Detalhe
do prato pertencente a Dom Diogo
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Museus de Bagé e o trabalho pela memória
Elaine
Tonini Bastianello
Ana Lúcia
Quadros
De acordo com os Estatutos do ICOM – International Council of Museums
(2007), um museu é uma instituição sem fins lucrativos, permanente a serviço da
sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva,
pesquisa, comunica e exibe o patrimônio tangível e intangível da humanidade e
do seu meio ambiente para fins de ensino, estudo e diversão. Nesse sentido, os
museus de Bagé vêm, ao longo do tempo, desempenhando essas funções na comunidade. São museus ligados à Universidade da Região da
Campanha - URCAMP, cuja Instituição mantenedora é a Fundação Áttila Taborda –
FAT, que devem sua criação ao nosso grande historiador Tarcísio Antônio Costa
Taborda.
O Museu
da Gravura Brasileira situado na Rua Coronel Azambuja, esquina com a Avenida
Tupy Silveira, possui um acervo de mais de 1.300 gravuras, entre elas, a
coleção dos artistas do “Grupo de Bagé”, que são uma referência no cenário
artístico do modernismo brasileiro. O prédio do Museu da Gravura Brasileira
está passando por reformas e seu acervo se encontra nas dependências do Museu
Dom Diogo de Souza, onde estão expostas algumas gravuras que foram restauradas
em parceria com o Espaço da Maya e também algumas das recentes doações do Grupo
Mariana Quito da cidade de Santos-SP. Cabe salientar que mesmo fora de sua
casa, este museu continua em atividade, promovendo mostras de seu acervo
através de parcerias com outros espaços expositivos e recebendo importantes
doações de nomes como: Francisco Stockinger, Teresa Poester e Marta Loguércio,
entre outros.
O Museu
D. Diogo de Souza situado no prédio da antiga Beneficência Portuguesa abriga,
além das exposições permanentes em suas amplas salas abertas ao público, a
Fototeca Túlio Lopes, que guarda aproximadamente 30.000 fotografias que são
testemunhos visuais do passado, o Arquivo Jorge Reis, composto de valiosos
exemplares de jornais e documentos importantes para a história da cidade e
também sua Reserva Técnica, onde estão acondicionados os demais objetos, que no
momento não estão sendo expostos, mas foram doados pela comunidade e fazem
parte desse importante acervo. Cabe ressaltar que a reserva técnica é tão
importante quanto o que está exposto e exige os mesmos cuidados e atenção.
Muitas são as necessidades dos museus e poucos são os recursos
disponíveis para que estes cumpram seu papel social de adquirir, conservar,
pesquisar, comunicar e exibir seu acervo de forma atraente e significativa para
a comunidade. Nesse contexto, as parcerias comunitárias se fazem necessárias e
as Associações de Amigos são uma das alternativas que os museus encontram para
solucionar as dificuldades econômicas e organizacionais. Através das ações
dessas entidades comunitárias, dos recursos arrecadados aos associados e
parceiros, muito se pode fazer no sentido de melhorar a qualidade dos serviços
culturais e educativo nos museus.
A
Associação Amigos dos Museus de Bagé (AAMB) foi fundada no mês de maio de 1979,
nas dependências do Museu Dom Diogo de Souza por iniciativa do Dr. Tarcísio
Antônio Costa Taborda com a finalidade de ser parceira nas atividades dos
museus. A AAMB é uma entidade civil, sem fins lucrativos que tem por objetivo
contribuir junto à instituição mantenedora, para a manutenção e salvaguarda dos
acervos dos museus desta cidade. Apoiar e incentivar as atividades dos museus
tem sido o trabalho dessa entidade que teve como primeiro presidente o Sr.
Manoel Piragibe Teixeira, e no decorrer dos anos, contou com a dedicação várias
pessoas da comunidade como: Lia Sarmento, Rafaela Ribas, Benjamim Vaz da Silva,
José Tiarajú Taborda e Claudio Falcão, entre outros. Atualmente Elaine Tonini
Bastianello, Adauto Simões Pires e Ana Lúcia Quadros buscam atrair na
comunidade, novos sócios para ampliar esse importante trabalho junto aos
museus. A Comissão Gestora dos museus da FAT, formada por Maria Luiza Pegas e
Cármen Lúcia Barros, também busca, através de ações que estimulem o público a
frequentar os museus, dialogar com a comunidade e, com isso, despertar o
sentimento de pertencimento, fazendo com que esta se reconheça na instituição e
se conscientize da importância do museu na sociedade.
Elaine
Tonini Bastianello recebendo o prato com brasão de Dom Diogo das mãos de
Martini.
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Através
da AAMB, o acervo do Museu Dom Diogo recebeu
recentemente uma significativa doação de um prato raso de porcelana brasonado
da Companhia das Índias que pertenceu a Dom Diogo de Souza, fundador da cidade
de Bagé. Foi o Sr. Delson Martini, proprietário do Comércio Martini e
Antiguidades, localizado na Avenida Mostardeiro, número 120, de Porto Alegre,
que gentilmente doou esse importante artefato com as iniciais do D. Diogo de
Souza. Segundo Martini, essa peça foi encomendada pelo próprio Dom Diogo para
presentear uma sobrinha na época de seu regresso a Portugal. A aquisição desse
singelo prato para o acervo do Museu significa um resgate da memória da
história da fundação da cidade, pois o mesmo é o único exemplar pertencente a
Dom Diogo neste acervo. Outros pratos brasonados fazem parte do acervo deste
museu, porém essa peça é especial por ser contemporânea a Dom Diogo de Souza.
O
museu é uma instituição essencialmente de memória, responsável pela promoção do
patrimônio e pela sua difusão entre os cidadãos. A comunidade em geral e as
escolas são agentes no processo de valorização e preservação do nosso
patrimônio. Nesse contexto fica o convite a toda comunidade para visitar o
Museu e conhecer o prato com brasão de Dom Diogo de Souza. Aos interessados em
fazer parte da Associação Amigos dos Museus de Bagé e apoiar as iniciativas
culturais dessas instituições, as fichas de inscrição estão disponíveis na Casa
de Cultura Pedro Wayne ou no próprio Museu Dom Diogo. Os museus de Bagé
precisam do apoio de todos nessa luta pela preservação da memória, do
patrimônio e da identidade.
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Profª Ms Elaine Tonini Bastianello
Profª Ms Ana Lúcia Quadros
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