3 de novembro de 2014

tic-tac-tic-tac

Foto Marcelo Soares

tic-tac-tic-tac
Ângelo Alfonsin
 
tic
estou no meio da noite
sem fim dos insones
zumbi
vagalume sem lume
nem leme
meus livros sob a cama
pedem socorro de náufragos
salvos jamais abandonados
sem saber que ninguém
precisa deles mais do que eu
na confusão sonora os gritos
de ajuda são meus
tac
já é de manhã
encaixo os ossos do esqueleto
às vezes tenho de procurar
algum arame entre as ferramentas
que se encaixe melhor
estendo os miolos na janela
para o sol matar as minhocas
que se alimentam dos meus
pensamentos
por isso elas já morreram
e não sabem
faço cálculos sobre o que sobrou
de mim
tomara que não sejam renais
depois das sobras dessa travessia
espreguiço logo existo
tic
entardece dia que desce
pelas escadarias do tempo
como se não fosse mais clarear
nunca se sabe pois para alguém
em algum lugar
não haverá mais amanhã
se estiver sonhando
será sem acordar
como uma continuação
sem intervalos comerciais
tac
amanhece o cheiro do café
é cheiro de vida
quando desço da nave cama
digo para mim mesmo
"um pequeno passo para a humanidade
e um grande salto para um homem"
na conquista de seu espaço

.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vaz, o bom filho a casa ( o "Velha") entorna, "with a litle help from my friends"
Esse relógio flutuando é coisa de craque, que por acaso chama-se Marcelo Soares, demais.
Mata o véio.
Abraço.
angeloalfonsin10@gmail.com

Luiz Carlos Vaz disse...

Um abraço, meu amigo.
Casa aberta a qualquer tic-tac.
Vaz

Anônimo disse...

Luizamigo

Viva o tic tac tic tac!

... e ainda não publicaste a capa do Crónicas das minhas teclas tic tac tic tac

Qjs & abçs para todos os tic tac tic tac... E viva o Banzé, ups, Bajé!

Luiz Carlos Vaz disse...

Vai sair, vai sair...
Um abraço doladecá!