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Foto: Martina Annemarie |
Ela me disse que vai levá-lo em suas caminhadas e mandar fotos com ele pela sua cidade.
Este Blog procura resgatar a Memória Coletiva do Colégio Estadual de Bagé, o Carlos Kluwe, e também da nossa cidade, através da narrativa de fatos que marcaram a vida de todos que por aqui nasceram ou viveram. Objetiva também colaborar com a cultura da Região de Fronteira, onde Bagé está situada. Mande suas histórias e suas fotos para o mail blog.estadual@hotmail.com Mostre que temos memória e zelamos por ela.
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Foto: Martina Annemarie |
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Foto J.M. de Farias |
(Memórias
dele e nossas)
Juarez Machado de Farias (*)
Tornei-me um apaixonado por documentários que se atravessam à
minha frente como a me convidarem a conhecer outros assuntos, outras vidas.E o
estranho é que mesmo um tema, aparentemente desinteressante, passa a ganhar meu
interesse. Talvez porque envolva pessoas bípedes como eu que se expressam a
falar do que lhes foi proposto naquela produção.
Da mesma forma, as biografias e as memórias me cativam
porque, mesmo sem qualquer relação direta com o que vivi, me oferecem universos
de individualidades que me conectam com sentimentos e histórias provados por
seres de carne, osso e emoções como eu.
Ao buscar um livro para me acompanhar numa viagem alada
(ainda sofro um pouco de ansiedades com transporte aéreo), sem usar Rivotril e
assemelhados, foi numa ida a Pelotas que
comprei na Livraria Vanguarda o livro "A História de Abel - Memórias"
de Luiz Carlos Vaz (1ª edição, Editora Ardotempo, ano de 2021).
Dentro da aeronave, abri pela primeira vez a obra, prefaciada
pelo escritor e médico Paulo Rosa, que me conduziu a uma saborosa incursão
pelos pagos de Hulha Negra e Bagé - dois municípios ligados à natalidade,
infância e adolescência do autor. Ou seja, eu, cidadão piratiniense, nascido,
criado e morador em um município próximo - geográfica e culturalmente - dos
locais ali mencionados também viajei pelas peripécias do menino e do
adolescente que já demonstrava gosto pela escrita e pela fotografia como se
depreende do poema "Quem será e onde andará a menina da bica?" e das
crônicas"A Menina da Bica, O Começo", "O Guri que gostava de
árvores. E de escrever".
Então posso afirmar que as memórias de Luiz Carlos Vaz são
também nossas porque vivemos, tivemos infâncias, adolescências, ingenuidades
como a belamente retratada na crônica "A faca que corta dá talho sem
dor" e a nostalgia de um sabor que conta de um pastel que era vendido no
Hotel Quitandinha em Pinheiro Machado.
Além disso, no meu ofício de radialista na Rádio Nativa FM de
Piratini irei, talvez, aproveitar para repartir com a audiência a
radiofonização do conto que dá nome ao livro e, certamente, o já mencionado
"O Travesseiro do Hotel Quitandinha" e, ainda, "Um Voto
Maragato" e "Cabrita".
Ou seja, continuarei viajando - agora em terra - com as
memórias que Luiz Carlos Vaz partilhou com todos nós.
______
(*)
Advogado, Locutor e Operador de Som na Rádio Nativa FM
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Pieter
Bruegel, o Velho |
“Vamos construir uma cidade com uma torre altíssima,
que chegue até aos céus;
dessa forma o nosso nome será honrado por todos
e jamais seremos dispersos pela face da Terra!”.
Gênesis 9:4
Luiz Carlos Vaz (* )
Impressionante como a falta de noção das mínimas coisas reais tem afetado a criatura, que se diz humana, atualmente...
Estamos vivendo no início deste
século XXI uma demonstração clara de falta de visão da realidade. Esse
repentino desejo de construir o maior edifício do mudo, a maior estátua do mundo,
é mostrado a todo momento pelos noticiários de tevê, jornais (ainda existem?) e
das “redes sociais”. Desde Dubai, onde há bilhões de petrodólares esperando para
entrar em ação, até uma praiazinha chinfrim aqui do Sul, onde a maior preocupação
dos “turistas e moradores” é o preço do milho verde! Bah! Me poupem desse
vexame!
Fico pensando que faltará gente “de bem”
para morar nessas torres todas, além de imaginar a humilhação que será para a
vizinha do “20º andar”, quando encontrar no elevador a moradora-proprietária do
“200º andar”... Pensem no olhar que a “madame do duzentos”, com um filhote de
dinossaurinho no ombro, lançará para a pobre milionária de um andar a 300
metros abaixo de sua cobertura, e que carregará consigo apenas um mísero
ursinho polar, que vai se mijar de medo, do tal filhote de dinossauro, que custou três milhões de dólares, que foi
clonado a partir de um DNA antigo, descoberto nas geleiras do Groenlândia,
agora o 55º estado americano (ou já será o 56º, ou 57º...?).
Escrevo isso enquanto lembro das pessoas
que vi, quando voltava da Casa Lotérica, mexendo e remexendo nas lixeiras aqui
das ruas da minha cidade, disputando com os cachorros os restos de pizza que
ficaram colados nas embalagens sextavadas de papelão. Sim, fui conferir meu
jogo, eu quero tirar na Mega, eu quero descer pra becê!
Dois pensamentos me atormentam nessas
situações: o primeiro é como seria fácil acabar com a miséria e dar dignidade a
todos os seres da terra. Dinheiro não falta, é suficiente para terminar com a
fome no mundo, umas cem vezes; o segundo é a tradicional e canalha sentença: “Oferece
um trabalho prá essa gente e vais ver que eles não querem trabalhar!”.
Enquanto isso os mega bilionários em
frente ao espelho ficam batendo boca e dizendo uns para os outros: “olha bem, o
meu é maior que o teu”, e sacodem (ops!) os projetos, as plantas, os croquis
com as fachadas das futuras Torres de Babel que, como se sabe, jamais alcançarão
o Céu.
Acho que vou descer prá becê.
Mas... quanto tá o milho verde lá, hein?
(*) Luiz Carlos Vaz é Jornalista, Fotógrafo, Escritor e
Editor deste Blog