Foto LC Vaz |
Os Miseráveis (*)
Sergio Vaz
Vitor nasceu no jardim das margaridas
Erva-daninha nunca teve primavera
Cresceu sem pai sem mãe sem norte sem seta
Pés no chão, nunca teve bicicleta
Já Hugo não nasceu, estreou
Pele branquinha, nunca teve inverno
tinha pai, mãe, caderno e fada-madrinha
Vitor virou ladrão
Hugo salafrário
Um roubava por pão
O outro para reforçar o salário
Um usava capuz
O outro gravata
Um roubava na luz
O outro em noite de serenata
Um vivia de cativeiro
O outro de negócio
Um não tinha amigo, parceiro
O outro sócio
Retrato falado Vitor tinha cara na notícia
Enquanto Hugo fazia pose pra revista
O da pólvora apodrece impenitente
O da caneta enriquece impunemente
A um só resta virar crente
O outro é candidato a presidente
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Sergio Vaz é fundador da Cooperifa
(*) Do livro "Colecionador de pedras", Global Editora
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Um comentário:
Muito bem colocada a poesia, na verdade matou a pau.
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