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Algumas imagens da exposição |
O cultivo do
arroz em São Gabriel em 1930 na visão de Izaias Evangelho
Acervo da Sra. Eulália
Salgado Leitão
A exposição será inaugurada dia 17 de abril no Museu Nossa Senhora do Rosário Bom Fim
Por Gerson Luis
Barreto de Oliveira (*)
Admirar o acervo
da Sra. Eulália Salgado Leitão é saber da importância de preservar a memória,
contribuir para o futuro mostrando às futuras gerações como foi a gênese de
toda a atividade, das mais comuns e mundanas até os grandes atos que regem uma
nação.
D. Eulália além
de admirável ser humano era uma filha carinhosa que cuidou do álbum do pai,
Nabor Salgado. Ele, um visionário, quis registrar a incipiente modernização do
cultivo do arroz através das lentes do fotógrafo Izaias da Silveira Evangelho,
na então moderníssima Fazenda do Campestre, aqui no município de São Gabriel.
O Rio Grande o
Sul até meados da segunda década do século anterior sabia produzir um único
produto, o charque.
Estado
conflagrado por guerras e revoluções foi pacificado pelo Acordo de Pedras Altas,
firmado após a Revolução de 1923, entre Borges de Medeiros, e o gabrielense
Joaquim Francisco de Assis Brasil, no castelo de sua propriedade na localidade
de Pedras Altas.
Borges de
Medeiros ficava impossibilitado de se reeleger, e na eleição seguinte ( 1928 )
surgia a figura de Getúlio Vargas, eleito com praticamente totalidade dos votos
do Rio Grande.
Já era um homem
de visão diferenciada frente ao mundo que se modificava cada vez mais rápido, procurou
implementar novas fontes de produção no estado, como o arroz e trigo, trouxe
técnicos para alavancar a produção, tudo isto enquanto planejava se candidatar
à Presidência da República, nas eleições que seriam em 1930.
A São Gabriel da
época tinha uma pujança invejável, alguns proprietários rurais seguiram o
exemplo de Nabor Salgado trazendo o milenar cultivo do arroz para que este se
tornasse o principal pilar da nossa economia, gerando trabalho e renda.
Histórico:
A visão
comumente aceita é que o arroz foi cultivado primeiro na região do vale do Rio
Yangtzé na China. Em 2011, um trabalho conjunto da Universidade de Stanford, da
Universidade de Nova York, da Universidade Washington em St. Louis e da Purdue
University forneceu a evidência mais forte de que existe apenas uma única
origem de arroz cultivado, a do Vale do Yangtzé.
A produção de arroz em Portugal começou a ser
documentada nos primeiros anos do século XVIII. Embora se cultivasse muito
antes nas regiões do Sul e como herança dos Muçulmanos, só a partir desta data
houve registros da presença do cereal nas zonas limítrofes do estuário do Tejo.
Arroz e presunto foram os alimentos que os
portugueses deram aos índios, ao chegarem aqui no ano de 1.500, como informa
Pero Vaz de Caminha em sua famosa carta.
No Brasil, as
notícias sobre cultivo do arroz remontam ao início da colonização, em especial
na Capitania de São Vicente (1530-1540). Mais tarde o produto se espalha por
outras regiões do litoral e, especialmente, no Nordeste brasileiro. Em todos
esses locais, são pequenas lavouras, para subsistência.
Com a abertura
dos portos por D. João VI, em 1808, é que o cereal começou a ser importado para
o país, fazendo sucesso a ponto de modificar os hábitos alimentares da
população da época: o angu e a batata doce, que eram os alimentos mais consumidos
no Brasil, cederam então lugar ao recém-chegado cereal.
Auguste de Saint
Hilaire, em sua viagem realizada nos anos de 1820/21 ao Rio Grande do Sul,
atual estado maior produtor de arroz, já fala da ocorrência de lavouras desse
cereal. Vários autores citam os colonos alemães de Santa Cruz do Sul e Taquara
como os introdutores da cultura no estado, sempre em pequenas lavouras, em
estilo colonial.
Em 1904, no
município de Pelotas, surge a primeira lavoura empresarial, já irrigada.
Depois, a cultura chegou a Cachoeira do Sul e, a partir de 1912, teve grande
impulso, graças aos locomóveis, veículos movidos a vapor produzido pela queima
da lenha. Os locomóveis acionavam bombas de irrigação, o que facilitava a
inundação das lavouras de arroz.
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Gerson Luis
Barreto de Oliveira
Associação
Amigos do Museu N.S. Rosário Bom Fim