27 de dezembro de 2013

50 anos esta noite

(Clique na imagem para ampliar e achar seus amigos)

Hoje, 27 de dezembro de 2013,
marca a passagem dos 50 anos de Formatura
dos "quartanistas" do Ginásio do Colégio Estadual de Bagé, de 1963.
Republico este texto, escrito em 2010,
agradecendo mais uma vez ao colega Olmiro Velasque Müller,
pelo envio do precioso material, e dedico  esta republicação ao 
Valacir Marques Gonçalves.

50 anos esta noite (*)

"O Olmiro, que estudou no Estadual de 1960 a 1965, me disse que encontrou o Blog da Velha Guarda por acaso. Identificou-se logo com ele, leu as postagens e gostou. Com o propósito de já sair colaborando, enviou o seu convite de formatura do Ginásio, identificando-se como afilhado da professora Ilka Pegas. 

Até ai tudo normal, temos publicado convites de formatura, boletins, recordações escolares e outros documentos e fotos que nos remetem aos anos dourados do Estadual. Agradeci ao Olmiro e prometi publicar tão logo pudesse, afinal, ali estavam relacionados mais de 80 nomes de colegas que um dia receberam seu Diploma do Ginásio das mãos da professora Ilka.

Num dia em que trabalhei em três endereços diferentes e ainda tive que arranjar um tempo para assistir o jogo da seleção do Dunga, confesso que só mais tarde fui trabalhar no material enviado pelo colega Olmiro. O convite estava em dois arquivos e precisava uma ação do Dr Hollywood

Feita a plástica, fui ler com atenção a lista dos formandos. Era a Velha Guarda em peso, claro. O Ariel Gonçalves, irmão do Ricardo, meu colega de aula; as irmãs Clara Marineli e Lidia Regina, o neto do seu Mizael... e outros tantos nomes num total de 82.

Mas ali, na quarta e última coluna, quem eu encontro? A minha querida professora do segundo ano primário, no Colégio Cândido Bastos, Serani dos Santos Leite! Mas olhem só o que o Olmiro foi me arranjar! O que é isso? Coincidência? Destino? Não sei responder. Mas a alegria que senti agora há pouco, quando depois de um dia cheio de trabalho me debrucei sobre o convite dos formandos do Estadual de 1963, foi bem maior, muito maior, do que a causada pela vitória do Brasil sobre a Coréia do Norte por um magro e perigoso placar de 2x1.

Olha, Olmiro, Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay... Este Blog, como dizem alguns autores de novela, “já adquiriu vida própria”, e tem nos proporcionado inúmeras alegrias e surpresas. Vida longa ao nosso Blog da Velha Guarda! Ainda há muitas histórias para serem contadas, e elas estão com vocês. Me ajudem a contá-las, a memória do Estadual agradece."

(*) No melhor estilo Le feu follet, de Louis Malle.
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Este texto foi publicado durante a Copa da Àfrica do Sul, em 16 de junho de 2010, com o título "O Convite Surpresa". Interessante que posso ler nele, hoje, outros nomes conhecidos, outros nomes de novos amigos, como o do Valacir Marques Gonçalves, o Vala, que conheci pessoalmente neste ano de 2013. Realmente, essa joia enviada pelo Olmiro, continua cheia de surpresas... 

Veja abaixo o convite completo e ache seus amigos e professores.

Obrigado a todos, e um bom ano novo de 2014.
Luiz Carlos Vaz


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25 de dezembro de 2013

Natal - Palavra Mágica!


Natal - Palavra Mágica!

J.J. Oliveira Gonçalves

Em minha meninice, Natal era uma palavra mágica. No Ocaso de meus dias, ainda o é. A palavra continua mágica. Todavia, ganhou novas nuanças. Nuanças tecidas pelo porfiar ao longa da Caminhada. Um porfiar debruado de Distâncias. Vazios. Saudades. Emoções. Infelizmente, Emoções doloridas - no mais das vezes.

Para mim, ler, ver, ou simplesmente ouvir a palavra Natal, faz surgirem imagens e mais imagens - cenas pretéritas de alegria e encantamento. São objetos. Lugares. Animais. Pessoas. Lembranças de igrejas. Corais. Anjos. Sinto aromas incensados de místicos Rituais. Ouço corais divinos - e os vejo vestidos com seus uniformes  bem passados e irretocáveis.

Ah, há tantas faces ao meu redor. Sou apenas uma criança. Um menino. Sou uma Inocência nesse mundo mágico da palavra Natal. Não há medos. Há confiança. Há Esperança no coração de um menino. Um menino que é feliz. Porque a Dor, aí, ainda é física. Uma doença passageira. Um machucado. Esse menino ainda não conhece o Vazio. Nem a Distância. Embora, já tenha delineada em si uma espécie de Saudade... Já é um menino que começa a gostar de Sonhar. Seus Sonhos engatinham... E os fiapos de nuvens - que brincam no céu - são já Metáforas desajeitadas de futuros Devaneios...

O menino galopou no dorso irreversível do Tempo. Fez-se grisalho. E cheio de Lembranças. Fez-se doído. E, feito um cão, olha compassivamente o horizonte - com olhos espichados - a lamber, vagarosamente, seus machucados... Cabelos de luar, aquele menino esconde o que ainda resta de seus Sonhos. São Sonhos de Cristal. Extremamente frágeis. Quebram-se... de nada. De nada, fazem-se Éter. Fantasmas tristes. Espíritos diluídos em Luz. Que eram Sonhos bons. Mágicos. Benfazejos.

Sim. Esta pequena crônica pode parecer triste. Ou, é triste. Alguns a compreenderão, Outros, não. Isso, no entanto, não me afeta. Tenho que cumprir o que me mandaram, aqui, fazer. Se alguns não entendem... nem eu entendo, às vezes... Afinal, o que é a Vida? O que são os Sonhos? O que são as Dores? O que é o Amor? O que, é, enfim, o Natal? Bem, o Natal é uma palavra Mágica. Lembra Jesus. Maria. José. A estrebaria e os animais. A Manjedoura. A Estrela de 14 Pontas. Os 3 Reis magos. Lembra Papai Noel - a quem num pequeno poema, apelidei de "O Bom Velhinho". Sim. Entre tanto que vi, li, aprendi, Natal é um "Espírito". Tanto que dizem "o Espírito de Natal".  Lamentavelmente, esse "espírito" que a maioria apregoa, (mas não pratica!), é esquecido, passado o Aniversário do Menino-Deus! Não é verdade? É. Porque o "Espírito de Natal" deveria perdurar, (ou resistir?), durante todos os dias do ano! Ou melhor: todos os dias de nossa vida!!


FELIZ NATAL!!

23 de dezembro de 2013

O César tomou água de cu lavado


O César tomou água de cu lavado (*)

Luiz Carlos Vaz

Quando eu era guri, lá na Hulha Negra, lembro que nas tardes de domingo se faziam - ou se recebiam visitas. Visitas de família completa. Pai, mãe, filhos e agregados. Estes, representados  por uma tia, um idoso, um primo, ou uma pessoa que se unira à família há muito tempo. Eram visitas que chegavam sem avisar lá pelas três da tarde, eram recebidas “na sala”, e a elas se ofereceria, às quatro horas,  um bom e tradicional café da tarde. Café passado na hora, com pão novo, feito em casa, manteiga e doces também caseiros, já que ninguém cometeria a grosseria de oferecer acompanhamentos feitos por outras mãos ou industrializados.

As conversas seguiam sempre um roteiro de etiqueta informal: a saúde de todos, as mortes recentes, os nascimentos, os noivados ou casamentos. Depois negócios – acompanhados de assuntos de  seca, chuva ou enchentes. Naquela época havia data certa para as enchentes. A de Santa Rosa, infalível, era uma das mais temidas.

Se falava muito pouco em futebol, de religião (pois todos eram da mesma religião) e quase nada de política atual, já que as realizações do “falecido doutor Getúlio” ocupavam todo o tempo dessa pauta. No entanto, depois da cerimônia do café, quando as crianças eram finalmente dispensadas para brincar na rua, as mulheres iam retirar a mesa, e os homens conversar no pátio, geralmente admirando a “criação”, os assuntos eram outros e mais específicos aos gêneros. Lembro muitas vezes que as mulheres, comentando deslizes deste ou daquele homem da vizinhança, dizerem que fulano só pode ter tomado água de cu lavado.

Levei um tempo para entender o significado dessa expressão forte e, até hoje, não sei a sua origem. Mas, se não fosse a atual novela das nove (que já foi chamada de “novela das oito”), Amor à vida, eu não teria como explicar, para quem não conhece, essa expressão que eu ouvi muitas vezes nas conversas das mulheres, aos cochichos, nas antigas visitas de domingo.

O fato é que, quando um homem se deixa ludibriar por uma mulher, normalmente bem mais jovem e, para espanto de todos, passa a crer somente no que ela diz e faz, como um cego, como na história dessa novela, lá na Hulha certamente se dirá: O César tomou água de cu lavado... 

Só pode.
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(*) ou do cu lavado...

21 de dezembro de 2013

21/12/2013 - Um ano depois do fim do mundo



Bem, todos estamos vivendo num transe. O mundo acabou no ano passado, em 21 de dezembro... então, levanta, me serve um café, que o mundo acabou...


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20 de dezembro de 2013

É momento de voltar a fazer e ver arte, simplesmente.


É momento de voltar a fazer e ver arte, simplesmente.

Alfredo Aquino

A Arte deixou de ser feita há algum tempo, assediada pela frivolização e superficialidade da decoração, da redundância e da resignação de seus artífices. Deixou igualmente de existir pelo naufrágio da arte conceitual, pelo suicídio da não-arte, pelo autoritarismo da falsa arte da academia, da palavra de erudição estéril e do diploma, que, passando ao largo do talento e da sensibilidade artística embrenhou-se no labirinto hermético da verborragia para o nada, para a volatilidade das ideias destituídas de valores artísticos.

Em nome da representação de um tempo de caos e de violência, optou-se pela ausência do saber fazer, pelo repúdio à beleza ou a qualquer reflexão mais aprofundada sobre o objeto artístico. Em nome da espetacularização imediata e fugaz, em apoio ao uso de imagens reconhecíveis de recorrentes apropriações (que é essencialmente o outro sinônimo do simples plágio), decidiu-se pela opção pelo entretenimento, pelo divertimento, pelo anedótico, pelo bizarro e pela formação de redes coletivas do aplauso sem reflexão e sem senso crítico.

Isso está presente nas propostas das bienais, dos museus de arte contemporânea, dos vídeos sobre ou de arte contemporânea que propõem uma arte invisível com bula explicativa. Um monte de carvão jogado no chão, ou um terreiro de barro espalhado ou várias caixas de papelão empilhadas transformam-se, no olhar predador, impositivo e arrogante da academia em pintura e escultura. São as instalações da perplexidade e do estupor. E apesar dos textos mirabolantes (e anedóticos) ninguém entende nem se sensibiliza com essas propostas bizarras e sem nexo.

Há ainda a falácia da obra coletiva, uma estupidez que alia a ausência da arte com a improbabilidade da autoria (apesar de que, nestes tempos de fama e imodéstia, sempre aparecerá o retrato de alguém ou a assinatura de um curador, em letras monumentais). A arte dos impressionistas no final do século XIX foi um confronto com as regras rígidas e o autoritarismo dos Salões da Academia (num lado estavam Manet e Monet e no outro, Ingres); as trajetórias de Picasso e de Tarsila do Amaral foram de enfrentamento ao aceito estabelecido e orientado como recomendável; Karel Appel e grupo COBRA vieram contestar padrões estilísticos que por sua vez já tinham superado as provocações dadaístas de Marcel Duchamp, datadas do início do século XX. O mundo e os comportamentos das sociedades modificaram-se pela incorporação das tecnologias da imagem e da comunicação, com maior dinâmica a partir última terceira parte do século XX. Ainda ali tínhamos o frescor criativo de Alberto Giacometti, de Louise Bourgeois, de Siron Franco, de Luiz Gonzaga de Mello Gomes, de Alfredo Volpi e de Arcangelo Ianelli.

Todas essas obras de artistas, sérios, talentosos, produtivos, que sabiam bem (e sabem) o que faziam, em pontos e contrapontos, e deixaram (e deixam) seus legados sólidos, que podem ser vistos, admirados e discutidos por todos, nos grandes museus de Arte do mundo. Hoje, no entanto, existem dúvidas e perplexidade generalizada frente ao que se vê proposto como “obras de arte”. Serão Arte verdadeira ou não-arte, um tubarão fatiado, apodrecido e mergulhado em formol, num aquário selado e sarcofágico?

Ou excrementos ensacados em sacos plásticos transparentes, numerados e assinados pelo auto-denominado artista? Ou uma instalação de centenas de fraldas descartáveis dispostas como uma horta de alfaces brancas sobre o piso do museu? O já citado monte de carvão ou a fragilíssima “escultura” de caixas de papelão, empilhadas na sala expositiva de um respeitável Museu de Arte? Isso não é Arte e é apenas um embuste que engana e confunde as pessoas de boa fé que buscam compreender a comunicação proposta pelos “artistas” e acabam afastando-se decepcionadas pelo quem vêem, sem compreender nada e sem os desejados enriquecimentos culturais. É uma falsa “arte”, sem legado possível, uma ausência e uma nulidade.

Tampouco existe arte possível no cenário medíocre, redundante, mal-feito e enfadonho da chamada “street-art”. É algo repetitivo e copiado de maneira colonizada, em todo o mundo, produzindo uma paisagem aborrecida e previsível, que enfeia e polui visualmente a aparência já complexa das cidades. A feiúra (e este é um dos valores artísticos, na verdade) que se torna efêmera pelos garranchos negros ininteligíveis que logo as cobrem e pelo esmaecimento instantâneo das cores de química precária dos sprays ali utilizados. As imagens (sempre as mesmas ) apenas se mantém glamourosas e brilhantes por breves instantes e permanecem falsamente vivas nas fotografias e vídeos, tão logo sejam realizadas. No dia seguinte já serão outra coisa. Portanto não há legado, não há troca de saberes, não haverá comunicação e sedimentação cultural. (Existe em São Paulo, uma espantosa rua de contornos angulosos, quase um beco, coberta de grafitis, na Vila Madalena – é bonita, decorativa, interessante e resulta numa curiosa exceção à regra, pois o local está bastante adequado e os trabalhos foram realizados com critérios e estão bem acabados, funcionando como uma contribuição à cidade e não como uma agressão pela feiúra e sujeira gratuita.

É uma espécie de Sistina dos grafitis, o paraíso artificial dos fotógrafos. Porém, infelizmente, a sua adequação e justificativa não se espalha necessariamente pelo restante da cidade, significando menos um argumento de defesa à atividade artesanal e sim uma curiosidade turística e pontual de um simpático bairro da cidade. Nos outros locais da metrópole as imagens carregam a carga habitual e tediosa de redundância e previsibilidade que mais poluem e confundem a paisagem urbana, incrementando o sofrimento de quem habita a capital paulistana.) O surrado discurso da inclusão social ao atribuir valores artísticos aos grafitis de maneira generalizada transita mais pelos labirintos imbricados da demagogia e da antropologia do que pelos caminhos mais sutis da Arte.

Gerações procuraram transmitir legado e comunicação, portanto linguagem, desde os touros pintados nas parede e teto da gruta de Lascaux e outros ricos sítios arqueológicos que tornaram a Arte transcendental, contínua e perene. E respeitada e adorada por muitas gerações que puderam compreender um pouco mais de si mesmas. É hora de voltar a fazer e ver Arte verdadeira, de comunicação, de originalidade e de legado cultural. Talvez a resposta para o caos, para o niilismo e para os equívocos, seja que, na realidade, existem poucos, muito poucos e raros artistas que sabem fazer e desenvolver com mestria o seu ofício. Artistas capazes de produzir Arte profunda, bem pensada, bem feita e bem acabada, que despertarão prazer genuíno, interesse e legado frutífero entre as pessoas e as comunidades.

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14 de dezembro de 2013

A nostalgia chega junto com dezembro…

Ilustração de um antigo Cartão de Natal
A nostalgia chega junto com dezembro…

Valacir Marques Gonçalves

O espírito natalino tomou conta da cidade. Quando chega dezembro, tenho a sensação de que gente que não está mais aqui “volta” pra confraternizar, nos fazendo lembrar de um tempo em que a fraternidade era servida antes da sobremesa… Hoje ninguém mais se importa com certas coisas – “já eram”, dizem alguns… Tento me adaptar, mas não entendo como amigos “virtuais” substituem os de verdade. A missa da meia noite ficou no passado, a “modernosa” de hoje não nos faz refletir sobre o que fizemos durante o ano, sobre as nossas vitórias e derrotas, sobre os nossos amores e desamores… Penso nisso e me dou conta de que o Natal significava mais do que luzes coloridas importadas da China…

Dizem que saudosismo não está com nada, mas é difícil esquecer Natais que marcaram. Sei que estórias do passado não entusiasmam ninguém; talvez seja por isso que eu as relembre somente com alguém que me ouve com paciência e atenção – eu mesmo… Divido lembranças que só interessam a mim; guardo estórias que não pretendo descartar, que me encheram de felicidade, juntamente com outras que quase acabaram comigo. Elas estão num cofre, igual àqueles que são abertos com senhas que misturam letras com números. É um cofre que tem como guardião um coração que faz seu trabalho armado de respeito e ternura por tudo o que vivi.

Hoje, o Natal avisa que temos outras “obrigações”, que é tempo de presentes. Começa pelos mais próximos. Passa pelos amigos, pela rapaziada que recolhe o lixo, até a turma que cuida do gás. Não podemos esquecer de quem nos entrega o jornal, do cara da pizza, da faxineira, do garçom, do flanelinha, e até do “artista” do semáforo – aquele que come fogo… Todos lembram que não podemos nos esquecer deles… Além dos presentes, temos as festas do trabalho, da turma do futebol, do pessoal da faculdade, da turma do happy… É tanta comida e bebida que começamos um novo ano com a barriga do tamanho do sentimento de culpa…

Lembro que esperava o papai Noel com ansiedade. A missa lotava as igrejas, eu aguardava o fim da celebração preocupado, pensando no meu pedido. A ceia era sagrada, ninguém viajava antes… Certas comidas foram substituídas, mas ainda sinto o cheiro delas. Lembro do amor que minha mãe tinha por aquilo. Recordar essas coisas me faz bem, principalmente lembrar de gente que partiu, da maneira que me abraçavam, da emoção que isso causava. Na minha cidade, lá longe, na fronteira com o Uruguai, as locomotivas “apitavam” com força, competindo com o barulho dos foguetes. Tudo passou, mas a esperança de dias melhores continua a mesma, nunca vai mudar.

Outro ano começa, temos que estar preparados para a luta. Mesmo com a grana curta, as férias estão aí… É hora de “descanso”, de recarregar as baterias… A praia nos espera, precisamos encarar estradas com pedágios caros, engarrafamentos, sem esquecer que ladrões também gostam do verão – viajam juntos, viraram companheiros de todas as horas… É isso aí, temos que calibrar a paranoia, não esquecer que outros nos esperam depois das festas. Eles: IPTU, Imposto de Renda, matrícula das crianças, cartão de crédito estourado, e por aí afora.

Enfim, tudo apenas muda de lugar… Não temos escolha, ninguém admite passar o verão longe da praia. É pegar o que sobrou do dinheiro e usar a disposição para enfrentar os “novos velhos” desafios. Depois tudo recomeça, estamos vivos. Os amanhãs serão sempre os primeiros dias do resto das nossas vidas…

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Valacir é bageense, edita o Blog do Vala,
e mora há muitos anos em Porto Alegre
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5 de dezembro de 2013

Un homme et une femme, vingt ans déjà


O Ciclo "A Filosofia e o Cinema Existencial" chega ao seu final na próxima sexta-feira, dia 06 de Dezembro, com a exibição do filme "Um homem e uma mulher: 20 anos depois", de Claude Lelouch. Cineasta francês (1937), Lelouch é autor de obras cinematográficas como "Um homem e uma mulher" e "Viver por viver". Após a exibição, haverá coquetel de confraternização. O IV Ciclo de Cinema, promovido pelo Departamento de Filosofia da UFPel, sob a coordenação do professor dr. Luís Rubira, ocorre todas as sextas às 20h, no Centro de Integração do Mercosul, em Pelotas. A entrada é FRANCA (retire sua senha no local, no dia da sessão, em horário comercial).

A programação completa do CICLO está disponível na página da UFPel:


Um homem, uma mulher: 20 anos depois. Un homme et une femme, vingt ans déjà, 1986, França. Direção: Claude Lelouch. Com: Anouk Aimée, Jean-Louis Trintignant e Richard Berry.
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4 de dezembro de 2013

Oceanólogo de Pelotas na Antártica

Em pleno Sol às 23h55 minutos.

Oceanólogo de Pelotas na Antártica

Bernardo dos Santos Vaz, servidor do IFSul, Campus Pelotas, está desde dia 25 de novembro no Continente Antártico.
O oceanólogo Bernardo dos Santos Vaz, servidor do IFSul, Campus Pelotas, está desde dia 25 de novembro no Continente Antártico. Bernardo foi convidado pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) a participa do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) com intuito de projetar e construir um novo Laboratório de Biologia de Peixes, de modo a retomar as pesquisas científicas nesta área. Como foi amplamente noticiado, parte da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) foi destruída pelo fogo em fevereiro de 2012, durante a OPERANTAR XXX.
Neve, pelos joelhos, e muita proteção contra o frio e o vento
Esse laboratório, projetado e montado pelo servidor do IFSul, dará suporte emergencial à pesquisa durante a Operação Antártica XXXII (2013-2014), foi levado de Rio Grande até a EACF pelo Navio de apoio Oceanográfico Ary Rongel em outubro de 2013. Durante cerca de um mês Bernardo fará a montagem dos equipamentos e o treinamento dos pesquisadores e técnicos que nele atuarão. Para desenvolver esse trabalho ele conta com a ajuda do eletrotécnico Adair Fraukauf.
Depois de um rápido período de adaptação e ambientação com as baixíssimas temperaturas do verão antártico, as constantes nevascas e o forte vento já fazem parte da rotina do oceanólogo que, agora, indo ou voltando para a estação de trabalho, cruza diariamente com pinguins, skuas, trinta-réis e vê, da porta do laboratório instalado à beira mar, grupos de baleias a poucos metros da praia.
Navio Ary Rongel
Em um ambiente de total harmonia, todo pessoal que passará ainda boa parte do mês de dezembro de 2013 no Continente Antártico, sempre que o clima possibilita, desfruta de momentos de contemplação da exuberante - e inédita - paisagem gelada com sua fauna específica e raríssima flora.
Publicado no site Pelotas13horas
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3 de dezembro de 2013

Tristão sem Isolda!

Tristão e Isolda, obra de Rogelio de Egusquiza,
pintor e gravador espanhol. Santander, 1845/Madri, 1915

Tristão sem Isolda!
J.J. Oliveira Gonçalves

Sem minha Isolda sou triste Tristão
A ruminar Lembranças no Caminho!
Eu a ouço no trinar de um passarinho
À noite, é a própria Lua em seu clarão!

Isolda, bela e Celta, que Saudade
Que distância entre nós... E este vazio
Que preenche meus abismos... Que sombrio
O esperar te (re)ver na Eternidade!

Voltei... Mas tu ficaste no Passado:
Um Mito, uma Lenda medieval
Onde o Amor sagramos Imortal!

Tristão eu continuo: triste e só
Até o (re)encontro... Quando pó

Feliz Tristão, então, volto ao teu lado!
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1 de dezembro de 2013

O Baú do Doutor Carvalho


A "bomba de Flit"

O Baú do Doutor Carvalho

José Carlos Teixeira Giorgis

Encontro no centro o doutor Pureza de Carvalho, que viera à capital em busca de advogado para discutir sobre os rendimentos das ações do Banco Pelotense herdadas por sua esposa, recém-descobertas em cofre secreto na propriedade rural das Palmas.

Conversa vai e vem, soube que está coletando termos para organizar catálogo que se chamará “Almanaque do outrora”, embebido de palavras que acalentaram seus tempos bajeenses logo que chegara de além-mar, “quando ainda era intendente o coronel Juvêncio Lemos”.

De imediato sacou uma surrada caderneta e leu alguns, que abaixo vão:

Bodoque, bolita, “paralisa”, fumo de lapela, caderno de caligrafia, tinteiro, gasosa, chiclê-balão, tarro de leite, picolé-surpresa, jogo de cela, glostora, quadro-negro, detefon, ceroulão, amor gaúcho, gamexame, tênis conga, camisete “colégio”, bomba de flit, coleção de flâmulas, goma arábica, anágua, cartilha, neocid, Bombril na antena da tv, mimeógrafo a álcool, escola de datilografia, papel almaço, simca-chambord, brim coringa, clistel, grude, ranho, ventosa, calça topeka, vendedor de enciclopédia, taboada, matraca, ama-de-leite, polaina, homem enfarpelado, maleteiro de estação, talabarte, afiador de faca ambulante, latim, decúria, casquete, fatiota, carpim, odol, casa krentel, rádio spica, galena, lagoão do soldado, giz, tapa-pó, recreio, batina de padre, auto-de-praça, bola de tento, salto Anabela, saia plissada, sessão vermû, máquina singer, briga de zona, quadrinhas de amor, carta enigmática, pileta, vitrola, disco 78, camisa volta-ao-mundo, palheta de colarinho, “queres ler?”, bismuto com martelinho, platinado de fuca, rotor, kides, sociedade dos fazendeiros, máscara de clorofórmio, galinheiro de pátio, banho na voltinha, botão germano, eletrola, coleção de canecos de festa da cerveja, fila de colégio, rabeca, figurinha premiada, frigidaire, skoda, pompas fúnebres, eira e beira, escariole, panela do candal, sotéia, diligência, tropeada, leiteiro de carroça, botina trave de ferro, para-raios, diligência, diário de debutante, quermesse, tulha de armazém, filme científico, matinê, etc.


Pediu colaboração para completar o dicionário e embora lhe desse a informação correta, saiu apressado dizendo que tinha que “pegar o bonde Gasômetro”.
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