29 de dezembro de 2025

Um desejo para 2026

 

Foto: Luiz Carlos Vaz


Márcia Duarte (*)

 2025 está terminando e, com ele, também encerramos mais um ciclo em nossas vidas, mais uma etapa vencida. Ufa! Que alívio termos conseguido chegar até aqui, são e salvos, não é mesmo?

 Foi um ano de grandes desafios e dissabores. Não foi exatamente aquele ano para se recordar com carinho e adoração. Pelo contrário, tudo o que aconteceu até o momento mostrou que somos pessoas vulneráveis e estamos à mercê de qualquer intempérie, e nem sempre um guarda-chuva vai nos proteger.

Dizem que recordar é viver, mas longe de mim querer recordar as dores que senti. Certo é que aprendi algo muito importante em todos os percalços que vivi: a vida não vem em ondas como o mar, mas como um maremoto. De repente, tudo está tranquilo e uma leve fissura se transforma em uma rachadura imensa e inesperada.

Eu vi o caos em 2025 e ele não foi nada generoso. O caos pode ser interessante para nos reinventarmos, eu disse pode, desde que estejamos atentos ao que ele quer nos dizer, o que, considerando as alternativas, não fica muito claro aos nossos olhos.De tudo o que observei, pude constatar que muitos ainda não entenderam que estamos aqui só de passagem e que todo mundo – com raríssimas exceções – enfrenta, ou enfrentará, alguma batalha de difícil compreensão.

O universo solenemente ignora nossos votos de paz e calmaria que tanto desejamos quando fazemos um pedido no final do ano. Ele é lindo, não é mesmo? Mas não está nem um pouco interessado em nossas promessas e desejos.

No entanto, somos seres que almejam algo. Estamos sempre insatisfeitos, e isso não é de todo ruim, pois o querer nos ajuda a crescer, a ir atrás de algo que nos motive e nos dê razões para continuarmos existindo neste planeta. Muita coisa aconteceu durante os 12 meses de 2025: vimos o mundo em ebulição, vimos mortes inesperadas, vimos guerras, disputas e muito pouco de paz e amor.

No entanto, talvez a verdadeira lição que este ano nos deixou seja a de que precisamos de mais paciência e compreensão. Precisamos estar mais atentos ao mundo ao nosso redor, perceber as pequenas coisas que nos conectam, em vez de nos perdermos em nossas próprias frustrações. O caos está aí, mas ele também nos ensina a olhar para o outro, a ser menos egoístas e mais solidários.

A vida não é só sobre nossas batalhas pessoais, mas sobre o que podemos oferecer aos outros, o que podemos aprender com as dificuldades alheias. Talvez, ao invés de pedir somente calma e serenidade, devêssemos também pedir por mais empatia, por mais abertura ao sofrimento dos outros e por mais coragem para atravessar as tempestades ao lado uns dos outros.

Que 2026 chegue com a promessa de um olhar mais atento, mais generoso e mais consciente de que não estamos sozinhos.

Que saibamos aprender com os erros e acolher as diferenças, sem pressa de encontrar respostas, mas com a paciência de entender o que realmente importa.

Feliz 2026!!

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(*) Márcia Duarte é pedagoga, leitora voraz e escritora nas horas vagas. Pós-Graduada em Leitura e Produção textual pela UFPel, publicou o texto Uma Menina querendo ser jornalista no livro Algumas muitas ideias sobre alfabetização literária, organizado pela professora Cristina Maria Rosa, em 2024.

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