos de HAL 9000 que quer nos impedir o contato com
os monolitos espalhados pela galáxia das livrarias e universidades.
Precisamos de imediato ir a Júpiter
e Além do Infinito. Nosso casulo precisa ser puxado para dentro do túnel de luzes
coloridas. Que ele nos desoriente já, nos faça viajar em alta velocidade
através de vastas distâncias da ignorância que nos separam da verdadeira
democracia. Precisamos ter a experiência de Bowman, antes que estejamos muito
velhos, deitados em uma cama... Que o monolito do pensamento nos faça flutuar
no espaço, e ao lado de todos, possamos contemplar nossa descendência livre,
leve, solta e feliz.
(*) Em dezembro de 2014 nosso grupo
de fotografia, pela gentileza especial do Alfredo Aquino, trouxe a Pelotas o
fotógrafo francês Pierre Yves Refalo, para uma conversa sobre fotografia, que
reuniu inúmeros aficionados dessa arte que nos encanta, na Secult. Fiquei
sabendo algum tempo depois, que o primo dele, o Joe Refalo, era um dos atores
“dentro dos macacos” do filme 2001... Que coisa, hein?
Essa vida nos
proporciona cada encontro que até o Monolito duvida!!!
Em 2 de maio de 2019
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(*) Luiz Carlos Vaz é Jornalista, Fotógrafo, Escritor e Editor deste Blog