7 de janeiro de 2011

Don José Guasque, um farroupilha esquecido

Elma Sant’Ana diz que seu livro é apenas o começo do resgate de Don José Guasque
Foto de João Mattos/JC 
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Don José Guasque, um farroupilha esquecido

Brigida Sofia

"Bento Gonçalves, David Canabarro, Giuseppe e Anita Garibaldi são nomes conhecidos por praticamente todos os gaúchos. Mas a Revolução Farroupilha (1835-1845) tem outros personagens que tiveram um papel importante e que acabaram deixados em segundo plano com o passar dos anos. Essas vidas podem ser resgatadas da maneira mais improvável, como que por uma curiosidade genealógica, por exemplo. Foi o que aconteceu com Don José Guasque, um espanhol que participou do movimento e conquistou a simpatia e a antipatia de líderes farrapos.
A escritora Elma Sant’Ana, que tem vasta bibliografia sobre a história gaúcha - e uma predileção por Garibaldi -, deu início a um processo de recuperação de Don José Guasque por um desejo de descendentes que vivem no Brasil e no exterior que queriam descobrir a origem de seu sobrenome. “Eles se concentraram no resgate genealógico e eu no histórico, o que foi muito importante. Fui isenta, pois não sou parente”, diz Elma. O trabalho resultou na obra Don José Guasque: da Espanha dos Bourbon ao Brasil Imperial e República Farroupilha (Ed. Alcance, 2010, 221 págs., R$ 40,00) que agradou até a rainha da Espanha, Sofía.
Elma explica que Guasque recebeu pouco destaque nos livros de história e, quando isso aconteceu, foi de maneira negativa em função de uma correspondência de David Canabarro que acabou interceptada. “Muitos autores citam a carta de David Canabarro reclamando de Guasque. Isso acabou desfavorecendo e de certa forma anulando a participação dele, um homem preparado, que integrou o Exército Imperial e depois participou da Revolução Farroupilha. Guasque, que era engenheiro e jornalista, era muito inteligente. Naquela época, projetou um sistema de saneamento para o Rio de Janeiro e viajou para vários países”, comenta.
Para Elma, os desgastes do dia a dia em um período em que os líderes revolucionários já estavam se desentendendo levaram à antipatia por parte de Canabarro e Luigi Rosseti. “Por outro lado, Guasque tinha o respeito de Bento Gonçalves, de Domingos José de Almeida e do General Neto. Além disso, se ele incomodava Canabarro a ponto de ser citado em uma correspondência é porque também era importante para ele. Ninguém fala de uma pessoa que não tem importância alguma”, avalia.
O fato de ser estrangeiro também pode ter influenciado no desgaste com alguns colegas de luta, pois apesar da importância de Garibaldi, a Revolução Farroupilha era comandada por personagens locais. “Os estrangeiros tinham uma visão diferente, pois tinham visto de fato a situação dos movimentos revolucionários na Europa e vindo para cá por questões políticas. Eles tinham ideias mais abrangentes”, explica Elma. Para a autora, Guasque queria ser um embaixador da Revolução. Em cartas trocadas com Domingos José de Almeida, há sinais de que ele pensava oferecer seus contatos maçônicos na Europa e nos Estados Unidos para buscar financiamentos para a República Riograndense.  
Na biblioteca da Rainha
Don José Guasque: da Espanha dos Bourbon ao Brasil Imperial e República Farroupilha está na biblioteca da rainha Sofía, da Espanha, no Palácio de la Zarzuela. O livro foi enviado em outubro por um dos descendentes de Guasque, Gerson Luis Barreto de Oliveira (ele não usa o sobrenome porque a ascendência é materna), que vive em São Gabriel. O secretário pessoal da rainha, José Cabrera García, enviou um documento oficial em dezembro dizendo, entre outras coisas, que sentiu-se satisfeito em receber a amável carta, destacando a gentileza do envio de um exemplar autografado da obra. Segundo García, a rainha Sofía agradeceu imensamente a publicação e disse que terá muito prazer em mantê-la em sua biblioteca."
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Matéria publicada no Jornal do Comércio
Link enviado pelo colega
Gerson Luis Barreto de Oliveira
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