Foto: Juliana Vaz |
Quando eu era guri, influenciado pela leitura dos quadrinhos
da Disney e pelas aventuras de David Crockett, tinha uma admiração inenarrável pelos
“totens” dos primeiros índios da América do Norte. Esses totens habitavam
meu imaginário infantil e me causavam uma satisfação estética enorme.
Perguntava aos professores de história do Estadual tudo que podia perguntar sobre
eles e pesquisava nas enciclopédias da Biblioteca Pública tudo o que havia
sobre o assunto. Isso me levou naturalmente a ler Winnetou, de Karl May, e
apreciar como ninguém o Bury My Heart at
Wounded Knee (Enterrem meu coração na curva do rio), do Dee Brown, já mais
tardiamente, nos anos 70, e que virou filme com a direção de Yves Simoneau. De
modo que os totens sempre tiveram para mim uma referência mais atávica do que antropológica...
.
Na semana passada, aproveitando uma folga em Washington, Juliana foi visitar uns amigos em Vancouver, na British Columbia. Lá conheceu o Stanley Park, onde fotografou os “meus totens” e me mandou algumas imagens deles... Ao vê-los na fotografia todos os meus sonhos de infância voltaram.
Ouvi os tambores da “dança da chuva”, as invocações de guerra e a desconfiança nativa aos homens de caras pálidas. Acho até que senti de novo a ardência das bolhas em
minhas mãos causada pelo manuseio forte de um canivete com o qual eu tentei esculpir alguns totens numa acha de lenha mais dura...
.
Desses povos,
imagino que só ficaram mesmo os seus totens. A valentia, a cultura e a arte
totêmica, devem ser hoje apenas uma referência cultural do passado. Certo mesmo estava o Grande Chefe Touro
Sentado, o sábio líder Lakota, que não submeteu seu povo às políticas
do governo americano que, evidentemente, visavam tão somente acabar com a cultura e a terra
sagrada dos índios Sioux...
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