Havia em nossa casa na Hulha Negra um "caramujo de enfeite". Ele dividia o espaço em cima de uma cômoda com alguns biscuits de porcelana dispostos sobre um guardanapo de crochê. Não sei, ou não lembro mais, qual a origem da tal concha, que chamávamos simplesmente de caramujo. Mas lembro bem que, ao colocá-la junto ao ouvido, era possível ouvir "o barulho do mar". Ontem, caminhando pela pelas areias da praia do Cassino, encontrei vários "caramujos" como aquele que havia lá em casa. Juntei dois ou três e levei comigo. Mais tarde, depois de lavadas e secas, coloquei uma das conchas junto ao ouvido "para ouvir o barulho do mar". E lá estava ele. Ele, o barulho do mar! O mesmo barulho que eu ouvia quando era pequeno, distante centenas de quilômetros do mar. Mar que nós, crianças da Hulha Negra, só conhecíamos das fotografias da revista O Cruzeiro.
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3 comentários:
Senti nostalgia...
Beleza de texto, Vaz. Parabéns.
Rafles
Rafles, isso era como um videogame da época. Um abraço
Era comum, especialmente para quem vivia longe do mar e só o via muito raramente, ter uma concha dessas como "lembrança"; lembro que lá em casa também havia uma, só de cor mais clara. Foi meu único contato com o oceano até muito depois...
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