4 de agosto de 2012

Um baú no Pampa – XIV - Les Misérables

Os cinco volumes de Os Miseráveis, da biblioteca particular do bisavô Guasque


"Em quanto existir, por effeito das leis e dos costumes,
uma condemnação social, que produza infernos artificiaes no seio da civilisação,
e desvirtue com uma fatalidade humana o destino, que é inteiramente divinal; em quanto os tres problemas do século - a degradação do homem pelo proletariado - a perdição da mulher pela fome - a atrophia da creança pelas trevas - não forem resolvidos; em quanto, em certas regiões  fôr coisa possivel a asphyxia social; ou, n'outros termos, e sob aspecto mais amplo, - em quanto houver na terra ignorancia e miseria, não serão os livros como este, de certo inuteis.

Hauteville house, 1862"
(*)

O prefácio, na ortografia da época
  
  Hoje a cultura popular é diretamente influenciada pelos Estados Unidos, com sub-produtos na nossa "terra brasilis", tipo o rap e BBB; Encontramos isso em Luans Santanas, Telós, e todo o mercantilismo que somos obrigados a ouvir, com nossos tímpanos ardendo de indignação. Mas nem sempre foi assim.

  Há um século quem dominava a Cultura no mundo ocidental era a França. O Brasil não escapava da rota de influência, só era bom quem vencesse em Paris. Santos Dumont foi para lá e inventou o 14 Bis, deixando os americanos loucos de raiva, hoje falam que o inventor foi um cidadão chamado Wright, uma multidão viu nosso Santos Dumont alçar voo livre na Paris da Bélle Époque, os americanos tiveram que usar uma catapulta.

  Mas ídolo "pop" na França do século XIX foi o novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos. Victor Hugo, ele era o cara.

  Nascido em 1802, faleceu 83 anos depois, deixando uma imensa produção cultural. Até hoje seus livros são lidos e o seu maior sucesso, "Les Miserábles", teve uma adaptação eletrizante nos palcos atuais.

  Victor Hugo foi um homem do seu tempo, não deixou por menos quando Napoleão III acabou com a II República autoproclamando-se Imperador da França, tal qual o tio fizera anos antes. O nosso herói foi para o exílio, e de lá fustigava o político corrupto e autoritário, que se tornava o novo governante, isso sim era igual aos dias atuais - a classe política!

  Quando Victor Hugo já madurão, passando dos 60, encontra a jovem, linda e talentosa Sarah Bernhardt, se apaixona, e ela fica admirada pela fogosidade daquele senhor, que também escreve peça sobre peça para que ela brilhe nos palcos.

  Ao morrer em 22 de maio de 1885, um milhão de franceses passa silenciosamente diante do caixão colocado em meio a um mar de flores, embaixo do Arco do Triunfo. Até as prostitutas de Paris decretam luto. De preto, se recusam a trabalhar enquanto se realizarem os funerais. Isso é sucesso!

  Em Bagé o bisavô Guasque ganha um exemplar dos Miseráveis, a estória é triste, mas de uma profundidade absurda, além do relato fantástico das ruas e costumes de Paris do final do século XIX.
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Gerson Luis Barreto de Oliveira
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(*) prefácio da edição do bisavô Guasque
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Um comentário:

Anônimo disse...

Queridos primos

Parabéns ao Vaz, nosso Guasque honorário, e parabéns ao Gerson !!!

Abraços: Iraci