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Fotos do autor |
Juarez Machado De Farias (*)
Fui a
Pinheiro Machado
- que
chamavam Cacimbinhas -
e no centro
urbanizado
pessoas são
formiguinhas
que levam
bolsas, pacotes,
sobre os
ombros apressados,
e nem me
olham seus olhos,
olhos de mim
desviados
porque sou
alguém estranho,
porque ali
não fui guri,
eu sou de
outro rebanho,
venho de Piratini.
Mas a Igreja
está aberta.
E a senhora
da faxina
me diz boa
tarde e sorri,
e sua boca
se ilumina,
conversa
naturalmente
e responde
ao que pergunto,
é só com ela
- afinal -
que eu
encordoo um assunto.
Nossa
Senhora da Luz
é a santa
milagrosa
que curou o
estancieiro
da cegueira
perniciosa
somente com
aquela água
que jorrava
de uma fonte,
lavou os
olhos e já
vislumbrou o horizonte.
Então, Seu
Dutra de Andrade,
não por acaso José,
o
estancieiro curado
passou a ter
grande fé.
E fez nascer
a igreja
que não é só
mais um prédio
pois nela
ainda jorra a água
que pro homem foi remédio.
A cacimba é
bem tampada
e é
construção mui bela.
Não carece
de fineza,
sua beleza é
singela.
A senhora da
faxina
diz que
muitos bebem dela,
basta apenas
pressionar
em uma tecla amarela.
Me despeço
sem beber
por falta de
recipiente
mas contemplo
a transparência
daquela água
corrente
que ensopa o
piso da área
onde viceja
um jardim,
queria que
aquela água
corresse dentro de mim.
Em outra vez
que eu voltar,
faça calor,
faça frio,
chegarei na
velha igreja
com um
vasilhame vazio.
Vou beber
solenemente
pra depois
sair dali
rezando -
dentro da mente -
pelo saudoso Delci.
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(*) Advogado, Locutor e Operador de Som na Rádio Nativa FM de Piratini