Foto Marcelo S Vaz |
O amolador de facas
Hoje vi um amolador
de facas. Há quanto tempo não via um? Nem lembro. Eles andavam pelas ruas,
faziam soar um apito caraterístico, parecido com o som de uma gaitinha de boca, e
podiam ser localizados ainda bem longe, a duas ou três quadras. As donas
de casa levavam até eles as facas cegas, os cutelos, as tesouras rombudas... e
tudo ficava novinho em folha. Era possível cortar uma folha de papel no ar com uma faca
bem afiada.
Recordo com precisão que eles costumavam experimentar o resultado
do trabalho na polpa do dedo polegar... dava um frio na espinha só de olhar. Depois eles
deram lugar aos ambulantes, que vendiam aparelhinhos milagrosos que “devolviam
a visão” a qualquer faca velha. Vieram as famosas facas Guinzo, que cortavam
uma lata ao meio e não perdiam o fio, e vieram, também, as “carnes de primeira”,
os frangos de granja e as facas amoladas perderam o sentido...
Hoje, quando vi
o amolador perto da minha casa, pensei em mandar afiar alguma faca, uma tesoura,
não que precisassem de fio, mas para proporcionar àquele velho amolador o
prazer de exercer a sua velha profissão. Quando sai à rua não mais o vi,
tampouco escutei o seu apito caraterístico que indicasse a sua direção. Não
tive o prazer de conversar com ele, saber alguma coisa sobre o seu equipamento
de amolar, esticar uma boa conversa sobre essa atividade em extinção.
Se não
fosse pela fotografia poderia pensar que foi uma visão do passado, uma imagem antiga
que voltou à mente... Foi-se o amolador e ficaram as facas sem fio e inúteis,
pois o bife já vem cortado, o frango se desmancha na panela e “a faca que corta
e dá talho sem dor” ficou só na velha cantiga de fazer criança dormir.
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6 comentários:
Pois é caro amigo,Vaz tem sons que ficam lá no fundo de nossa alma, inesquecíveis.
Aqui apareceu um rapaz que amolava, fui correndo ver quem estava fazendo aquele antigo som quanto tempo não escutava,fui saber porque estava retornando um costume tão antigo ai um senhor de uns 40 e poucos anos contou-me que ficou desempregado e como esta idade já é difícil encontrar um novo emprego lembrou que seu pai havia deixado sua máquina de amolar no galpão e estava fazendo disso sua nova profissão,ás vezes ele passa aqui...também junto alguma faca ou tesoura para ver ele afiar e matar um pouco da saudades dos tempos de Bagé...
Um abraço,
Rosangela Rosa Herrmann.
Tchêêê Vaz, aqui em Curitiba também tem dessas coisas, e mais ou menos um mês atraz, tinha um guapo desses afiando umas facas aqui perto da lan house, aqui eles usam uma flauta magica daquelas de plástico. Um baita abraço indio velho.
Pois Rosângela, eu vou achar esse amolador para conversar com ele. Outro dia passei por um que tinha uma "carrocinha" toda incrementada, sem aquela roda enorme, e com esmeril elétrico... não tinha muita graça. Era, se não me falha a memória, um "paisano" que afiava até navalhas.
Pois tu sabes, Gerson, que eu procuro o nome correto dessa "flauta de Pan" e não acho... mas em loja de tralhas para festas de aniversário de crianças tem muito disso. Fotografa um e manda... A Rosângela também pode fotografar o de São Paulo... vamos resgatar os velhos afiadores.
Tá bueno, vamos ver o que consigo.
Faz algum tempo passou um aqui perto de casa. Levei uma faca para ele amolar, só pra relembrar como era... o serviço custou "uma facada"! O sujeito fez o famigerado teste do fio depilando parte do braço.
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