20 de março de 2013

Novo livro de Mário Lopes



Mario Lopes, alguém  capaz de guardar uma cidade inteira no coração
Elvira Nascimento

Ninguém desconfia que, em sua própria casa, ele retém o tempo de sua aldeia. São muitas as vozes, as vidas, os muitos olhares, feitos e fatos de nossa história, registrados nas inúmeras publicações que compõem, hoje, o curioso e singular pequeno grande Museu que ele montou na rua General Osório.

Mas todo mundo agradece quando ele partilha, com zelosa  e pontual generosidade, com todos nós, nos jornais e publicações locais, como esta, a fecunda provisão de uma memória  coletiva ali, cuidadosamente, guardada.

Desde a cultura Inca narradores são designados para contarem seu mundo porque, sabia ela, da grande  e indefensável distração  humana. Também nós sabemos dela e de um tempo volátil e líquido que nos atravessa, desfaz pegadas, descarta ciclos e rostos e nos confunde nas engrenagens brumosas da incerteza. Por isso os documentaristas e as biografias se multiplicam.

A História precisa se olhar em várias perspectivas, fazer, incessantemente, sua autocrítica, avançar e se revisar. Precisa ,ela, sempre de rumos mais humanos. Mario Lopes colecionador de personagens, atento habitante do território da Memória, em seu severo ofício, comemora aqui suas contribuições. É integrante do Núcleo de Pesquisas Tarcísio Taborda, dirigido, hoje, pelo incomum dinamismo de Heloisa Beckman.



Ele tem 90 anos e, dentro, todas as idades do mundo.

Com certeza, a um canto de sua alma um ATOR do Teatro em Família, dos sonhadores anos 40, conversa com o experiente JORNALISTA e, este, com o perspicaz COMENTARISTA ESPORTIVO e, todos eles, com o ESCRITOR E MEMORIALISTA. Dessa roda plural de conversa nós recolhemos o mais caloroso resultado: o convívio com um ser humano sensível, especial, plenamente presente  na cena cultural da cidade, inquieto e vitalizante e apaixonado pelo que faz. Um ator de nossa história enquanto narrador, aquele que nunca abandonou a  cena mas  deslocou-a e alargou-a para  o grande palco  das narrações.

Mario Lopes é patrimônio humano de Bagé.

Quando sobe a sua Rua 7, dentro de seus passos, vai  alma dessa cidade, seus silêncios, resistências e a cintilante música da memória.


2 comentários:

Gerson disse...

Pozolha, como fala o meu amigo Vaz, inclusive tem como título aqui no blog, "Só podia ser em Bagé", ter uma personalidade destas em nossa querida Bagé. Um baita abraço índio velho.

Luiz Carlos Vaz disse...

Pozolha, Gerson, os livros desse homem são uma verdadeira viagem no tempo por Bagé. Recomendo.