26 de agosto de 2022

ORDENHA DE SANGUE

                                                                                           Foto Luiz Carlos Vaz

Ângelo Alfonsin (*)

a vida ordinária

ordena

a ordenha diária

sobrevive-se 

das sobras do viver

das dobras dos braços

a carregar nas costas

ossos mais desossados

que o seu

uma fartura de objetos

abjetos

no cardápio comida

para todos os desgostos

mãos tatuadas de fome

recolhem

restos de morte

para sustentar

destroços de vida

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(*) Ângelo é um poeta. Ponto!


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