Luiz Carlos Vaz (*)
Hoje, mais uma vez,
assisti pela tevê uma cena lamentável...
Mas... primeiro vamos
relembrar algumas coisas. Quando eu acompanhava o Schlee por diversas cidades
em palestras, feiras do livro e outros eventos ligados à literatura, sempre
havia um bom público de estudantes de diversas séries para ouvir o escritor; a
melhor parte - e que eu já aguardava com expectativa, era o recado final.
Depois de discorrer sobre Literatura - a sua e a dos outros, ele, que conseguia
sempre prender a atenção absoluta de turmas enormes de jovens, dava ao final,
um conselho: “Nunca aceitem tudo o que os professores de vocês dizem!
Questionem, perguntem, duvidem! Esse é o caminho da melhor convivência e da
verdadeira sabedoria!”
Mas, vejam bem! Esse
conselho não era, de forma alguma, um simplório convite à desobediência
coletiva! O experiente Professor ensinava aos alunos a eficácia do diálogo, da
troca de experiências, do questionamento necessário das condições sociais e de
certas atitudes coletivas repetidas sempre sem o necessário porquê!
Há algum tempo eu (...que
minto muito, mas sempre mostro as provas), passava com o meu amigo e também
fotógrafo, Alfonso Montone (neste caso, a minha prova!) lá perto do meio dia
pela Praça. Era um sábado ensolarado de um setembro já distante. De repente
percebemos uma movimentação própria de crianças em grupo se aproximar dali. Era
uma turma bem grande de alunos de uma escola, acompanhados por diversos
professores, que estavam indo até ali a Praça fazer o encerramento festivo de
uma Semana do Meio Ambiente! Puxa, que legal, faremos muitas fotos interessantes,
comentei com o Alfonso.
Mas para desespero meu e dele,
que é Gestor Ambiental, as crianças todas portavam muitos BALÕES COLORIDOS,
inflados com gás, que seriam soltos ao céu – e ao léu! Imagino até que carregassem
dentro algumas sementes...
Que horror, pensamos e
comentamos ao mesmo tempo! Estamos já no século XXI e as crianças ainda são incentivadas
e ensinadas a soltar os assassinos balões de borracha para “comemorar alguma
coisa”; balões que irão parar dentro do estômago de peixes e pássaros e que, em
consequência disso, irão morrer!
Que forma estranha de
brindar o Meio Ambiente! Espalhando a morte! E pior, com o engodo da cor e da
suposta beleza, ao ascenderem ao céu azul, num espetáculo multicor e em movimento.
Mas... voltemos ao dia de
hoje.
Ainda há pouco vi pela
tevê que numa cidade do interior do RS acabaram de fazer alguma coisa parecida.
Só que em um tipo de evento para celebrar a vacinação da população contra o
Covid, ou algo assim, era uma coisa positiva da cidade! Como sempre, deram às
crianças uma aula equivocada... Essa “celebração da vida”, com a soltura dos
balões, irá causar a morte de centenas de pássaros e de peixes etc. etc. etc. além
de produzir mais lixo não reciclável!
Então lembrei das
conversas do Schlee com as crianças! E digo eu agora: Alunos, questionem seus
professores sobre o destino final desses balões! Sobre a necessidade de soltar
balões. Não aceitem mais, alunos, celebrar a nossa vida com a morte de outros!
Aí eu me pergunto, até
quando vamos soltar balões (que matam animais), foguetes (que também matam pássaros
e enlouquecem os cães) e realizar outras “manifestações primárias de regozijo”
com sérios prejuízos para o Planeta - que é a nossa Casa - e para nós mesmos?
Mas que coisa, hein,
Blau?
Em tempo: Bem que um
chinês poderia nos fazer um favor e inventar um balão de papel reciclável...
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(*) Luiz Carlos Vaz é Jornalista,
Fotógrafo e Editor deste Blog