Ando assim, meio assim…
Iris Cordeiro (*)
Ando assim, meio assim…
Sem saber se deixo a janela aberta
pro vento entrar ou se prefiro quando a chuva resolve me molhar
Se costuro a renda da minha
calcinha ou deixo pra lá…
Se jogo um pingue-pongue ou vou até
o jardim colher uma flor cor de sangue
Se tomo um café com meia gota de
adoçante ou se bebo um vinho ou um espumante
Ando assim, meio assim…
Sem saber se digo que não ou se
digo que sim
Se ponho pilha no meu despertador
ou vivo a vida plenamente a qualquer hora que for
Se faço mais uma tatuagem, se vou
ao cinema ou se faço uma viagem
Se me lambuzo de sorvete, de calda
de pêssego ou me lambuzo de amor
Ando assim, meio assim…
Sem saber se como um bolo, um
chocolate ou engulo uma flor
Se beijo os teus olhos ou se te protejo
dos temporais
Se trago a lembrança da minha
infância ou se recordo dos meus carnavais
Se converso com o moço da
biblioteca ou com a menina que brinca de boneca
Ando assim, meio assim…
Sem saber se ficou onde estou ou se
corro pra agarrar a felicidade
Se faço versos ou se preparo um
café
Se toco a sineta da satisfação ou
se mergulho numa decepção
Se coloco o meu escapulário ou se
compro uma água de cheiro no boticário
Ando assim, meio assim…
Sem saber nada ou quase nada de
mim.
____________________________________
(*) Iris Cordeiro é médica; escreve crônicas, poesias e desabafos. Publica por enquanto nas redes sociais. Por enquanto...
Um comentário:
Lindíssimo!👏👏👏
Postar um comentário