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diário da guerrilha
ângelo alfonsin.
primeiro os cães
e os gatos
depois o pai e a mãe
aos poucos os poucos
raros amigos
e mais cedo ainda os sonhos
se vão para sempre
como se tudo jamais tivesse
existido a não ser em sonho
o que restou de mim
não ocupa o vazio
da cadeira vazia
as mesas nunca mais vestiram
toalhas de festa
as flores mudaram-se
para o jardim das formigas
as frutas perderam
o gosto da inocência
com as mordidas insípidas
da vida adulta
dias cinzas
noites em claro
atrás de vogais gagás
consoantes que não soam
os poemas viram pó
atrás de mundos
que não existem mais
as tardes já vão tarde
os sofás fazem sala
para as paredes
na mesa do café a xícara
transborda de silêncio
fumegante
as reminiscências
arrastam correntes
pelos porões da memória
a lua cheia enche a noite
de lua
o sol quando abre a janela
traz uma fatia do dia
com cheiro de novo
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fotografia marcelo soares
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2 comentários:
Encontraste meu "diário da guerrilha" da vida, na minha ilusória "La Higuera", pelas quebradas do rio Yuro.
Como diz o hino: uma vez Vaz, sempre Vaz.
abraço
“Na quebrada do Yuro
eram 13,30 horas
(em São Paulo
era mais tarde; em Paris anoitecera;
na Ásia o sono era seda)
Na quebrada do rio Yuro
a claridade da hora
mostrava seu fundo escuro...
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(este sim Ângelo, um verdadeiro Hino! Um abraço!
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