31 de março de 2014

31 de Março


Águas de Março
Tom Jobim

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira

É a viga, é o vão, festa da cumueira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
Pau, pedra, fim, caminho
Resto, toco, pouco, sozinho
Caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol

São as águas de março fechando o verão

É a promessa de vida no teu coração.
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30 de março de 2014

Centenário dos Casos do Romualdo

Os "casos", na voz de P C Pereio, uma raridade

Centenário dos Casos do Romualdo

CONVITE

Neste ano de 2014, o Instituto João Simões Lopes Neto estará festejando o centenário de publicação dos textos que compõem o livro Casos do Romualdo, em que nosso grande escritor, através de seu personagem, nos conta casos inverossímeis e engraçados.

Há alguns anos, instituímos a data de primeiro de abril – dia da mentira – como o “Dia do Romualdo”.

 Assim, decidimos iniciar as celebrações alusivas ao centenário dos Casos, no próximo dia 1º de abril, em ato que constará da doação às bibliotecas das redes públicas municipal (SME) e estadual (5ª CRE), e também à biblioteca do IFSul, de obras relacionadas a João Simões Lopes Neto, gentilmente doadas a este Instituto pelo Professor Agemir Bavaresco e pela sua editora, WS Editor.

Em continuação, teremos a honra de ouvir os ilustres simonianos Luís Borges e Mário Mattos, ambos conhecidos estudiosos e profundos conhecedores da literatura do Capitão da Guarda Nacional, que dialogarão sobre diversos enfoques da obra centenária.

Com esta programação estaremos iniciando os festejos do centenário dos Casos do Romualdo, que irão se desdobrar ao longo dos próximos meses com palestras, mateadas, recitais de música e poesia, encenações teatrais, e o que mais couber para que a efeméride seja condignamente comemorada.

Contamos com sua honrosa e prestigiosa presença.

Data: 1º de Abril;
Horário: 18h30min;
Local: IJSLN – Rua Dom Pedro II, 810.

Antonio Carlos Mazza Leite
Presidente

Instituto João Simões Lopes Neto
(53) 3027-1865 / 9982 8803
Rua Dom Pedro II, 810

96010-300 Pelotas - RS
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13 de março de 2014

O Raide Latécoère. Exupérry "aterrisará" em Pelotas outra vez


O Raide Latécoère

Exupérry "aterrisará" em Pelotas outra vez

Pelotas reviverá em breve, graças ao Raide Latécoère, as diversas passagens do piloto francês Antoine de Saint-Exupérry pela cidade quando voava a serviço da empresa francesa Aéropostale.

Isso se dará durante o evento conhecido como Raide Latécoère - etapa América do Sul - 2014, que se realizará durante os meses de abril e maio. Voando em pequenos aviões que partirão de Buenos Aires, passando por Montevidéu, o Raide chegará à primeira cidade brasileira – Pelotas, dia 4 de maio, um domingo.

Imagem 2 - Clique para ler
O Raide Latécoère é organizado pela Associação Aéroclube Pierre-Georges Latécoère desde 2007, e pretende promover a história das linhas aéreas e de seus agentes, bem como divulgá-la a um maior número de pessoas. Em 2014, o Raide Latécoère fará sua segunda incursão pelo Brasil, visitando cinco antigas cidades-escala da Aéropostale: Pelotas, Florianópolis, Santos, Rio de Janeiro e Natal

Imagem 3 - clique para ler
Em cada uma das cidades ele tem por missão, além de estabelecer relações sólidas de amizade e cooperação, realizar o inventário dos vestígios da antiga Aéropostale para, futuramente, propor seu tombamento pela UNESCO como patrimônio universal.



Clique nas imagens 2 e 3 para ler na íntegra sobre o Raide, sobre Pierre-Georges Latécoère, o fundador da Aéropostale, e também sobre um dos seus pilotos mais famosos, autor do livro O pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupérry. Também, na imagem 2, contato/mail da Dra. Mônica Cristina Corrêa, Presidente da Associação Memória da Aéropostale no Brasil.

No Blog, leia mais sobre Saint-Exupérry clicando AQUI.
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A Filosofia e a Música no Cinema


O V Ciclo de Cinema do Departamento de Filosofia da UFPEL, “A Filosofia e Música no Cinema”, começa na próxima sexta-feira, dia 14 de março de 2014. Ao longo do ano serão exibidas 40 obras cinematográficas, divididas nos seguintes blocos temáticos: Ouverture; Primeiro movimento; Segundo movimento; Terceiro Movimento e Finale.

Tendo como fio-condutor a música, o presente Ciclo busca fazer uma introdução à música popular e erudita, e suas relações com a reflexão filosófica dos séculos XVII ao XXI.

Projeto de Extensão sob a coordenação do Prof. Dr. Luís Rubira, o Ciclo ocorrerá todas as sextas, às 20h, no Centro de Integração do Mercosul, em Pelotas. As senhas para assistir ao filme devem ser retiradas no dia da sessão, em horário comercial, na secretaria do Centro de Integração do Mercosul (Rua Andrade Neves, 1529). A entrada é FRANCA.

Confira a Programação:

OUVERTURE

14/03 – PINK FLOYD – THE WALL
Pink Floyd – The Wall, 1982, Reino Unido. Direção: Alan Parker.
Com: Bob Geldof, Christine Hargreaves, James Laurenson (95 min).

PRIMEIRO MOVIMENTO

21/03 – NO DIRECTION HOME: BOB DYLAN
No Direction Home, 2005, EUA. Direção: Martin Scorsese.
Com: Bob Dylan, Allen Ginsberg, Joan Baez. (208 min). Documentário.

28/03 – JIMI HENDRIX
Jimi Hendrix, 1973, EUA. Direção: Joe Boyd.
Com: Jimi Hendrix, Lou Reed, Little Richard. (102 min). Documentário.

04/04 – THE DOORS
The Doors, 1991, EUA. Direção: Oliver Stone.
Com: Val Kilmer, Meg Ryan, Kyle MacLachlan. (140 min).

11/04 – TROPICÁLIA
Tropicália, 2012, Brasil. Direção: Marcelo Machado.
Com: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa. (87 min). Documentário.

25/04 – ONE PLUS ONE [ROLLING STONES]
One plus one, 1968, Inglaterra. Direção: Jean-Luc Godard.
Com: Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones. (100 min). Documentário.

02/05 – LOKI – ARNALDO BAPTISTA
Loki – Arnaldo Baptista, 2008, Brasil. Direção: Paulo Henrique Fontenelle.
Com: Arnaldo Baptista, Sérgio Dias, Tom Zé. (120min). Documentário.

09/05 – WOODSTOCK
Woodstock, 1970, EUA. Direção: Michael Wadleigh.
Com: Janis Joplin, Jimi Hendrix, Santana. (184 min). Documentário.

16/05 – RAUL – O INÍCIO, O FIM E O MEIO
Raul – O início, o fim e o meio, 2012, Brasil. Direção: Walter Carvalho.
Com: Raul Seixas, Paulo Coelho, Marcelo Nova. (128 min). Documentário.

23/05 – SID E NANCY
Sid e Nancy, 1986, Reino Unido. Direção: Alex Cox.
Com: Gary Oldman, Chloe Webb, David Hayman. (112 min).

30/05 – AMERICAN POP
American Pop / WS & Keep Case, 1981, EUA. Direção: Ralph Bakshi.
Com: Mews Small, Ron Thompson, Jerry Holland. (96 min).

SEGUNDO MOVIMENTO

06/06 – ATAHUALPA YUPANQUI: EL LEGADO
Atahualpa Yupanqui: El legado, 2004, Argentina. Direção: Guilhermo Lópes.
Com: Atahualpa Yupanqui, Roberto “Coya” Chavero, Pablo del Cerro. (106 min). Documentário.

13/06 – PIAF – UM HINO AO AMOR
La môme, 2007, França. Direção: Olivier Dahan.
Com: Marion Cotillard, Emmanuelle Seigner, Pascal Greggory. (120 min).

20/06 – VIOLETA FOI PARA O CÉU
Violeta se fue a los cielos, 2011, Chile-Argentina-Brasil. Direção: Andrés Wood.
Com: Francisca Gavilán, Thomas Durand, Christian Quevedo. (110 min).

27/06 – BIRD [CHARLIE PARKER]
Bird, 1988, EUA. Direção: Clint Eastwood.
Com: Forest Whitaker, Diane Venora, Michael Zelniker. (161 min).

04/07 – THE BLUES: FEEL LIKE GOING HOME
Feel Like Going Home, 2003, EUA. Direção: Martin Scorsese.
Com: Son House, John Lee Hooker, Salif Keita. (110 min). Documentário.

11/7 – BUENA VISTA SOCIAL CLUB
Buena Vista Social Club, 1999, Cuba. Direção: Win Wenders.
Com: Compay Segundo, Ibrahim Ferrer, Rubén González. (105 min).

18/7 – CARTOLA – MÚSICA PARA OS OLHOS
Cartola – Música Para os Olhos, 2006, Brasil. Direção: Lírio Ferreira e Hilton Lacerda.
Com: Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça. (88 min). Documentário.

25/7 – O LIBERDADE
O Liberdade, 2011, Brasil. Direção: Cintia Langie e Rafael Andreazza.
Com: Avendano Jr., Seu Nogueira, Yamandu Costa. (71 min). Documentário.

01/08 – FADOS
Fados, 2007, Portugal-Espanha. Direção: Carlos Saura.
Com: Mariza, Camané, Carlos do Carmo. (93 min).

08/8 – VINICIUS
Vinicius, 2005, Brasil. Direção: Miguel Faria Jr.
Com: Vinicius de Morais, Maria Bethânia, Edu Lobo. (121 min). Documentário.

15/8 – CHICO BUARQUE: RODA VIVA
Chico Buarque: roda viva (volume 12), 2005, Brasil. Direção: Roberto de Oliveira
Com: Chico Buarque, Nara Leão, Tom Jobim. (120min.). Documentário.

22/8 – O ÚLTIMO BANDONEÓN
El ultimo bandoneon, 2005, Argentina. Direção: Alejandro Saderman.
Com: Marina Gayoto, Carla Algieri, Natalia Arroyo. (79 min).

29/8 – VITOR RAMIL – DÉLIBAB DOCUMENTAL
Vitor Ramil – Délibab documental, 2010, Argentina-Brasil. Direção: César Custódio
Com: Vitor Ramil, Carlos Moscardini, Caetano Veloso. (70 min). Documentário.

TERCEIRO MOVIMENTO

05/09 – JOHANN SEBASTIAN BACH – O MESTRE DA MÚSICA
Johann Sebastian Bach, 1985, Alemanha. Direção: Lothar Bellag.
Com: Ulrich Thein, Franziska Troegner, Rosemarie Bärhold. (Parte 1: 175 min). Mini-Série.

12/09 – AMADEUS [MOZART]
Amadeus, 1984, EUA. Direção: Milos Forman.
Com: F. Murray Abraham, Tom Hulce, Elizabeth Berridge. (161 min).

19/09 – MINHA AMADA IMORTAL [BEETHOVEN]
Immortal Beloved, 1994, Inglaterra-EUA. Direção: Bernard Rose.
Com: Gary Oldman, Jeroen Krabbé, Isabella Rossellini. (121 min).

26/09 – SCHUBERT – A CASA DAS TRÊS MENINAS
Das Dreimäderlhaus, 1958, Alemanha-Áustria. Direção: Ernst Marischka.
Com: Karlheinz Böhm, Rudolf Schock, Magda Schneider. (98 min).

03/10 – SINFONIA FANTÁSTICA – A VIDA DE HECTOR BERLIOZ
La Symphonie Fantastique, 1942, França. Direção: Christian-Jaque.
Com: Renée Saint-Cyr, Lise Delamare, Jean-Louis Barrault. (90 min)

10/10 – À NOITE SONHAMOS [CHOPIN]
A Song to Remember, 1945, EUA. Direção: Charles Vidor.
Com: Paul Muni, Merle Oberon, Cornel Wilde. (113 min)

17/10 – WAGNER
Wagner, 1983, Grã-Bretanha. Direção: Tony Palmer
Com: Richard Burton, Laurence Olivier, Vanessa Redgrave. (Parte 2: 180min). Mini-Série.

24/10 – MAHLER
Mahler, 1974, Inglaterra. Direção: Ken Russel.
Com: Robert Powell, Georgina Hale, Lee Montague. (115 min).

31/10 – A FLAUTA MÁGICA
Trollflöjten, 1975, Suécia. Direção: Ingmar Bergmann.
Com: Ulrik Cold, Josef Köstlinger, Irma Urrila. (135 min).

FINALE
07/11 – TODAS AS MANHÃS DO MUNDO
Toutes les matins du monde, 1992, França. Direção: Alain Corneau.
Com: Gérard Depardieu, Jean-Pierre Marielle, Anne Brochet. (115 min).

14/11 – FARINELLI – IL CASTRATO
Farinelli, 1994, França-Itália-Bélgica. Direção: Gérard Corbiau.
Com: Stefano Dionisi, Enrico Lo Verso, Elsa Zylberstein. (111 min).

21/11 – CARUSO – A LENDA DE UMA VOZ
Enrico Caruso: leggenda di una voce, 1971, Itália. Direção: Giacomo Gentilomo.
Com: Ermanno Randi, Gina Lollobrigida, Ciro Scafa. (91 min).

28/11 – CALLAS FOREVER
Callas Forever, 2002, França-Itália. Direção: Franco Zeffirelli.
Com: Fanny Ardant, Jeremy Irons, Joan Plowright. (108 min).

05/12 – ENSAIO DE ORQUESTRA
Prova d’orchestra, 1978, Itália. Direção: Federico Fellini.
Com: Balduin Baas, Clara Colosimo, Elizabeth Labi. (70 min).

12/12 – CONCERTO CAMPESTRE
Concerto Campestre, 2005, Brasil. Direção: Henrique de Freitas Lima.

Com: Antonio Abujamra, Sirmar Antunes, Roberto Birindelli. (100 min).
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10 de março de 2014

Vendas e Bolichos na estrada de Bagé a Dom Pedrito


Bolicho do Donato Abreu, em foto de Cássio Lopes


Gerson Luis Barreto de Oliveira

O asfaltamento da estrada de Bagé a Dom Pedrito só foi feito no início da década de 70. Mas como era essa importante ligação entre as duas cidades antes da BR 293?

Bem antes disso, ao casar em 1930, minha avó tinha poucas opções para ir da sua cidade até a propriedade rural dos Barreto, a melhor era pegar uma "aranha", carrocinha ligeira com cobertura, e seguir de Bagé, via São Domingos, trotando até a Ramona. Naquele local, onde há um pequeno corredor, se esperava o ônibus vindo de Lavras. Carro era um luxo para poucos, o sogro dela, Aníbal Barreto (o bisavô Chavinho), tinha um "Ford Bigode", que só usava na cidade. Raríssimo era se pegar um carro para ir à campanha, e isso só os ricos proprietários podiam. Na época os automóveis eram tão poucos em Bagé que nem havia emplacamento. Uma opção era pegar o trem até a Parada Pons, onde meu avô a esperava com os cavalos, e de lá ia se por dentro dos campos até as casas.

Alguns anos depois surgiria o ônibus do Pillengue, que fazia a ligação entre as duas cidades. Este muita poeira soltou fazendo a rota e, se chovia, não havia viagem, pois no inverno as estradas ficavam intrafegáveis e se tornava muito difícil.

Mas, antes disso, alguns estabelecimentos comerciais foram criando clientela ao longo da "carreteira" e os proprietários, os arrendatários ou os posteiros se abasteciam nestes casas comerciais, tal qual se vai hoje ao supermercado. Além, é claro, do pessoal que transitava pela estrada parando nas vendas e bolichos para descansar ou comer alguma coisa.

 A viagem que hoje leva uma hora pela BR naquela época levava até um dia inteiro dependendo da distância total a ser percorrida.

E era na Ramona, onde o "seu" Amaral tinha sua venda, mas só mais adiante o irmão do meu avô, o "seu" Alexandre (Tulula) Simões Barreto tinha a primazia de na sua venda ter a parada oficial do ônibus do Pillengue. Além da forte venda que comercializava de tudo, o tio Tulula, como todos o conheciam em família, tinha lá a sua sede rural. A linda casa branca de janelas vermelhas era ladeada por uma grande quinta de árvores frutíferas.


Bolicho do Tulula, foto de Cássio Lopes

Mais adiante, e alguns anos depois, nos Três Cerros, era Donato Abreu, casado com Maria Amélia Barreto (também irmã do meu avô Idelmar), que era o proprietário da terra, comprada de alguns primos da esposa. No local o filho do casal tinha a venda do Guaracy. Esta venda eu cheguei a conhecer quando criança.

O Cerro Cunhatay e a mangueira de pedra, foto de Cássio Lopes

Mais adiante se localizava o Bolicho do Albano, mais dedicado a venda de bebidas, e por isso não frequentado por famílias. Situava-se exatamente em frente a um grande acampamento do DAER.

Chegando no Paço da Ferraria, que é exatamente o meio do caminho entre Bagé e Dom Pedrito, havia bastante atividade social característica da época. Existiam as canchas de corrida, bem em frente da casa do João Aguiar, que havia sido também uma venda, mas já falida. A ponte sobre o Arroio Santa Maria ainda de madeira, trincava na passagem dos carros. No colégio se instalavam as urnas usadas nas eleições, e era ali que minha avó se empenhava como cabo eleitoral getulista e grande incentivadora das carreiras. Eufórica quando os seus cavalos, ou de parentes chegados, ganhavam as pencas, a pequena mulher subia nos arames para torcer melhor e ver os animais na linha de chegada.

Mas era a venda do "seu" Machado o grande empório da localidade. Lá "tinha de tudo". Os tecidos eram arrematados e Dona Idê, esposa do proprietário, por ser habilidosa costureira, dava jeito em tudo e costurava as roupas para a clientela.

As compras eram feitas e apontadas em Cadernetas que só eram somadas e pagas no mês de maio, após a comercialização do gado que era engordado até a chegada do inverno.

Mais adiante era o Rincão dos Leon, grande família que vizinhava com os Barreto, o que resultou em alguns casamentos saídos desta proximidade.

E acabava a nossa intimidade com a carreteira, mais além era a distante Dom Pedrito.
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8 de março de 2014

As Mulheres do Novo Século


As Mulheres do Novo Século

Luiz Coronel

Uma homenagem ao Dia Internacional das Mulheres

Elas vieram
pelas ruelas dos séculos
gerando filhos que moldaram
a história.

E podem dizer:
– nós geramos com amor,
é nosso o leite
e não o fel do mundo.

Nós colocaremos o futuro
no colo,
vamos pentear seus cabelos,
proteger seu passo trôpego.

As mulheres descobriram
o segredo do cofre
e as receitas do poder.
Mas nem por isso dispensam
rosas e perfumes.

Elas têm a sensibilidade
como bússola
e a obstinação como guia.
E são fecundadas
pela aurora.

Senhoras dos enigmas,
garças com garras de leoa,
elas desenharão o amanhã
em sua nova arquitetura
em cima de aventais e pranchetas.
Imperceptivelmente
elas orquestram o tempo.

A esperança do mundo
está no reboliço de suas bolsas
e no mais recôndito escaninho

de seus corações.
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6 de março de 2014

Diga 33...

A contagem cabalística que, ao fazer esta postagem, já passava de 333.335

Hoje pela manhã, um pouco antes das dez horas, nosso contador registrou a marca dos 333.333 acessos. Mais precisamente a contagem das trezentas e trinta e três mil, trezentas e trinta e três visitas às postagens do Blog da Velha Guarda do Colégio Estadual de Bagé. Quem for numerólogo, por favor, faça alguma previsão, algum cálculo... e nos diga o que isso representa. Um abraço e, mais uma vez, obrigado pelas 333.333 vezes que passaram por aqui. Como diria o meu tio Zéca Oliveira minerando nas águas do Passo do Bernardo, É muita areia para o meu caminhãozinho...



Um abraço a todos.
Luiz Carlos Vaz,
criador e editor deste Blog de memórias.
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