Quando você vai a um bar, vai para encontrar amigos, relaxar, ouvir histórias, contar histórias e mentir um pouco. Ah... e ouvir mentiras também.
Mas um bar também é
frequentado por gente chata, por "malas", por esquizofrênicos, por
maníacos e por bêbados, é claro. Bêbados existem de vários tipos; isso vocês
sabem de cor, não preciso listar cada um deles. Sobre as bebidas, a variedade, a
qualidade e a temperatura, daria para escrever uma enciclopédia.
Sobre os garçons e os
donos então? Shiii... um tratado. Mas mesmo assim você e eu frequentamos esses
lugares. Afinal, eles são de fácil acesso, perto do trabalhou e do seu endereço,
a uma quadra do ponto do ônibus ou do táxi, onde sempre haverá um motorista para
levá-lo para casa em segurança, sem nem perguntar o endereço, afinal, ele sabe
que você é uma cara correto e, portanto, se beber? Não dirija!
Assim são as chamadas
redes sociais. Um lugar frequentado por pessoas que você não conhece, por algumas
que você pensa que conhece e poucas que você, efetivamente, conhece. Mesmo
quieto na sua mesa - ou “no seu perfil”, você ouve as conversas alheias, sente
o aroma da batatinha com cheddar (que você odeia!), se espanta de ver alguém
colocar um pouco de refri chinelo num vinho caro, e acha desagradável aquela
pessoa que vê no atendente quase um escravo, e reclama, mesmo já com a língua
sem nenhuma sensibilidade, da temperatura do chope...
Mas você continua
frequentando esse bar, digo, essas redes sociais. Tem necessidade de se expressar,
de reclamar, de apontar soluções para todos os problemas, sejam eles dos seus
filhos, do seu time, do seu trabalho, da sua cidade, do seu estado ou do seu país.
Mas na verdade você fala,
como canta no banheiro: em frente ao espelho, para se ouvir, para se convencer,
para reafirmar suas convicções para você mesmo. Não percebe que não há troca de
ideias, e sim, no máximo, uma esgrima de ideias com o seu - ou seus,
companheiros de mesa, que pensam mais ou menos como você, e ao final, cada um
continua com as suas próprias ideias...
Nesse bar chamado rede social,
há muitas mesas, e sobre elas, muitas teses são despejadas, debatidas... nesse
bar você até faz amigos; mas também perde amigos, perde a paciência, perde a
saúde mental e, principalmente, perde seu tempo, que é essa coisa que não
volta!
E quem ganha com isso? O
dono do Bar, você dirá! Não, respondo eu. Quem ganhou, quem ganha e sempre
ganhará com isso, é a multinacional (que você levou horas combatendo...) que
fabrica e distribui o chope que regou as suas três ou quatro horas diárias de
conversa quando você defendeu suas teses, sempre iguais! Chope, aliás, que
agora conterá, graças a Lei aprovada na Assembleia Legislativa, enquanto nós tomávamos todas, todos os venenos que haviam sido
proibidos lá em 1982, no início da redemocratização do Brasil (você já havia nascido
em 1979?) e que agora voltam com todas, digo, com tudo, no malte, na cevada, no
lúpulo, no trigo, no milho, no “arroz com feijão”, na farofa e na carne!
Por isso não estranhe se
o seu garçom - amigo e de confiança, lhe perguntar na hora de anotar o próximo
pedido do seu tira-gosto: Como vai querer seu veneno doutor? Passado, mal
passado ou no ponto?
Ou quem sabe escorrendo sangue?
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(*) Luiz Carlos Vaz é Jornalista, Fotógrafo e Editor deste Blog
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