Foto Luiz Carlos Vaz
Vai dar merda, uma leitura
Às vezes, muitas vezes, não lemos prefácios,
apresentações, orelhas ou trechos da crítica na contracapa. Pulamos as
preliminares e vamos rapidinho ao gozo, digo, ao texto, principalmente quando a
pilha de livros para ler - e para reler, passa de um metro. Mas, para não dar
merda, li o livro do Schuster desde a capa. Li as dedicatórias, a ficha
catalográfica, o nome da editora e até constatei que o livro "começa"
na página nove.
Com essa puta merda (ops! estou plagiando...) da
Pandemia se estendendo desde fevereiro do ano passado, desaprendi o que é uma
mesa de bar, pois para saborear melhor essa merda do Cláudio, será aconselhável
estar à mesa de um bar! Bar? Café? Roda de Amigos (com A grande), bate papo? O
que é isso?
Encontros, desencontros, namoro, casamento,
emprego, filhos, casa, velhice, chuva e sol, esquecimento e morte... e mais todo
e qualquer tema das conversas jogadas fora em torno de uma mesa de bar, aquilo que
se conversa antes, durante e depois da primeira rodada está no livro. Comecei a
ler o livro necessariamente sentado à mesa de um bar virtual. E ele já começa,
como dizia minha mãe, com um nome feio na capa! Porra, Nome Feio foi o termo
que sucedeu Palavra de Baixo Calão, e que, na evolução do idioma, virou Palavrão.
Não sei exatamente porque uma caralhada de sílabas, acolheradas numa palavra,
ainda causa desconforto em alguns ouvidos pouco acostumados às variações
linguísticas. “Levar seus putos para tomar uma pica no cu”, dito em Portugal,
não causa qualquer assombro. Aqui, dependendo do ambiente... poderá gerar até
processos!
Mas o objetivo do Cláudio não é chocar e nem
chamar à catarse... ele apenas colocou no papel as conversas dele, as conversas
de todos nós, as imaginárias e as reais. Mas essas crônicas, por vezes, me
lembram do texto da primeira peça de teatro que assisti, lá no século passado, criação
do diretor Ronald Radde: Apaga a luz, e faz de conta que estamos bêbados!, onde,
fechados num apartamento, um homem e uma mulher, que não possuem nomes,
conversam por uma noite inteira, sobre tudo, procurando o sentido das coisas, daquele
tempo brutal e burro do final dos anos sessenta...
Mas, como já cantou Vinícius “no entanto é
preciso cantar/ mais que nunca é preciso cantar/ é preciso cantar e alegrar a
cidade” mas... quem sabe também chocar a cidade e chamá-la à catarse coletiva!
Sobre os desenhos do outro Cláudio, o Duarte...
olha! me caiu os pincel do bolso! Então... sigo dizendo: Mais que um “pandeiro luxuoso”, é a cara do
livro. As ilustrações, perfeitamente casadas aos textos, são um luxo só. Me fizeram
recordar do cheiro (opa!) das tintas usadas na impressão em rotogravura, muito
usada nos livros e publicações ilustradas mais antigas; e lembrei do grande desenhista
Flávio Colin, e das ilustrações que ele fazia para as revistas publicadas pela RGE,
“As aventuras do Anjo” e “Jerônimo, o herói do sertão”.
Ser velho é uma merda, né? kkkkkkkkk
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Luiz Carlos Vaz e Jornalista, Fotógrafo e Editor deste Blog