A Nebulosa da Formiga tem 50.000 anos luz de diâmetro
Tendo a cigarra cantado durante o verão,
apavorou-se com o frio da próxima estação.
Sem mosca ou verme para se alimentar,
com fome, foi ver a formiga, sua vizinha,
pedindo-lhe alguns grãos para aguentar
até vir uma época mais quentinha!
"Eu lhe pagarei", disse ela,
"antes do verão, palavra de animal,
os juros e também o capital."
A formiga não gosta de emprestar,
é esse um de seus defeitos.
"O que você fazia no calor de outrora?"
Perguntou-lhe ela com certa esperteza.
"Noite e dia, eu cantava no meu posto,
sem querer dar-lhe desgosto."
"Você cantava? Que beleza!
Pois então, agora, dance!"
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Não fiquem chocados. Mas esta foi a versão que conheci da fábula de Esopo – interpretada por Jean de La Fontaine, ainda quando eu era um piazito recém chegado lá da Hulha Negra. Confesso que, pelos estragos que as formigas faziam na horta lá de casa, sempre fui mais simpático à atividade da cigarra... Mas, depois de crescer um pouco, percebi que transpor para os animais os defeitos (ou possíveis virtudes) dos homens não era lá uma boa ideia... Mas era uma época em que se lia muito – inclusive as Fábulas. Tempos depois “especialistas em educação” resolveram as rixas entre os animais e tudo foi escrito de novo. Só não acharam solução para a situação do coitado do lobo mau. Ele ainda morre no final. Mas estou falando nisso para lembrar que nosso Blog alcançou a marca dos 50.000 acessos. Como uma formiguinha, foi trabalhando inverno e verão, sem parar, fazendo amigos e somando acessos - um a um, por todo o planeta, inclusive nas terras de Esopo e La Fontaine. Como já disse reiteradas vezes. "O Blog era só um instrumento para reunir os antigos alunos do Estadual..." Mas – como dizem os melhores autores: “a personagem adquiriu vida própria” e foi em frente. Às vezes Formiga, às vezes Cigarra, o Blog da Velha Guarda do Colégio Estadual de Bagé – o Carlos Kluwe, entrou para a barra de favoritos de 20.000 internautas ao redor deste mundo! (Quiçá de fora dele?) Quem sabe de alguém da Nebulosa da Formiga, com seus 800 bilhões de sois e seus 50.000 anos luz de diâmetro?
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5 comentários:
Estamos todos de parabéns, figuramos entre esses 20.000 mosqueteiros que enfrentaram esses salutares 50.000 duelos com as letras e as artes, em apenas um ano (Colorados, calma aí, não estou falando de futebol !).
Pois a "Cigarra e a Formiga" foi o primeiro livro que ganhei quando tinha de 5 para 6 anos de idade, não havia pré-escola naqueles tempos da Hulha Negra, mas eu já aprendia as primeiras letras em casa. Meu pai chegou à tardinha de Bagé, no "bonde" do Lauro Reis, e me entregou aquele pacote surpresa. Nunca esqueci da imagem desse livro, muito grande, muito colorido, letras grandes; lembro bem das caras da Dona Formiga e da Dona Cigarra. É uma pensa que ele não sobreviveu ao tempo e à mudança de residência para Bagé. E bem ao contrário do que pensam esses educadores de hoje, "politicamente corretos", essas histórias e outras tantas desse gênero foram a grande alavanca inicial do hábito para leitura, passando pelas "Caçadas do Pedrinho" (que também querem "cassar", como foi tema de post anterior) e pelo "politicamente incorreto" Disney.
Como já comentou comigo a colega Vera Luiz, que é dessa área, "é preciso ler, ler qualquer coisa, o que tiver ao alcance, como histórias de quadrinhos". Bem, eu lia até bula de remédio como o "Licor de cacau Xavier", receitas culinárias da minha mãe e rótulo de veneno para matar formigas (claro, não aquelas da fábula do Exopo).
Vou procurar para ver se acho essa edição.
É verdade, parabéns a todos nós que nos iniciamos prematuramente lendo e relendo gibis, lembram da Nióka? Tarzan dos antigos, Capitão América. Então naqueles tempos não haviam grandes escolhas, o que caia na mão a gente ia lendo e relendo. Os 20.000 internautas que seguem o Blog só devem agradecer a essa brilhante idéia do amigo Vaz. Eta porreta. Ainda não consegui as fotos remanescentes do "O Grupo", continuo na busca!!!
Obrigado, Miro! E as fotos d'O Grupo... vão aparecer, vão aparecer...
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