Pois outro dia encontrei nessa via intergaláctica da web o Carlos Moraes (1). O Padre que nos dava palestras e comunhão na Páscoa dos Estudantes no Estadual. Embora, como ele mesmo diz, tenha uma visão "jalde negra" do mundo, virou corinthiano e mora em São Paulo há quase quarenta anos. O Carlos já publicou vários livros, mas o primeiro a gente não esquece: O Lobisanjo, ainda quando “morava” no prédio da esquina da Barão do Triunfo com Dr. Veríssimo, em frente ao XV. A cela que ele ocupou, segundo o Sérgio Saraiva, passou a expor flores, frutas e legumes pois a cadeia virou mercado... O Carlos, que é das "Lavra", confessa que quando escreve só tem Bagé como referência de seus primeiros anos de vida. Ele vai mandar um texto para o Blog, mas por enquanto, para relembrar as palestras da Páscoa dos Estudantes, publicamos um texto do Lobisanjo que me foi resgatado pela amiga Dra Maria Luiza Silveira que é psicóloga e tradutora. Poucos escritores conseguem significar tanto as palavras como o Carlos. Confesso que também achei que o jogo não sairia, embora estivesse marcado para às nove. Pois às nove choveu. E às nove era o jogo...
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Às nove era o jogo (2)
Às nove era o jogo (2)
NO PRINCÍPIO era a chuva. E pulo n’água, atacação de barro, nariz pingando, e banho quente, cachacinha, sova. Sova esquentava mais e prevenia com mais autoridade os vírus de futuras gripes. Diziam os antigos.
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Depois a vida se veio, nos fêz sábios, torcedores do Grêmio Esportivo Bagé e outras coisas importantes.
Depois a vida se veio, nos fêz sábios, torcedores do Grêmio Esportivo Bagé e outras coisas importantes.
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Pura ilusão. Basta uma chuvinha para nos quebrar os óculos e levar na correnteza êsse ar respeitável que a vida, coitada, nos deu.
.Pura ilusão. Basta uma chuvinha para nos quebrar os óculos e levar na correnteza êsse ar respeitável que a vida, coitada, nos deu.
Ontem era dia do presidiário e lá na cadeia saiu missa e futebol, que cristão e brasileiro todo mundo era.
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Pois às nove era o jogo. E às nove choveu. E não saiu o jogo, dirá o compadre Meléu, homem provecto. Patrícios les digo: saiu o jogo. Com chuva saiu o jogo. Era água correndo e bola rolando e gente caindo e padre berrando e guarda torcendo, no barro todas as respeitabilidades. A partida terminou quando estava dando jundiá lá pelo gol do Honorato. 2x2.
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Pois às nove era o jogo. E às nove choveu. E não saiu o jogo, dirá o compadre Meléu, homem provecto. Patrícios les digo: saiu o jogo. Com chuva saiu o jogo. Era água correndo e bola rolando e gente caindo e padre berrando e guarda torcendo, no barro todas as respeitabilidades. A partida terminou quando estava dando jundiá lá pelo gol do Honorato. 2x2.
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(1) Carlos Machado Moraes, nasceu em Lavras do Sul mas veio cedo para nossa cidade. Morou nas "Popular", ali perto do “Grondi” do Bagé, e não estudou no Estadual. Ordenou-se padre e trabalhou muito tempo nas cidades pertencentes à Diocese. Ainda no início dos anos 70 foi para São Paulo onde, desde então, trabalha como Editor, Jornalista e Escritor. Tudo com Maiúscula. Atualmente está escrevendo o livro dos Cem Anos do Corinthians, embora, desejasse mesmo escrever sobre os cem anos do Grêmio Esportivo Bagé. Irmão do professor Guido Machado Moraes, já falecido, (ver o post Felizes? Sim...) o Carlos passou por várias atribulações que lhe deram o apelido de padre vermelho e uma residência temporária na Cadeia Civil. Publicou, entre outros, os livros O Lobisanjo, A vingança do timão, Desculpem, sou novo aqui e Agora Deus vai te pegar lá fora..
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(2) Crônica XXVII, do livro O Lobisanjo, de Carlos Moares.
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11 comentários:
Deixando claro: o padre Carlos foi preso político da ditadura militar. Isso talvez não explique o fato de que sua cela virou banca de frutas, mas talvez ajude. Outra coisa: se não me engano, o padre Carlos foi o primeiro escritor bageense a ganhar o Prêmio Jabuti de Literatura.
Sérgio Saraiva
Claro Sérgio, a ironia é para tentar fazer jus ao seu estilo de dizer e escrever as coisas.
E prá quem não sabe, o Sérgio foi o segundo... Únicos até agora, creio.
OPA!! Lavras do Sul só exporta gente de talento! Parabéns a mais este Lavrense!!
Alô "Anônimo das 08:54"! Pode repetir o comentário e assinar que a gente apaga esse primeiro.
Grato por comentar no nosso Blog, Vaz
Bah, Carlos, que baita crônica, plagiando teu comentário naquele post e já querendo imitar esse teu estilo com respingo gaudério. Uma maneira de escrever muito ao agrado do povo destas bandas. Palavras como as que escreves viciam mais que a cachacinha. Precisamos urgente que reedites esse e outros livros para lançar nestas plagas. Le garanto, é aqui o teu chão, tchê, neste sul vais ter muito mais leitores do que possas imaginar. Acho que os guascas daqui leem mais que a turma de São Paulo. Vivente, se lançarmos os teus livros no bicentenário destas cochilhas, vão vender mais que pastel em carreira. Eu já coloquei meu nome na lista.
Olha Hamilton, é uma ótima dica. Não sei se existe uma "comissão" recebendo sugestões, essa é bem interessante.
Eu saí de Bagé há 33 anos, mas continuo jalde-negra e colorada. Tenho uma quedinha pelo São Paulo, já q moro aqui, mas meus 1ºs times continuam sendo o Bagé e o Internacional.
Caro Vaz:
Quero apenas fazer um adendo, lá na mini-biografia do CARLOS MORAES. É preciso que conste um livro genial, o primeiro que li do Carlos, chamado COMO SER FELIZ SEM DAR CERTO: A SALVAÇÃO PELA BOBAGEM.
Maria Luiza Silveira
Pois que coisa maluca são os livros do Carlos. Alguma editora vai ter que "botar ordem no salão", como se diz lá nas Lavra, e reeditar esses livros. A procura, pelo que sei, é grande.
Ana, na verdade os times do coração são esses que a gente escolhe quando é criança e nem sabe o motivo. Já eu sou Guarany. Pergunta a razão? Não sei.
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