26 de fevereiro de 2024

"No creo en brujas, pero que las hay, las hay!"

                                                                                          Miguel de Cervantes Saavedra

 

Fotos por Renata Lobato Schlee


Luiz carlos Vaz (**) 

¡Yo tampoco!

 

Pero... em certos momentos parece que elas estão por toda a parte; na nossa alma, dentro da nossa cabeça, diante dos nossos olhos... que temos que concordar com Alonso Quijano... Elas existem!

Mas, não há o que temer! As Bruxas, ao contrário do que nos contaram os homens, não são más, não matam velhinhas nem tampouco comem criancinhas, isso quem faz são os... (“para, Vaz!” sopra uma delas aqui ao meu ouvido! “Volta ao tema, ela sussurra...” Tá, concordo eu, mas... posso escrever só mais uma frase? “Uma só? Pode!”) ...Nos ensinaram que era preciso queimar as mulheres “más”, as bruxas, na fogueira... mas não nos disseram um “ai” que fosse, sobre as igrejas e as religiões que faziam ou mandavam fazer isso! Pronto, falei! (Ou escrevi?)

Voltando... Minha Mãe era uma Bruxa! Sabia de simpatias e rezas, de benzeduras, tapava os espelhos e fazia cruz de sal nos dias de mau tempo para cortar as tormentas... Mas, claro, não chegou a ser queimada na fogueira, pois já nasceu no século XX. Ufa! Graças a isso mamei até os quatro anos; depois sempre tive um bom café com leite pela manhã ainda na cama, roupa limpa e planchada com ferro de brasa; ela sempre dava ideias ótimas para o primeiro parágrafo das minhas redações do colégio, ministrava bons conselhos e era minha advogada de plantão, pronta para me defender na Escola sempre que eu tivesse razão. Claro, ela dizia que, além de ser o mais bonito do colégio, eu sempre tinha razão! (*)

Costureira de mão cheia, ela bordava, fazia tricô, crochê e construía, diante de meus olhos, as colchas de retalhos mais lindas que eu já vi. Nada programado, ensaiado, pré-desenhado... Ela ia cortando os retalhos, costurando aleatoriamente, e num passe de mágica (ou bruxaria?) surgiam colchas dignas de ser assinadas por Mondrian.

Pois outro dia a Renata me mandou uma foto onde aparecia, sobre uma cadeira, uma colcha de retalhos; não de retalhos de tecido, mas de quadros de crochê! Fiquei maravilhado e pedi a ela que fizesse, lá fora mesmo, lá naquele paraíso, uma foto dos meus livros sobre a colcha... e pedi, claro, o nome da autora da obra de arte...

Pois não é que recebi há pouco a foto? E mais, fiquei sabendo que a autora da colcha, a avó dela, dona Jacy Dias Lobato, era de Cacimbinhas... do mesmo chão da Minha Mãe! Imagino que vó Jacy, claro, devia ser também uma Bruxa!

 É muita bruxaria junta para um homem só! Por isso eu afirmo:

 ¡Yo creo en brujas, por que ellas hay!

 

(*) Comentários invejosos ou gracinhas serão encaminhados direto para a próxima Assembleia Geral das Bruxas de Cacimbinhas!

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(**) Luiz Carlos Vaz é Escritor, Jornalista, Fotógrafo e Editor deste Blog

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