Foto LC Vaz |
Pelos Campos de
Bagé...
J.J. Oliveira
Gonçalves
Há pouquinho,
fui à cozinha tomar um café preto. Embora não me deva
"amasiar" demasiadamente com o pretinho. Gostoso ele é. Mas, nem minha úlcera nem minha
gastrite gostam dele. E nos fazem cara feia enquanto o sorvo -
saborosamente. Mas, sorvendo-o - e olhando o semblante da tarde, pela porta -
nos olhos claros da tarde, vi, de repente, os olhos de tardes como esta em que
eu era um guri, um adolescente, um jovem naquele cenário, (tão querido e tão
saudoso!), de Bagé. Bagé - terra em que nasci e não esqueço, (nunca esqueci!),
pois que a trago, amorosamente, guardada nos escaninhos empoeirados e cheios de
histórias, dentro do peito...
Senti uma
Nostalgia imensa! Uma Saudade "sentimental demais" que não sei descrever.
Uma vontade quase incontida de, - se eu tivesse asas -, voar e ir pousar na
árvore mais alta da cidade. Quem sabe, lá pras bandas do "Cerro de
Ibajé". Ah, carradas de razão, (e sensibilidade!), nos deixou o Mestre
Lupicínio quando escreveu e musicou aquele poema que, em meu sentir, traz uma
verdade universal quando afirma, nestes versos: "E o pensamento
parece uma coisa à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a
pensar."
Na diária e
inocente companhia de minha bicharada, (cães e gatos), ouvi a
algazarra eloquente e otimista dos pardais. E o cicio delicado e misterioso
das carochinhas. Um (ou uma?) sabiá deu um choramingo sentido e longo... Creio
que nesse choramingo desnudou a Alma... Abriu o cofre do coração...
Todos me
encantam. E a todos agradeço. E sei que o choramingo do(a) sabiá foi exatamente
o choramingo de minha Saudade, de meus recuerdos - rolando dentro de
mim! Saudade de meus Pedaços. De minhas coisas. De um cenário onde fui o que
não sou mais... Saudade do meu "XV"... Do meu "Estadual"...
Mesmo do tradicional "Colégio das Freiras", ("Espírito
Santo"), aonde eu ia - cheio de Sonhos e de Ilusões - esperar uns graúdos
e amorosos olhos castanhos e um sorriso feito de Ternura e de Infinito...
Ter sua cabeça em meu ombro e, nas mãos, "Cantiga do Só" - do
apaixonado J. G. de Araújo Jorge...
Bagé - do Verão
em que nasci. Do Outono que me moldou a Alma - com tons de Ouro e acordes de Cello.
Do Inverno que me revigora o Corpo e a Alma. Da Primavera que há me me
fazer, (sempre!) adolescente.
Ah, que vontade
de correr pelos campos de Bagé... Ter a camisa aberta ao peito - como cantou
Casemiro. Ser de novo o que, lá, fui - embora absolutamente impossível!
Acarinhar as flores do jardim da avó materna. Ganhar e dar tantos,
tantos beijos... tantos, tantos abraços... Ah, correr pelos campos
esmeraldinos de minha terra, e, lá, deixar minh'Alma avizinhar-se
ao Infinito... O Infinito onde a Vésper veste a tarde. E a D'Alva
dependura-se na Alvorada...
______________________________________________
Porto Alegre, 09 de setembro/2013. 16h44min
.
3 comentários:
Tchêêê JJ, tu consegues com palavras simples que se enfileram no teu teclado para, uma uma, ir sendo digitada e contar uma bela estória, que na verdade todo bageense gostaria de escrever, mas que só tu JJ, tens o sentimento disposto em letras e palavras e assim consegues expor o que sentes, que é o que todos nós que temos os umbigos lá enterrados. Um baita abraço xirú velho.
O JJ é um verdadeiro Xiru dos Pampas bageenses, Gerson.
Pois, Gerson...
Senti profunda Emoção ao ler teu comentário que sei que é sincero porque vem do coração!! Todo teu comentário, rapaz, é um "baita elogio" - como se diz lá naquela terra, onde, bageenses pra valer, temos os "umbigos enterrados" , como dizes com propriedade!! Reverenciar Bagé e nos orgulharmos daquela bucólica e saudosa Terra é uma Felicidade que gozamos - não é mesmo?? É por isso que a mantemos juntinho ao nosso Espírito, bem cá dentro do coração...
Obrigado, Vaz, pela divulgação dessa crônica que nasceu, assim, de repente... Ou num repente nostálgico - inspirado pela Natureza, pelos pássaros... que chamaram as Lembranças... Tua foto é uma Metáfora - nostálgica e silenciosa - a nos falar de Liberdade, Poesia, Infinito...
Aos dois guris do "Estadual" - cúmplices fiéis nesse Amor pela "Rainha da Fronteira", gracias pelo nobre título de "Xiru"!
Com meu abraço bageense e franciscano para ambos!
JJ!
Postar um comentário