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Foto J.M. de Farias |
(Memórias
dele e nossas)
Juarez Machado de Farias (*)
Tornei-me um apaixonado por documentários que se atravessam à
minha frente como a me convidarem a conhecer outros assuntos, outras vidas.E o
estranho é que mesmo um tema, aparentemente desinteressante, passa a ganhar meu
interesse. Talvez porque envolva pessoas bípedes como eu que se expressam a
falar do que lhes foi proposto naquela produção.
Da mesma forma, as biografias e as memórias me cativam
porque, mesmo sem qualquer relação direta com o que vivi, me oferecem universos
de individualidades que me conectam com sentimentos e histórias provados por
seres de carne, osso e emoções como eu.
Ao buscar um livro para me acompanhar numa viagem alada
(ainda sofro um pouco de ansiedades com transporte aéreo), sem usar Rivotril e
assemelhados, foi numa ida a Pelotas que
comprei na Livraria Vanguarda o livro "A História de Abel - Memórias"
de Luiz Carlos Vaz (1ª edição, Editora Ardotempo, ano de 2021).
Dentro da aeronave, abri pela primeira vez a obra, prefaciada
pelo escritor e médico Paulo Rosa, que me conduziu a uma saborosa incursão
pelos pagos de Hulha Negra e Bagé - dois municípios ligados à natalidade,
infância e adolescência do autor. Ou seja, eu, cidadão piratiniense, nascido,
criado e morador em um município próximo - geográfica e culturalmente - dos
locais ali mencionados também viajei pelas peripécias do menino e do
adolescente que já demonstrava gosto pela escrita e pela fotografia como se
depreende do poema "Quem será e onde andará a menina da bica?" e das
crônicas"A Menina da Bica, O Começo", "O Guri que gostava de
árvores. E de escrever".
Então posso afirmar que as memórias de Luiz Carlos Vaz são
também nossas porque vivemos, tivemos infâncias, adolescências, ingenuidades
como a belamente retratada na crônica "A faca que corta dá talho sem
dor" e a nostalgia de um sabor que conta de um pastel que era vendido no
Hotel Quitandinha em Pinheiro Machado.
Além disso, no meu ofício de radialista na Rádio Nativa FM de
Piratini irei, talvez, aproveitar para repartir com a audiência a
radiofonização do conto que dá nome ao livro e, certamente, o já mencionado
"O Travesseiro do Hotel Quitandinha" e, ainda, "Um Voto
Maragato" e "Cabrita".
Ou seja, continuarei viajando - agora em terra - com as
memórias que Luiz Carlos Vaz partilhou com todos nós.
______
(*)
Advogado, Locutor e Operador de Som na Rádio Nativa FM
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