Fopos de Esábula
Uma tentativa de contar as histórias como
no tempo em que os animais falavam.
Uma tentativa de contar as histórias como
no tempo em que os animais falavam.
O Macorvo e o Caco (*)
.
Millôr Fernandes
.
Andesta na florando um enaco macorme avistorvo um cou com um beço pedalo de quico no beijo. "Ver comou aqueijo quele ou não me chaco macamo", vangloriaco o macouse de sara pigo consi.
.
E berrorvo para o cou: "Oládre compá! Voçá estê bonoje hito! Loso, maravilhindo! Jami o vais tem bão Nante, brilhio, luzidegro. Poje que enso, se quisasse canter, sua vém tamboz serela a mais bia de testa a floroda. Gostarilo de ouvia, comporvo cadre, per podara dizodo a tundo mer que vocé ê o Rássaros dos Pei". Caorvo na cantida o cado abico o briu a far de cantim sor melhão cansua.
.
Naturalmeijo o quente caão no chiu e fente imediatamoi devoraco pelo astaco macuto. "Obriqueijo pelo gado!", gritiz o felaco macou. "E a far de provim o mento agradecimeu var lhe delho um consou:
.
Jamie confais em pacos-suxa"
.
______________________________________
______________________________________
NOTA DO BLOG - Nos meus tempos de guri do Estadual, entre outras tantas habilidades “não acadêmicas" sempre me destaquei pelo humor. O saudoso Pedro Farias sempre lembrava do meu famoso Caderninho de Piadas – que era uma pequena caderneta de molinha – onde eu anotava anedotas para depois contar nos grupinhos que se formavam antes, durante e depois das nossas aulas. A cada piada nova que aparecia pela boca de alguém, lá ia eu anotar e, assim, cheguei a 410 piadas e pequenos contos do Bocage, devidamente anotados que, contadas em momentos apropriados, chegavam a uma narrativa de mais de uma hora... Uma desses textos humorísticos era a famosa fábula do Macorvo e do Caco, reescrita genialmente pelo Millôr Fernandes. Graças a esse gênio da raça, animei muitas rodas de conversa, não só no recreio do Estadual, como em viagens, em festinhas e em outras situações. Naquela época a carreira de humorista - e outras ligadas à Arte - não era recomendada para um guri do interior de Bagé. Então acabei virando jornalista para contar histórias sérias que, na sua absoluta maioria, são totalmente desprovidas de graça. Claro, eu jamais abandonei esse meu perfil de humorista e, no Millor, sempre busquei inspiração para a minha constante crítica às instituições sociais atrasadas, corruptas e castradoras da criatividade do ser humano. Peguei o gosto pela charge e pelo fundamental bom humor sem o qual não se vive. A fábula do Macorvo e do Caco, recortada de uma revista e que ainda hoje guardo comigo, consigo ainda, sem esforço algum, recitar de cor.
.
Obrigado, Millôr Fernandes.
.
Apesar da sua morte, o mundo continuará sendo muito engraçado.
.
(*) Publicado aqui no Blog da VG em 28 de março de 2012
.
Um comentário:
Tchêêê Vaz, não sei se já vistes na internet uma das piadas em relação ao papa Francisco, rola no adedotário gaucho que, não havia um argentino tão proximo de DEUS, desde Judas. Um baita abraço tchê.
Postar um comentário