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Diário da Pandemia - especial de Natal, 281º dia
Fabio Schaffner
24 de dezembro e nós aqui,
confinados. Todo mundo sabia que havia riscos de uma segunda onda, mas ninguém
imaginava celebrar o Natal por videoconferência. Antes, a piada era que a
família se emperiquitava para ficar na sala. Agora, o cara se arruma pra ficar
sozinho abanando para a câmera do celular. Pior é a falta de perspectivas. A
pandemia acabou com o Natal, o Réveillon, o veraneio e o carnaval. Pelo menos
pra mim. Tem muita gente por aí numa aglomeração suicida, como se a pandemia
tivesse acabado. Deve ser espírito natalino covídico, essa alucinação coletiva
que faz as crianças acreditarem no Papai Noel e os adultos no Osmar Terra. Vai
saber...
O certo é que vai longe a peste e
logo ali, no alvorecer de 2021, estaremos alcançando a marca dos 200 mil mortos.
Nem a Páscoa está a salvo num país em que o governo nega não só a gravidade da
doença, mas também a cura. Quase três milhões de pessoas já foram vacinadas
mundo afora, mas por aqui segue a cantilena da cloroquina, uma mistificação
criada por políticos que tripudiam da esperança alheia enquanto UTIs e
necrotérios seguem lotados.
Comecei esse diário em 19 de março, o
dia em que Porto Alegre registrou o primeiro caso de transmissão comunitária –
ou seja, não dava mais para saber quem pegou de quem. Duzentos e oitenta dias
depois, estamos batendo recordes de mortes diárias. O que parecia um
arrefecimento da pandemia ali em setembro, quando cansei de escrever sobre a
desgraça cotidiana, era só recuo pra pegar impulso. O resultado é essa nova
voadora a nos abater o peito justo quando o abraço é tão fundamental, o afago
tão necessário, sobretudo depois de nove meses sem chegar perto de muitos
daqueles que amamos. Não está sendo fácil, já cantava a Kátia. Mas vamos em
frente. Pode ser nosso Natal mais difícil, mas, se a gente se cuidar, não será
o último.
Boas Festas a todos!
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Fabio Schaffner é Bageense, Jornalista do Grupo RBS, e publica desde o dia 19 de março seu Diário da Pandemia nas redes sociais.
Um comentário:
Bem isso! Estamos isolados e com todos os cuidados por tanto tempo porque alguns se acham superiores e não colaboram! Uma tristeza!
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