A nova Edição Hetzel, impressa na Espanha |
Minha Ilha Misteriosa
Luiz Carlos Vaz (*)
Os obstáculos
existem para serem vencidos;
quanto aos
perigos,
quem pode se
orgulhar de fugir deles?
Tudo é perigo na
vida.
Jules Gabriel Verne
Jules Gabriel Verne é o meu guru! Não adianta
procurar na memória nomes de parentes, professores, políticos, cientistas...
não adianta. Jules ganhou meu coração, minha mente e minha imaginação quando eu
tinha só dez anos de idade. Aquele homem nascido em Nantes, 123 anos antes de
mim, transformou minha vida do guri simples, lá da Hulha Negra e, certamente,
de outros milhões de outros jovens pelo mundo e pelo tempo afora.
Ter lido A volta ao mundo em 80 dias, e depois
assistido no Cine Avenida o filme com James David Graham Niven e Fortino Mario
Alfonso Moreno Reyes - o Cantinflas, vivendo os papéis de Mr. Phileas Fogg e
Jean Passepartout, sacramentou minha condição de dependência literária ao
escritor Júlio Verne, como traduzimos seu nome por aqui.
Ele, e mais dois ou três autores, são os que
recomendei sempre aos meus filhos e a qualquer jovem que demonstre interesse
pela leitura dos clássicos juvenis. Além de A volta ao mundo..., Vinte Mil
Léguas Submarinas, A ilha misteriosa, Viagem ao centro da terra e outras tantas
das suas 51 aventuras, deveriam ser, ainda hoje, 156 anos depois da publicação
de sua primeiro livro - Cinco semanas em um balão, em 1863 - leitura obrigatória para todas as crianças
que desejam sonhar, imaginar e despertar a criatividade.
Júlio Verne antecipou a maioria dos “inventos
modernos” e as possíveis e impossíveis conquistas científicas da humanidade um
século antes. Para nossa sorte, viveu à frente de seu tempo e nos legou uma
vasta obra que encanta ainda hoje a todos que o leem.
Foi ele, de certa forma, que despertou em mim
o gosto por viajar, conhecer o mundo. Já andei por vários lugares... Menos do
que devia, no entanto, mais do que podia...
Não posso descrever a alegria, a satisfação, a
emoção... sei lá que soma de sentimentos foram, quando meu filho, ontem, me
presenteou com uma nova edição de A volta ao mundo em 80 dias, desta vez,
comprada por ele. Sei lá, mas foi um alento nesses dias tão tristes e violentos
em que vivemos. Dias de agressões à Cultura e às Artes em geral. Numa mistura
de Capitão Nemo e William W. Kolderup, me senti forte, rejuvenescido e em
condições de defender “minha ilha misteriosa” dos ataques da ignorância, do
atraso e do obscurantismo que tentam nos tirar a alegria de viver!
Longue vie à Monsieur Jules!
(*) Luiz Carlos Vaz, jornalista e editor do
Blog