19 de fevereiro de 2020

A Caixa de Sapatos da Vovó, o retorno

O santinho, a capa do jornal e a tabela com o resultado


A Caixa de Sapatos da Vovó, o retorno

Luiz Carlos Vaz (*)

Tá certo, nem foram muitas horas de chuva. Aliás, nem deu tempo de pedir para a Terezinha fazer os tais bolinhos; mas uma coisa é certa: em dias de chuva a tradição manda remexer na Caixa de Retratos, costume que herdei de minha Mãe. Hoje, claro, se mexe no HD, na lixeira do celular... mas como tenho muitas prateleiras com livros cheios de coisas escritas, e vários aguardam um momento de tomar posse em algum canto da estante, resolvi abrir umas caixas e tirar uns desses livros do limbo, e deixá-los gozar do privilégio de serem vistos ao lado de grandes nomes da literatura, de gente que escreveu um monte de coisas. 

De repente, salta de um envelope já meio atingido pelo mal da cidade um exemplar do Informativo Asufpel... e quem está na capa? Euzinho! Tá certo, bem embaixo, meio escamoteado, quase caindo fora da página... mas o resultado era impossível de esconder. Eu fui o MAIS VOTADO para as eleições da primeira CPPTA (Comissão Permanente do Pessoal Técnico Administrativo) da UFPel.
Sem "verba para campanha", fiz um santinho com minha caricatura, que eu mesmo desenhei, ao microfone, como se estivesse no ginásio do Paulista Futebol Clube. Nessa oportunidade, na Assembleia que decidiria a continuidade da greve, um colega havia subido à tribuna livre e nos afrontado dizendo: "Sabem o que é isto aqui? É minha medalha do mérito administrativo, e eu sou contra essa greve etc etc". 

Deixei passar os gritos que o saudavam efusivamente de "pelego! pelego!", subi à tribuna (no caminho que me levava ao palco pedi um contracheque emprestado, aquele antigo, que era quadradinho, de cor azul, ao colega Fernando Falcão), fiz meu pronunciamento contundente e provoquei a multidão puxando o contracheque do bolso: "Vocês sabem o que é isso aqui: É o nosso contracheque, corroído pela inflação que neste último ano já é de 137,33% ... etc, etc e mais etc. Claro, eu tinha que ser o mais votado na eleição que seria um ou dois meses depois.

Eu dissera a Verdade, somente a Verdade, nada mais do que a Verdade. E eu nunca fui pelego!
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(*) Luiz Carlos Vaz é jornalista, fotógrafo (caricaturista, kkk) fotógrafo e editor do Blog

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