Ilustração de AGS |
Nosso craque
Aldyr Rosenthal Schlee
Oscar Emygdio Garcia, o Oscarzinho, foi
goleiro do Cruzeiro de Jaguarão na primeira metade do século passado. Era da
época em que goleiro jogava com pulover de lã, boina e joelheiras, mas sem
luvas. Irmão mais novo da minha avó Maria, tio do meu pai, era meu tio-avô.
Como sempre foi chamado de Tato pelo meu pai, para mim, meus irmãos e primos,
virou, naturalmente, o Tio Tato. Segundo a lenda familiar (e jaguarense),
jogava muito bem: era ágil e destemido. Consta que quase foi parar no Grêmio
(isso eu não tenho certeza se de fato ouvi contarem quando criança ou se
somente faz parte do meu imaginário).
Além disso (e de ser ótimo nadador), Tio
Tato foi o maior contador de histórias que conheci. Tinha uma facilidade
impressionante para narrar fatos. Fazia-o com uma riqueza tal de detalhes que a
gente se sentia, nessas ocasiões, como se estivesse vendo um filme (e em 3D,
com Sensurround!!!). Daí porque evidente a influência que teve na literatura de
meu pai, que se criou ouvindo (e, de certo modo, "vendo") os causos e
epopeias contados pelo tio. Interessante que, ao contrário do velho Schlee, o
Tato sempre teve horror aos castelhanos, seus eternos rivais nos carecas campos
de futebol do lado de cá e do lado de lá do Rio Jaguarão.
Tive em mãos ontem, pela primeira vez,
essa "figurinha" do Tato que ilustra a postagem, desenhada em um
cartão grosso pelo pai há quase 70 anos (sendo, portanto, anterior ao famoso
desenho do Carlyle envergando o uniforme "canarinho"). Estava, esses
anos todos, guardada entre os documentos da vó.
Como o próprio Tato, trata-se de uma
relíquia familiar.
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Publicado em Bipolar Flexível
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Um comentário:
Tchê Aldyr, te digo com certeza que foi melhor ele ter ficado defendendo o grande Cruzeiro de Jaguarão, sim porque todo bom jogador que vai para o gremio acaba não jogando nada, feliz e correta decisão do teu tio avô. Um baita abraço meu irmão por esta xucra querencia riograndense.
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