O professor de desenho, Boaventura Miele da Rosa, que já teve um post dedicado a ele, em "Antigos mestres V", também é lembrado nesta série. Entrou para a galeria dos "Chauffeurs" porque dirigia uma flamante DKV Vemaguete, a camioneta derivada do carro (1). Eram aquelas que abriam a porta ao contrário, como alguns carros europeus, o que fazia o motorista entrar no carro de uma maneira um tanto esquisita, isto é, de costas, e não de lado, como o padrão. Só muito tempo depois a Vemag mudou esse estilo de abrir as portas dos seus carros. A colega Clara Marineli lembra do professor desfilando pela cidade com os filhos, na sua vemaguete azul escuro, levando ou trazendo a turma dos colégios. Quando ia dar aula no Estadual, deixava aquele carrão estacionado na frente do colégio, enquanto, na sala de aula, ia desvendando os mistérios do ponto, da reta e do plano, em seus balés no espaço. O professor Boaventura era muito competente na sua área. Sempre trajando com elegância, terno e gravata borboleta, sua característica, postando-se diante do quadro, munido da batuta de giz colorido e suas réguas, esquadros e compassos, o mestre regia para seus alunos um concerto de traços, curvas, espirais, parábolas e "gregas". Explicava meticulosamente e repetia com paciência, quando havia dúvidas. As suas aulas de "Projeção de um sólido no plano vertical e horizontal" e a operação inversa, que consistia em desenhar o sólido a partir das projeções nos dois planos, foram fundamentais na classificação, para quem fez o último vestibular em que entrou a disciplina desenho, na UFSM, na área das exatas (engenharias, física e matemática). Os seus ensinamentos na arte do desenho ficavam ainda mais fixados, quando precedidos pelas rápidas, virtualmente, aulas de ilusionismo, como foi magicamente descrito pelo Vaz, no post citado anteriormente. Um grande mestre para ser lembrado, um duplo artista, que fazia da sala de aula o seu palco, construindo, ao pé da letra, um ambiente mágico, para encenar para seus alunos, de maneira agradável, os passos da terceira arte.
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(1) Detalhes de física e química para lembrar os bons professores dessa área do nosso Estadual: Os carros da DKV(2) tinham uma característica incomum, o motor "a dois tempos", como o das motos antigas, ao contrário do consagrado "a quatro tempos". A lubrificação era feita pelo óleo que era adicionado na gasolina, na hora do abastecimento. A mistura ar-gasolina, que era sugada para dentro do cilindro, carregava o óleo que lubrificava as paredes internas deste, antes de ser parcialmente queimado junto com o combustível. Daí derivava o problema da carbonização na cabeça dos pistões, principalmente quando se usava um pouco a mais da quantidade recomendada pelo fabricante, para melhorar a lubrificação, o mesmo que acontecia com as motos a dois tempos. O motor tinha um ruído bem característico, "pipocado", como o de uma moto, quando em baixa rotação. Os motores a dois tempos são mais simples, tem menos peças móveis, não tem válvulas de admissão e escapamento e comando de válvulas, entre outros componentes, datalhes que faziam eles mais competitivos para potências pequena e média (moto e carro), porque custavam menos. São mais poluentes, pois a combustão é muito mais incompleta e ainda queimam o óleo misturado na gasolina. Mas, com o advento de motores a quatro tempos mais econômicos, com ignição e injeção eletrônicas e o encarecimento dos combustíveis, eles perderam lugar no mercado. Hoje, o seu uso é restrito, como em motosserras, bombas para água, cortadores de grama, minimotores para aeromodelismo, entre outros usos.
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Enviado pelo colega
Hamilton Caio
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(2) DKW significava inicialmente Dampf-Kraft-Wagen, "carro de força a vapor", pois os primeiros produtos da empresa foram pequenos motores a vapor. Quando a empresa começou a fabricar os motores "dois tempos" movidos a gasolina os pequenos motores foram adptados para carros de brinquedo que passaram a ser chamados de Des Knaben Wunsch, "o desejo dos meninos". Tempos depois outra versão desses motores foi adaptada para motocicletas com a denominação Das Kleine Wunder, "a pequena maravilha". Esta denominação permaneceu e constou de vários textos promocionais da marca por todo o mundo.
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(1) Detalhes de física e química para lembrar os bons professores dessa área do nosso Estadual: Os carros da DKV(2) tinham uma característica incomum, o motor "a dois tempos", como o das motos antigas, ao contrário do consagrado "a quatro tempos". A lubrificação era feita pelo óleo que era adicionado na gasolina, na hora do abastecimento. A mistura ar-gasolina, que era sugada para dentro do cilindro, carregava o óleo que lubrificava as paredes internas deste, antes de ser parcialmente queimado junto com o combustível. Daí derivava o problema da carbonização na cabeça dos pistões, principalmente quando se usava um pouco a mais da quantidade recomendada pelo fabricante, para melhorar a lubrificação, o mesmo que acontecia com as motos a dois tempos. O motor tinha um ruído bem característico, "pipocado", como o de uma moto, quando em baixa rotação. Os motores a dois tempos são mais simples, tem menos peças móveis, não tem válvulas de admissão e escapamento e comando de válvulas, entre outros componentes, datalhes que faziam eles mais competitivos para potências pequena e média (moto e carro), porque custavam menos. São mais poluentes, pois a combustão é muito mais incompleta e ainda queimam o óleo misturado na gasolina. Mas, com o advento de motores a quatro tempos mais econômicos, com ignição e injeção eletrônicas e o encarecimento dos combustíveis, eles perderam lugar no mercado. Hoje, o seu uso é restrito, como em motosserras, bombas para água, cortadores de grama, minimotores para aeromodelismo, entre outros usos.
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Enviado pelo colega
Hamilton Caio
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(2) DKW significava inicialmente Dampf-Kraft-Wagen, "carro de força a vapor", pois os primeiros produtos da empresa foram pequenos motores a vapor. Quando a empresa começou a fabricar os motores "dois tempos" movidos a gasolina os pequenos motores foram adptados para carros de brinquedo que passaram a ser chamados de Des Knaben Wunsch, "o desejo dos meninos". Tempos depois outra versão desses motores foi adaptada para motocicletas com a denominação Das Kleine Wunder, "a pequena maravilha". Esta denominação permaneceu e constou de vários textos promocionais da marca por todo o mundo.
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5 comentários:
Hamilton Caio
muito bom, gostei da relação
Estadual/professor Boaventura/Vemaguete.
É a nossa história sendo relembrada e contada
ao mundo.
Grande abraço
O Boaventura foi o melhor professor de DESENHO que eu tive, ele era um craque.
Prezado Manoel Ianzer
Precisamente falado. Nossa história relembrada e contada ao mundo, pois se não a registrarmos, desaparece. Os relatos que ficam só na tradição oral vão se distorcendo até que somem por completo. Essa ferramenta da web nos permite compor esse mosaico de pequenas histórias do Estadual, o que resultará num verdadeiro histórico do nosso colégio, como nunca antes registrado e documentado. E qualquer pessoa no último rincão do mundo pode ler nossas histórias.
Prezado Miro
Realmente, o prof Boaventura foi um craque. Ele cativava seus alunos com aquele olhar de "Mandrake", de repente poderia sair uma curva ou um coelho, no giro de suas mãos no quadro, fazendo a turma ficar atenta na aula. Como já falamos, quem precisou de desenho no vestibular levou grande vantagem com seus ensinamentos. A propósito, Miro, é um ótimo exercício para o cérebro fazer aquelas projeções no plano horizontal e vertical e depois o inverso, talvez mais interessante, compor o objeto a partir de suas projeções. Não precisa ter pendor para desenho. É só conseguir um livro de desenho e começar.
Caro Hamilton
Além do olhar de "Mandrake", ele tinha a postura do "mandrake", lembras?
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