7 de setembro de 2012

Já podeis, da Pátria filhos

Além dos caminhões e jeeps, vemos um blindado, conhecido por carro de combate leve (CCL),
ou tanque, como se fala popularmente, precedido por duas viaturas anfíbias,
uma novidade usada na 2a guerra mundial, conflito que ainda estava muito marcado
na lembrança daquela época. Os blindados também foram decisivos nessa guerra.


Já podeis, da Pátria Filhos
Hamilton Caio Vaz
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A partir do final dos anos 40 e início da década de 50, eu lembro de várias viagens à Bagé. Nós morávamos na Hulha Negra e minha mãe vinha com frequência, comigo e os irmãos menores, para visitar familiares e atender outros assuntos habituais. Na maioria das vezes, vínhamos nos ônibus da empresa do Sr Lauro Reis. O meu hábito costumeiro era viajar de pé, virado para a janela, olhando a paisagem passar.

Em uma dessas vindas, que deve ter sido em 1951, eu ainda não tinha feito sete anos, vim acompanhado pelo meu pai e assisti meu primeiro desfile militar. Lembro bem que ficamos perto de uma das torres, que me pareciam enormes, do Mercado Público.

Aquelas imagens e sons do desfile me impressionaram muito. Para quem estava acostumado com a tranquilidade de um lugar pacato, rodeado de muitos animais e poucos veículos, aquela quantidade enorme de jeeps, caminhões, e dos "tanques" que os adultos falavam muito, chegavam até a assustar. O ruído e o andar desses tanques com aquelas lagartas eram uma visão fantástica. Depois apareceram uns caminhões enormes, fechados, muito estranhos, que anos depois descobri que eram caminhões-oficinas. Mas assisti a tudo firme e acabei gostando. Incrivelmente, a minha visão era essa que mostram as fotografias do post, na mesma quadra, apenas que nós estávamos na esquina do Mercado, do lado da joalharia do Turíbio Martins, que fazia esquina com o primeiro edifício da cidade, o Salim Kalil. Talvez tenha sido esse o desfile que assisti!

E quando poderia imaginar, naquele meu êxtase de menino de sete anos, diante daquelas máquinas grandes e barulhentas, que uns 13 anos depois, eu trocaria de lugar naquela parada? Imaginar que estaria dentro daquelas viaturas fazendo meu primeiro desfile como militar servindo ao Exército, e maravilhando e impressionando outros tantos meninos naquela mesma calçada...

Nesse dia, quando a parada militar descia a Avenida Sete e passei nessa mesma esquina - mesmo agora sem o velho mercado público, de dentro da minha viatura, instintivamente, olhei para aquele lado tentando localizar um menino ao lado do seu pai que ainda poderia estar por ali maravilhado. Talvez ele sorrisse, talvez até me acenasse... mas o menino agora era eu.

Nota: Dedico este texto ao meu Pai, que me levou para assistir este primeiro desfile, e que neste 7 de setembro de 2010 (*) completaria 91 anos.

Enviado pelo colega
Hamilton Caio Vaz

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3 comentários:

Vera Luiza SVaz - maudepoesia.blogspot.com disse...

Hamilton, lindas memórias de infância que fundamentaram ações e decisões a partir daí.

Belo texto, linda imagem da antiga esquina por onde tantas vezes passei a caminho do Estadual...

Abraço!

Hamilton Caio Vaz disse...

Vera, foram cenas marcantes que ficaram indelevelmente gravadas na memória. Realmente, aquele desfile no início dos anos 50 sempre ressurge como um flashback: aquela grande multidão nos dois lados da rua, e a parada militar descendo a Rua Sete, e eu, com a minha “altura”, procurando uma posição melhor para observar, pois parecia que só “gigantes” estavam olhando o desfile. Os “tanques”, com o intenso ruído dos motores de aviação que eles usavam e o característico ranger das lagartas, polarizavam a atenção da assistência. Eles ainda eram veículos muito estranhos para a população, e vê-los de perto, era um privilégio para quem tinha unidades militares na sua cidade.
Pois, ora veja, anos depois fui servir nesse quartel de tanques, não por escolha própria, mas porque a seleção verificou a minha vocação para as “máquinas”. Bem, pelo menos aquele motor radial de avião eu já conhecia, com os estouros que assustavam a assistência, motivado pelo “retorno de chama”, quando a rotação do motor era reduzida muito rapidamente. E com toda aquela aparência e ronco de brutamontes, os tanques usavam gasolina cor-de-rosa...

Obrigado pelo teu belo comentário.

Vera Luiza SVaz - maudepoesia.blogspot.com disse...

Mano, aprecio muito a riqueza de detalhes que adicionas às informações, fazendo-as ainda mais atraentes e deliciosas à leitura.

Teu texto me levou de volta aos tempos de menina, orgulhosamente assistindo aos desfiles em que meu irmão era figura importante.

Grande abraço a ti pela escritura do texto e ao Luiz Carlos pela Xoportuna publicação!