Arthur, como 2014, inicia sua corrida. Foto LC Vaz |
Quarta-Feira, 1º de Janeiro de
2014...
J.J. Oliveira Gonçalves
E agora?
O novo ano já tem uma manhã escassa
de idade. Ou quase a metade do dia. É, ainda, um bebê. Todavia, esse bebê
cresce, se desenvolve e anda rápido. Quando vemos, é um menino. Em seguida, um
adolescente. Chega à idade adulta com a sofreguidão boba e cega dos jovens que
querem se tornar, precocemente, adultos. E, assim, dessa forma impensada e
equivocada, o ano - tal qual os jovens - vai envelhecendo na Linha Imaginária
do Tempo. Quando se dá de conta, já é tarde. Muito tarde. Então, velho, olha
para trás e lhe restam as lembranças... As belas ele as quer eternizar nas
lágrimas suspirosas de Saudade... As ruins? Ah, quisera bani-las - para sempre
- de suas retinas acinzentadas e exaustas... Mas, agora, é tarde - e Inês é
morta. O ano, que também foi novo, foi bebê, tem que ir embora. É a sua Hora.
Assim, como tem que ir-se tudo o que, um dia, nasceu. Esta realidade é a
irreversível verdade das Chegadas e Partidas...
Assim, o calendário marca o final de
ano. E aponta para o começo de outro. O que era velho já não serve mais.
Tornou-se obsoleto. Se deteriorou pela própria Andança. Na ânsia de agradar a
uns. Tentar agradar a outros. Reconhecendo que, à maioria, lhes deixou apenas a
Esperança, numa doída expectativa de que o ano que se projeta, ofereça a
Colheita de Sonhos e Ilusões que ficaram apenas em Ilusões e Sonhos... E,
assim, vai-se o ano velho. Um velho em suas vestes de fantasma, com a falência
generalizada de seus órgãos... Triste e já esquecido moribundo!
Nasci homem-comum. Lá na "Rainha
da Fronteira" - Bagé, lindeiro com o Uruguai. Lá, Também, por obra do
Destino e a mando de Deus - que ordenou a Orpheu - nasci poeta. Um poeta - como
até já escrevi um poeminha, faz muito tempo - sem rosto. Hoje, alguns veem meu
rosto. Porque me enxergam com os olhos do coração. E com os sentires d'Alma.
Por isso mesmo, se já não sou um poeta sem rosto, a metade de minha face
permanece coberta, desconhecida. Quem sabe, porque a Lua é minha Madrinha
Etérea, esta metade permaneça encoberta até o último dia de minha vida. Pois,
nos ensina o sábio Saint-Exupéry - em "O Pequeno Príncipe" - que, há
momentos em nossa vida que só enxergamos com os olhos do coração... Que Metáfora
feliz! Não é mesmo uma Pérola da Alma? Um Voo Luminoso do Espírito??
Bem... O novo ano, aí, está. O que
fará conosco? O que faremos dele? O que nos trará, no futurista Enigma de seus
365 dias? Mãe-Natureza será enxergada pelos poderosos, arrogantes e insensíveis
"donos do mundo"?? E haverá alguma demonstração - pelos que, ainda,
não só se acreditam mas se julgam "sapiens" - de humanidade pelos
inocentes e desprotegidos manos animais?? Perguntas. Indagações muitas. E
muitas, ainda, poderia fazer. Mas, para quê? Essa duas já me bastam. Ah, quem
sabe, esses "mais iguais" perante os povos - e à vista de Deus! -
ouvissem "O Pequeno Príncipe"... Então, (numa espécie de Milagre!),
arrependidos e envergonhados de si mesmos, enxergassem o Criador e Lhe dessem a
alegria de, finalmente, encarnarem verdadeiramente Sua Obra-Prima... Ah, ser o
homem Sua Obra-Prima, creio que foi, (não sei se ainda o é!), o Sonho-Maior, o
Devaneio mais bonito e a Utopia Eterna de Deus!!
Bem-Vindo, 2014! Te recebo como sou.
Como é meu verso. Minha rima. Minha palavra. Exatamente como é este modesto
perceber da vida. E são meus latentes Sentires d'Alma, do coração, do Espírito!
Se são doídos? São. Muitas vezes. Pois, compreendo que foi neste formato que o
próprio Deus me mandou aqui, peregrinar. São Francisco de Assis gravou um lema
em meu peito: "Paz e Bem". Dele não esqueço, (nunca!), pois sempre
ouço o que me falam as batidas, (já cansadas!), do coração. Sei: sou um
camarada que abriga outro cara que se chama poeta. E tenho que aturá-lo 24 horas
por dia. Quem sabe, mais... Pois, é, 2014... Esta é uma crônica intimista.
(Talvez, docemente invasiva!) Um monólogo. Uma Metáfora da Vida. (Da minha!)
Então, a fecho, te afirmando, tranquilamente: és um bebê. Eu, por minha vez,
vês que já sou feito o irmão Sol - navegando no Ocaso silencioso do
entardecer...
Porto Alegre, 1º de Janeiro - Dia da
Confraternização Universal/2013. 13h - ha
jjotapoesia@gmail.com -
www.cappaz.com.br
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Um comentário:
Pois, Vaz...
Aqui, chego, nestas primeiras horinhas desta manhã de sábado, para agradecer-te e dizer do meu contentamento em ver, mais uma vez, um texto meu divulgado pelo nosso "Velha Guarda do Estadual".
E é um contentamento especial vê-lo ilustrado, assim, com essa imagem bucólica e colorida que me leva à infância, lá, em nossa sempre Bagé! Sinto-me feliz com essa tua foto em que o menininho Arthur faz companhia às trilhas silenciosas, (ou ruidosas?), destas letras... Ele que me parece um maratonista ziguezagueando esse filete de água - azul - que serpenteia o verde do campo, sob o azul do céu... A foto não somente me remete à infância, mas traz movimento e liberdade à imaginação - e se faz a própria Metáfora das palavras que, aí, escrevo. Com certeza, Vaz, ao escolheres a foto do Arthur para ilustrares a crônica, fizeste o casamento perfeito texto-imagem, e vice-versa.
Ao pequeno Arthur, resta-me dizer: "Muito obrigado, menininho, pela companhia de teus passos e pela beleza de tua inocência, no curso destas palavras que nasceram do coração!"
Com meu abraço franciscano!
JJ.
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