Fotógrafos
Marcelo Soares, Luciano Piltcher, Luiz Carlos Vaz,
Alfonso Montone e Paulo
Krebs, em foto de Vera Garcia.
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Exposição do
grupo “Foto Comentário”
Por Carlos Cogoy - do Diário da Manhã (*)
Quinze
fotografias na exposição “Em torno do Central Café”. Trata-se de imagens que
mostram o café, o Mercado e arredores. A autoria é do grupo “Foto Comentário”,
que semanalmente reúne-se no Central Café para, informalmente, trocar ideias,
dicas e experiências acerca da fotografia. A mostra, além de comemorar o
aniversário do espaço coordenado pelo Joaquim Lasso, também celebra o primeiro
ano do “Foto Comentário”. No grupo, jornalista Luiz Carlos Vaz, médicos Marcelo
Soares e Luciano Piltcher, representante comercial Alfonso Montone e professor
Paulo Krebs (UFPel). Na mostra, cada autor participa com três imagens.
Visitação até dia 5 durante horário comercial.
FOTOGRAFAR –
Mostra terá imagens coloridas e também em preto-e-branco. Dispondo de câmeras
digitais, o grupo no entanto empenha-se pelo exercício de técnicas que ficaram
consagradas na fotografia analógica. Entre as principais referências e
influências, talentos como Robert Capa e Cartier-Bresson. Mas além da
recorrência aos ícones, o “Foto Comentário” também está atento a tendências que
são divulgadas e debatidas em artigos, revistas e internet. Outra fonte é a
troca de bibliografia, pois tem surgido novos títulos abordando tanto os
aspectos técnicos quanto artísticos da fotografia. Em relação a preferências do
grupo: “No nosso caso, o principal é o momento, a cena que não se repetirá, a
composição inusitada. A busca pela técnica é a tentativa de melhor transmitir o que se está vendo”. A mostra
ainda não abriu, as fotos são inéditas e, mesmo assim, o “Foto Comentário” já
tem recebido convites para itinerância do trabalho. O material não terá
publicação on-line, pois “o nosso objetivo também é chamar as pessoas para a
rua, para a convivência real, para uma boa conversa à mesa de um café”, dizem
os fotógrafos. Acerca da sequência ao desafio coletivo por novas imagens, a
perspectiva é de captar tema em comum. Integrantes acrescentam: “Uma das
atividades do grupo é fazer ‘passeios fotográficos’, onde um tema sempre acaba
predominando”.
Música tem sido frequente na nova fase do Mercado, foto de Alfonso Montone |
ORIGEM do Foto
Comentário ocorreu em 2013. Luiz Carlos Vaz divulga: “O nosso encontro aconteceu após uma
exposição do Marcelo Soares no Espaço Chico Madrid. Marcelo sugeriu ao dr.
Devens que eu palestrasse sobre ‘Fotografia de rua’. Então nos encontramos pela
primeira vez: eu, Marcelo, Luciano e Krebs. Daí o Luciano sugeriu que nos
encontrássemos mais vezes. A ideia era a continuidade ao diálogo sobre a
fotografia. Inicialmente, no Facebook foi criado o Foto Comentário. Já o
Alfonso, chegou pouco tempo depois. E, embora não estejam com fotos na mostra,
também participam das reuniões o Fábio Caetano, Paulo Baptista e Luis Carapeto.
Não há nenhum profissional no grupo. Todos tem na fotografia um prazer, uma forma
de ver e mostrar o cotidiano das ruas através de olhar próprio”.
CAFÉ – Os
encontros virtuais tornaram-se reais. “O grupo foi acolhido com muita empatia e
simpatia pelo Joaquim Lasso, proprietário do Central Café. Assim, nos encontros semanais, além de
conversar também fotografávamos. Com isso, homenageando o espaço, reunimos
fotos feitas no local. O café, além de abrigar o nosso grupo, também acolhe os
músicos do chorinho aos sábados. Em um ano está identificado com o público que
procurava um ‘típico ambiente de café’ em Pelotas”, mencionam os integrantes da
mostra fotográfica.
Detalhe do
interior do Mercado na foto de Luiz Carlos Vaz
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IMAGENS em
profusão, numa saturação fotografias captadas em diferentes suportes. A
tecnologia e a fotografia também é reflexão do grupo, que divulga: “Se faz
‘fotografia’ com tudo, com celular, com laptops, I-phones… Como um gesto
automático, Se fotografa a comida antes de comer, se faz selfie em velório com
o morto… não há mais a preocupação de fazer uma imagem ‘para ficar’, fotografar
passou a ser uma ação sem responsabilidade estética – e ética também. A grande
pergunta é: o que vai sobrar disso tudo que se fotografa hoje? O Vaz, que
desenvolve atividade de pesquisa em fotografia, arquivos fotográficos e memória
social, sempre afirma que ‘teremos – pelo menos – uma década sem memória, pois,
muito pouco do que se fotografa hoje, vai ficar ‘salvo’ em papel ou em mídias
confiáveis. No futuro mais de 99% do que se fotografa hoje, não sobreviverá nos
HDs, pen-drives e CDs. Não teremos mais nesse futuro as ‘caixas de
fotografias’, como as que ainda possuímos, e que guardam imagens quase
centenárias de nossas famílias. No entanto esta democratização não deve ser
vista como algo negativo ou que apenas vulgariza a arte. Fotografia é registro,
é memória, forma de expressão e, às vezes até arte, de qualquer forma o
interesse pela fotografia em geral pode sim estimular talentos que de alguma
forma vão se destacar em meio a toda vulgarização da imagem”.
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(*) Publicado no Diário da Manhã - Pelotas
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