Entre Folhas Mortas e Sonhos
Adolescentes...
J.J. Oliveira Gonçalves
Sempre ouvi e li que a adolescência é
a fase mais difícil, a fase problemática da nossa vida. Cheia de dúvidas,
inseguranças, medos, conflitos, interrogações... E todos esses que-tais devido
ao fato de que, se não somos mais crianças, tampouco somos, ainda, adultos.
Nesse meu jeito simples de colocar o assunto, procuro reproduzir o que li e
ouvi sobre a adolescência, lá, no anteontem de minha vida. E isso já faz um
longo, longo tempo...
Pois bem, contrariando o que li e
ouvi e, quem sabe, principalmente, porque funciono às avessas em muitos
aspectos de minha vida - feliz ou infelizmente - essa fase foi a mais bela que
vivi. Ah, quem me dera entrar num túnel de tempo e voltar, lá, e vivê-la com
mais intensidade, com mais arrojo, com mais doação - de Alma e coração! Quem me
dera voltar e abraçar - com os braços invisíveis e Etéreos da Alma - aquele
tempo verde-e-rosa que passou tão depressa e me deixou fundas e felizes
Saudades ao coração! Então, (re)caminhar calçadas cheias de Esperança e ruas
feitas de Infinito... Passear nas praças feitas de sorrisos desabrochados de
minha geração, sob um bucolismo encantado de flores coloridas, de árvores
frondosas, de pássaros com seus flautins de Mel e de Cristal... Quem dera as
mãos dadas e o sorriso primaveril de um Amor gostosamente adolescente que só
esquecerei quando eu for caminhar entre as Estrelas e dar um amoroso e
agradecido beijo na Lua - minha Madrinha e Eterna Musa! Quem dera! Minha
Família estaria completa. Meus escassos e leais amigos voltariam a ser os companheiros
da jornada adolescente de Esperanças e de Sonhos. E seríamos - de novo - jovens
e imortais!
Ah, escrevendo estas palavras - com a
Alma saudosa e o coração reminiscente - os suspiros são longos, largos,
abissais... As lembranças estão carregadinhas de Emoção, de Imagens, de
Metáforas... De vozes, de paladares, de texturas, de aromas, de acordes, de
ruídos... Eis o homem-comum que sou... E o poeta maluco e amoroso que vive em
mim...
Mas, todas essas palavras que dita
meu coração - com a cumplicidade da Alma - chegaram, assim, de repente, pela
notícia triste de uma pessoa famosa no mundo inteiro, de um artista, de um
cantor e intérprete que me cativou e me fez seu fã, desde a primeira vez em que
ouvi sua voz, bonita, romântica, melodiosa... Uma voz redonda e com timbre
aveludado... Andy Williams passou por este Plano. Cumpriu - tal qual os
pássaros a quem Deus deu o dom do cantar - o dom de nos encantar com sua voz
macia e apaixonada... Pessoalmente, sou grato por ele ter existido e por ter
contribuído, não somente para fazer mais bela minha adolescência, mas por ter,
também, ajudado a eternizá-la dentro de mim, pois morrerei adolescente em meu
jeito, em minhas roupas, em meus vinis, em meus livros, em minhas cores
extravagantes, em meus escassos cabelos longos - mesmo em meus Sonhos que nunca
chegaram... perdidos, pretéritos, desfeitos que foram pelo não do Destino!
GRATO, Andy Williams! Cumpriste
belamente e à risca tua Missão. Foste Estrela na Terra. Continuarás outra no
Céu! Ainda mais brilhante! Agora, poderás cantar com os Anjos e para eles - eu
sei! Levaste o corpo. Levaste tua presença. Mesmo tua voz. Todavia, deixaste
essa mesma voz para nos acalentar o Espírito, suavizar nossas tantas Dores...
Nos fazer eternos Sonhadores...
Fica em Paz!
AMÉM!!!
JJ de Oliveira Gonçalves
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Porto Alegre, 27 de setembro/2012. 23h23min
jjotapoesia@gmail.com - www.cappaz.com.br
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Um comentário:
Caro Vaz...
Nesta manhã ensolarada de domingo, (na qual já escrevi alguma coisa), agradeço-te pela publicação dessa crônica sobre Andy Williams - uma das mais belas vozes que já ouvi, das que me embalaram a adolescência e continuam e me embalar a Alma e a me ninar as Dores Existenciais... Quando ouço essas vozes, volto para Bagé... ("O pensamento parece uma coisa a toa/mas como é que a gente voa/quando começa a pensar"... do nosso velho Lupi.) E, então, volto a desfrutar de uma leda e escancarada felicidade... Enfim, Andy Williams se foi... Mas fica sua voz aveludada - eternizada em tantos sucessos... Pessoalmente, ficam - desde os tempos de minha juventude, em Bagé - "Autumn Leaves" e "Moon River". Este último lembra-me a gostosa trilha sonora, (Henri Mancini), do filme "Bonequinha de Luxo", com a encantadora Audrey Hepburn e o galã Georpe Peppard, que assisti no "Cine Avenida".
Real e sentimentalmente, Vaz, aqueles foram "Anos Dourados" - de Trigo e Mel... Rosas e Vinho...
Com franciscano abraço!
JJ!
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