| Foto: Luiz Carlos Vaz |
Márcia Duarte (*)
2025 está terminando e, com ele, também
encerramos mais um ciclo em nossas vidas, mais uma etapa vencida. Ufa! Que
alívio termos conseguido chegar até aqui, são e salvos, não é mesmo?
Foi um ano de grandes desafios e dissabores. Não
foi exatamente aquele ano para se recordar com carinho e adoração. Pelo
contrário, tudo o que aconteceu até o momento mostrou que somos pessoas
vulneráveis e estamos à mercê de qualquer intempérie, e nem sempre um
guarda-chuva vai nos proteger.
Dizem que recordar é viver, mas longe
de mim querer recordar as dores que senti. Certo é que aprendi algo muito
importante em todos os percalços que vivi: a vida não vem em ondas como o mar,
mas como um maremoto. De repente, tudo está tranquilo e uma leve fissura se
transforma em uma rachadura imensa e inesperada.
Eu vi o caos em 2025 e ele não foi
nada generoso. O caos pode ser interessante para nos reinventarmos, eu disse pode,
desde que estejamos atentos ao que ele quer nos dizer, o que, considerando as
alternativas, não fica muito claro aos nossos olhos.De tudo o que observei,
pude constatar que muitos ainda não entenderam que estamos aqui só de passagem
e que todo mundo – com raríssimas exceções – enfrenta, ou enfrentará, alguma
batalha de difícil compreensão.
O universo solenemente ignora nossos votos
de paz e calmaria que tanto desejamos quando fazemos um pedido no final do ano.
Ele é lindo, não é mesmo? Mas não está nem um pouco interessado em nossas
promessas e desejos.
No entanto, somos seres que almejam
algo. Estamos sempre insatisfeitos, e isso não é de todo ruim, pois o querer
nos ajuda a crescer, a ir atrás de algo que nos motive e nos dê razões para
continuarmos existindo neste planeta. Muita coisa aconteceu durante os 12 meses
de 2025: vimos o mundo em ebulição, vimos mortes inesperadas, vimos guerras,
disputas e muito pouco de paz e amor.
No
entanto, talvez a verdadeira lição que este ano nos deixou seja a de que
precisamos de mais paciência e compreensão. Precisamos estar mais atentos ao
mundo ao nosso redor, perceber as pequenas coisas que nos conectam, em vez de
nos perdermos em nossas próprias frustrações. O caos está aí, mas ele também
nos ensina a olhar para o outro, a ser menos egoístas e mais solidários.
A vida não
é só sobre nossas batalhas pessoais, mas sobre o que podemos oferecer aos
outros, o que podemos aprender com as dificuldades alheias. Talvez, ao invés de
pedir somente calma e serenidade, devêssemos também pedir por mais empatia, por
mais abertura ao sofrimento dos outros e por mais coragem para atravessar as
tempestades ao lado uns dos outros.
Que 2026
chegue com a promessa de um olhar mais atento, mais generoso e mais consciente
de que não estamos sozinhos.
Que
saibamos aprender com os erros e acolher as diferenças, sem pressa de encontrar
respostas, mas com a paciência de entender o que realmente importa.
Feliz 2026!!
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(*) Márcia
Duarte é pedagoga, leitora voraz e escritora nas horas vagas. Pós-Graduada em
Leitura e Produção textual pela UFPel, publicou o texto Uma Menina querendo ser
jornalista no livro Algumas muitas ideias sobre alfabetização literária,
organizado pela professora Cristina Maria Rosa, em 2024.