21 de dezembro de 2014

Pequeno poema




Klimt, Mãe e Filho


Pequeno poema


Sebastião da Gama (*)




Quando eu nasci, ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,

nem o Sol escureceu, nem houve Estrelas a mais...

Somente, esquecida das dores, a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci, não houve nada de novo senão eu.

As nuvens não se espantaram, não enlouqueceu ninguém...

P'ra que o dia fosse enorme,

bastava toda a ternura que olhava nos olhos de minha Mãe...


Publicado em O cheiro da ilha

(*) Poeta e professor e  português - 1924-1952 
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