31 de outubro de 2012

Quarta-feira, dia nacional do sofá - XLV, Classificados

Foto Marcelo Soares


Classificados
Alugo espaço amplo, mobiliado com mesa, sofá... zona central, perto de tudo. Ar puro, economia total de energia, integrado à natureza (morta). Uma pintura, um verdadeiro Mondrian. Tratar com Marcelo Soares, no Diário de Canto.
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30 de outubro de 2012

29 de outubro de 2012

Dia Nacional do Livro

Simbad foi o primeiro "livro grande" que ganhei


Dia Nacional do Livro

  No dia 21 de dezembro de 1960 ganhei meu primeiro livro de histórias: Simbad, o marujo (1). Foi presente de aniversário de meu irmão e irmãs. Um livro belíssimo, formato grande, capa dura, ilustrado com bicos de pena de “Nils” que mostram as situações incríveis vividas pelo corajoso marinheiro de Bagdá. Além da narrativa das sete viagens do marujo, a metade final do volume traz algumas das histórias das 1001 noites, como O cavalo de ébano, Os encontros noturnos de Harun-al Raschid, A história de Abou Hassan, e outras.

As ilustrações do livro forneciam as dicas para imaginar o resto

  No início senti falta de mais figuras, mas logo a imaginação se encarregou disso e as ondas gigantes de oceanos nunca vistos por mim, e que ameaçavam o barco de Simbad, já estavam perfeitamente configuradas na minha mente. Eu era um guri do primário, mas logo fui me acostumando com a leitura dos livros mais robustos.

Mas imaginação, mesmo, era preciso ter para ler o Barão
Julio Verne era o nosso George Lucas

  Depois, em 1963, fui presenteado com As aventuras maravilhosas do Barão de Münchausen e, em 14 de agosto de 1965, cai nas garras de Julio Verne com Cinco semanas num balão. Nunca mais pude parar. As leituras de férias foram ficando cada vez maiores e, no Estadual, uma ótima professora de português, a professora Maria Veleda, colocou em minhas mãos, em 1964, ainda na primeira série do Ginásio, O Pequeno Príncipe, do Exupéry, e na terceira série, o maravilhoso livro de Henri De La Vaux, A volta ao mundo por dois garotos. A professora Maria Veleda ficou me devendo as férias de 1966, pois gastei todo o tempo disponível com as quase 400 páginas do De La Vaux...

  Não sei o que o os alunos do Estadual leem hoje. Mas, é certo que existem muito mais livros na Biblioteca, nas livrarias, nos supermercados, nas bancas de revista etc. Tomara que eles não estejam perdendo o precioso tempo com o biguibroder. Ora, é claro que não estão!

Luiz Carlos Vaz
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(1) O livro é uma publicação da Casa Editora Vecchi, em 3ª edição. Uma impressão muito boa, capa dura, 90 páginas no formato 22x32, tradução de Lívio de Almeida. Logo no início há uma informação de que “Simbad, o marujo, foi filmado pela RKO, numa produção de Stephen Ames com direção de Richard Wallace. Argumento de John Twist e Geoge Yates”. Ainda informa o pequeno quadro, no centro da página quatro, que “o filme foi estrelado por Douglas Fairbanks, Mauren O’hara, Walter Slezak, Anhotny Quinn, George Tobias, Jane Greer, Mike Mazurki, Sheldon Leonard e Alan Napier”. Meu irmão (sempre ele...) me levou para assistir esse filme, muito tempo depois, no saudoso Cine Capitólio.

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28 de outubro de 2012

O campo em flor

Foto LC Vaz


Pela flor amarela viajaremos
Cecília Meireles

Pela flor amarela viajaremos:
afastaremos as nuvens espessas
e as florestas de espinhos.

Pela flor amarela, vamos e voltamos,
por escadas escuras, corredores estreitos,
falando a desconhecidos.

Onde está, dizei-nos, a flor amarela?
Era minha? era vossa? era do seu próprio instante,
era sua, cativa por algum caçador floral?

Pela flor amarela atravessaremos a pedra,
o vidro, o metal, as palavras.
Atravessaremos o coração, como quem se mata.

Atravessaremos um novo mar desconhecido,
correremos Áfricas e Asias, polo e tropico,
e jogaremos nossa vida entre as estrelas.

A flor amarela está guardada em si mesma,
seu perfume, sob mil pétalas tranquilas,
seu pólen resguardado contra o vão descobrimento.
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27 de outubro de 2012

Imagens do cotidiano - LXXXIX, Tá dando? - parte II

Foto LC Vaz

E a pescaria continua... 

"É batata! Passa alguém e pergunta ao pescador: "Tá dando?"
As respostas variam de acordo com a intimidade dos interlocutores..."


(texto publicado em 19 de outubro de 2012)
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24 de outubro de 2012

Quarta-feira, dia nacional do sofá - XLIV Azul da cor do mar

Foto LC Vaz


Tim Maia

Ah!
Se o mundo inteiro
Me pudesse ouvir
Tenho muito prá contar
Dizer que aprendi...

E na vida a gente
Tem que entender
Que um nasce prá sofrer
Enquanto o outro ri..

Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...

Ver na vida algum motivo
Prá sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...

Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...

Ver na vida algum motivo
Prá sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...
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22 de outubro de 2012

19 de outubro de 2012

Imagens do cotidiano - LXXXVIII, Tá dando?

Foto LC Vaz

É batata! Passa alguém e pergunta ao pescador: "Tá dando?"
As respostas variam de acordo com a intimidade dos interlocutores...
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18 de outubro de 2012

Louis Vuitton

Foto Maribel Felippe

Este jacaré, "lagarteando" no solzito do Taim, nem liga para o ditado popular que afirma que jacaré que não anda vira bolsa de madame.
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17 de outubro de 2012

Quarta-feira, dia nacional do sofá - XLIII, Rap do Sofá

Fotografia Santhiago S Vaz


Esse sofá fotografado pelo Santhiago, com esse belo graffiti como pano de fundo, me inspirou para compor um rap, o Rap do Sofá. Não sei o que o JJ e o Ângelo vão achar disso, mas não deu prá segurar... 
(Se tiverem dificuldades para cantar no ritmo, peçam a um “MC”. Esse rap vai virar sucesso.)

Rap do sofá

Hoje é quarta-feira
É o dia do sofá
Hoje é quarta-feira
É o dia do sofá

Abandonado
Abandonado
Hoje é dia de sofá abandonado

É atirado
E é chocante
É um sofá abandonado a cada instante

Abandonado
Abandonado
Hoje é dia de sofá abandonado

É na rua
E é na praça
Ninguém leva mesmo que seja de graça

Abandonado
Abandonado
Hoje é dia de sofá abandonado

Tem azul tem amarelo
Tem te estilo e tem singelo
Mas ninguém quer mesmo que seja caramelo

Abandonado
Abandonado
Hoje é dia de sofá abandonado

Não cabe mais lá em casa
E não cabe no cortiço
Meu amigo, teu lugar vai ser no lixo

Abandonado
Abandonado
Hoje é dia de sofá abandonado

(Os leitores podem continuar as rimas nos comentários, é só seguirem a  métrica...)
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16 de outubro de 2012

O amolador de facas

Foto Marcelo S Vaz

O amolador de facas

Hoje vi um amolador de facas. Há quanto tempo não via um? Nem lembro. Eles andavam pelas ruas, faziam soar um apito caraterístico, parecido com o som de uma gaitinha de boca, e podiam ser localizados ainda bem longe, a duas ou três quadras. As donas de casa levavam até eles as facas cegas, os cutelos, as tesouras rombudas... e tudo ficava novinho em folha. Era possível cortar uma folha de papel no ar com uma faca bem afiada. 

Recordo com precisão que eles costumavam experimentar o resultado do trabalho na polpa do dedo polegar... dava um frio na espinha só de olhar. Depois eles deram lugar aos ambulantes, que vendiam aparelhinhos milagrosos que “devolviam a visão” a qualquer faca velha. Vieram as famosas facas Guinzo, que cortavam uma lata ao meio e não perdiam o fio, e vieram, também, as “carnes de primeira”, os frangos de granja e as facas amoladas perderam o sentido... 

Hoje, quando vi o amolador perto da minha casa, pensei em mandar afiar alguma faca, uma tesoura, não que precisassem de fio, mas para proporcionar àquele velho amolador o prazer de exercer a sua velha profissão. Quando sai à rua não mais o vi, tampouco escutei o seu apito caraterístico que indicasse a sua direção. Não tive o prazer de conversar com ele, saber alguma coisa sobre o seu equipamento de amolar, esticar uma boa conversa sobre essa atividade em extinção. 

Se não fosse pela fotografia poderia pensar que foi uma visão do passado, uma imagem antiga que voltou à mente... Foi-se o amolador e ficaram as facas sem fio e inúteis, pois o bife já vem cortado, o frango se desmancha na panela e “a faca que corta e dá talho sem dor” ficou só na velha cantiga de fazer criança dormir.
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15 de outubro de 2012

O Espírito do Mestre!

Um jovem grego acompanhado à palestra pelo seu pedagogo. 
(Figura retirada da pintura de um vaso)


O Espírito do Mestre!
J.J. Oliveira Gonçalves

O professor deveria ser um ser feliz. Mas não o é. Pelo menos, é o que penso. Fruto dos meus 30 anos de magistério - sempre exercendo meu trabalho na sala de aula. Dos bancos da faculdade levamos conhecimento e uma cultura geral - que adquirimos da convivência com nossos professores e com outros mestres silenciosos que falam conosco e nos aconselham, através de páginas e páginas dos tantos e tantos livros que passam a ser dedicados e esclarecidos companheiros do dia-a-dia. Sou sempre grato às aulas, aos diálogos - dentro e fora de aula - com professores e professoras que me informaram, me aconselharam, me sugeriram, me ensinaram sobre a arte e o fraterno ato de ensinar, quando no Curso de Letras da PUC: Línguas, Didática, Pedagogia, Psicologia, Sociologia, Filosofia, Cultura-Geral. A todo essa carga de informações, aliamos o indispensável Idealismo que já devemos trazer dentro de nós. Assim munidos, adentramos o campo vasto, belo e colorido da Educação - do ensinar, do batalhar, do semear e do colher, tendo consciência de que o ato de ensinar é um ato antigo e sempre desbravador na Pauta da Vida, por ser grandioso e ímpar, um ato de doação, (não confundir, por favor, com o tal sacerdócio!), um ato eminentemente fraterno, onde o egoísmo não cabe nem a pueril e frágil vaidade humana! Penso muito claramente que o sacerdócio é para o religioso. Da mesma forma que o magister não pode ser confundido com uma nomenclatura moderninha, criada de uns tempos para cá, que, simplesmente, (e de infeliz idéia!), quer transformar o ser emblemático professor em mero trabalhador em educação.

Lecionei por mais de 30 anos em Porto Alegre. Nesse tempo, dei o melhor e o mais jovem de minha vida, mas jamais deixei de mostrar minhas idéias, pois nunca tive vergonha de trazê-las à tona, debatê-las, defendê-las. E por ser um professor desse jeito e nesse formato, conquistei o respeito e o companheirismo da grande maioria de meus alunos e alunas. Por outro lado, essas audácias todas de um simples professor de sala de aula, me obrigaram a passar pelas salas de aula de 12 escolas estaduais! Com certeza, passei o que sabia e o que podia para meus alunos. Sei que aprenderam bastante comigo - e aqui não serei modesto em afirmar. Todavia, aprendi muito com eles, sobre a Vida e os fatos que nela se desenrolam... Sobre as carências. Sobre o encantamento dos Sonhos. Sobre a beleza da Amizade - que, para mim, é uma das mais latentes nuanças do Amor! (E não é o próprio ato de ensinar um imensurável e gostoso Ato de Amor??) Com certeza - e ainda - minha passagem pelas 12 escolas me ensinou dolorosamente sobre os desgastantes e torturantes atos de (des)amor do bicho-homem, de suas vaidades, de suas conveniências e conivências, de seus tão fugazes apegos a cargos, a poderes, a sistemas governamentais ditatoriais, cáusticos, apodrecidos... Infelizmente, até hoje, têm diretores(as) que se pensam proprietários(as) de escolas públicas. Esqueceram que professor(a) é uma profissão e que diretor(a) é apenas o exercício de um cargo que pode vir a exercer. Além do que, não aprendeu, ainda, o significado da palavra latina respublica...

Há 9 anos, (e me parece mentira!), estou aposentado. Em meus doces delírios de professor, quantas vezes pensei em voltar a lecionar algumas manhãs - que é o turno que sempre preferi para estudar e para lecionar. De repente, olho o "quadro negro" do Magistério e penso: "Meu Deus, estou tendo uma recaída"... É triste pensar assim? Sim, é! Esse pensamento vai além da tristeza: é deprimente! Mas, fazer o quê? Fazer o que faz o avestruz? Não. Nunca incorporei essa triste metáfora! Portanto, não será agora que a incorporarei.

Hoje, 15 de Outubro de 2012... Mais um "Dia do Professor". Quem ainda lembra dessa pessoa, desse profissional - desse homem e dessa mulher que já tiveram dias de reconhecimento, de glórias, de vitórias? Que já tiveram - por seu papel relevante e reconhecido - o Respeito da Sociedade e dos governantes?

Desculpem, se pareço cético... Mas, hoje, quem me dera dizer: "Tudo como dantes, no velho quartel de Abrantes"... Mas, nem isso posso dizer... Afinal, tudo está bem pior na longa e incógnita Caminhada do professor... Derrocada do Saber? Será que governantes e sociedade quebraram o Espírito do Mestre?? Ah, só o Tempo - Velho Mestre - há de nos contar, um dia... Em detalhes e... sem censura!

JJ de Oliveira Gonçalves

Porto Alegre, 15 de Outubro - Dia do Professor/2012. 11h27min
jjotapoesia@gmail.com - www.cappaz.com.br
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14 de outubro de 2012

A ponte dos suspiros



A colega Eliana Valença manda esta foto do tempo de criança. Diz ela que “... a pracinha  é aquela que fica na rua atrás da Sete, ao lado do edifício Consórcio. Eu sou a da direita (pelo cabelo, só podia...) e as crianças são três irmãos, nossos amigos, que vieram de Santa Maria nos visitar. Não lembro o nome deles, mas eram da família Jackes. O bem da esquerda é meu irmão Marcos Vinício. Data? deve ser por volta de 68 ou 70..."
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13 de outubro de 2012

depois da chuva

foto marcelo soares diário de canto


depois da chuva
aninha
que vontade de ser como uma daquelas pessoas que vi
andando na chuva
sem proteção
deixando a chuva escorrer
molhar suas roupas
sem o mínimo incômodo
plenas
por certo
com as almas lavadas
hoje veio o sol
com ele
novos planos
e borboletas 
quando voltar a chuvarada
quero estar despida de qualquer impedimento
leve
querendo da vida o que ela dá
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Publicado em
lusque fusque
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12 de outubro de 2012

Menina da bica



Menina da bica 
(para todos que já foram crianças)
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Menina da rua
que mata a sede na bica.
Quem és tu menina?
Que gosto tem essa água
que tomas direto na bica?
Tem gosto de liberdade?
Tem gosto de meninice?
Ou será de desgosto
de abandono
e miséria?
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Menina da bica,
onde andas hoje menina?
Será que mataste a sede
que tinhas naquele dia?
Porque não provei também
da água daquela bica?
Assim lembraria o gosto
da água daqueles dias
(agora tão distantes)
só na fotografia.
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Em 1971, indo para o Estadual, fotografei esta menina bebendo água numa bica que havia no canteiro central da rua Marechal Deodoro, entre as ruas Marechal Floriano e Sete de Setembro, bem onde havia um ponto de táxi, na quadra da Praça de Desportos. Ela me olhou, terminou de tomar a sua água e depois saiu correndo, junto com outros dois meninos menores do que ela, e desapareceu praça adentro. Nunca mais a vi. Só fiquei com esse momento fixado na fotografia. Há pouco, revendo a imagem, escrevi este poema e sempre me pergunto: quem será e por onde andará a menina da bica?
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Publicado aqui em 16 de Maio de 2010
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11 de outubro de 2012

Madame Fulano de Tal



Errar é humano, eu sempre estou repetindo. Eu mesmo erro muito. Mas não deixa de ser engraçado quando um erro revela um autor apressado ou distraído... Conhecidíssimo em Santa Maria, onde já foi prefeito mais de uma vez, o Dr Farret parece que precisará colocar, por segurança, seu currículo na internet. Lembrei na hora da música cantada pelo imortal Nelson Gonçalves, cuja letra, claro, não tem nada a ver com a esposa do Dr Farret, a Sra Carmem Claudete Cáurio Farret, com quem tem 2 filhos.

Madame Fulano de tal
Autoria de Nelson Gonçalves


Arranjou uma aliança e agora é
Madame Fulano de Tal,
Eu conheço o seu passado de aventura,
Já fui vitima da sua traição,
E a malvada criatura ainda achou,
Um anjo que lhe deu a mão.

Conheceu tantos amores por aí,
Coração tão leviano eu nuca vi,
Desceu tanto pra subir, mas afinal,
Agora é, madame Fulano de Tal!
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10 de outubro de 2012

Quarta-feira, dia nacional do sofá - XLII, Apartado

Foto de Maria Isolete

Andei toda a vida em conjunto. Um dia fui apartado da turma e parei no cantinho de uma outra sala, quebrando um galho, para acomodar alguém de pernas mais curtas. Mas agora chegou a vez do descarte. Estou aqui, ao lado da embalagem de pizza, esperando o o resto da turma, quem pode saber?
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Foto enviada por Maria Isolete Oliveira Aires,
de Torrinhas
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Festival de Cinema no Carlos kluwe

DIRCE: “essa foi uma maneira de garantir que eles realmente aprendessem”


Esta é a novidade na Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Kluwe.

Em um trabalho interdisciplinar inédito, os estudantes do 2º ano do Ensino Médio estão lançando o primeiro festival de cinema da instituição, denominado Troféu Carlitos.

Na escola, a ideia partiu de três membros da instituição, que viram no cinema uma ferramenta valiosa para a educação. O projeto está sendo coordenado pela professora de Língua Portuguesa, Dirce Assunção, o monitor, Márcio Mor e a professora de Educação Artística, Laura Witter.

Tudo iniciou quando os estudantes começaram a estudar a influência e as características do Realismo nas obras de arte. Surgiu então a oportunidade de realizar um trabalho interdisciplinar, apontando também a herança na língua. “Nós não queríamos que eles utilizassem os métodos convencionais de pesquisa, que não despertam tanto o interesse. Então sugerimos a ideia dos curtas, que foi bem aceita”, explica Dirce.

Começou então o processo de preparação para os alunos, que contaram com oficinas de cinema ministradas por Mor, que participou da produção do O Tempo e o Vento. “Repassei a eles noções básicas de divisão da equipe, como funciona uma produção. Depois distribuímos as funções nos grupos, que contaram com todas as funções de uma produção normal”, conta.

Após a distribuição das funções, totalizando 20 grupos, os estudantes começaram a trabalhar em cima do roteiro, que deveria ser original, contendo as heranças do realismo. “Foram abordados temas como corrupção, inveja, interesse. Essa foi uma maneira de garantir que eles realmente aprendessem, e não só copiassem as pesquisas da internet, como fazem muitas vezes”, explica Dirce.

Os estudantes também receberam instruções sobre os programas que deveriam utilizar na montagem do filme. “Busquei indicar programas fáceis de utilizar e que não fossem totalmente estranhos a eles (estudantes). Se eu indicasse um software complicado ou desconhecido, poderiam ter problemas na montagem”, informa Mor.

A estudante Gabriela Luna, 16 anos, conta que o trabalho foi uma forma inédita de despertar o interesse dos estudantes. “Foi uma maneira divertida e proveitosa de entender o Realismo, pesquisamos muito para conseguir compor os roteiros. Além disso, também aprendemos muito sobre o processo de criação de um curta-metragem, o que foi muito interessante”, ressaltou.

Apesar de ser um concurso amador, a intenção é que a próxima turma consiga inscrever os curtas produzidos para concorrer no Festival de Cinema da Fronteira. Neste ano não houve tempo hábil, já que a maioria dos curtas está em processo de finalização.

As premiações também remeterão a um concurso profissional, contendo categorias de premiações como Melhor Ator/Atriz, Melhor Direção de Fotografia, Melhor Roteiro, Melhor Filme e Melhor Direção. Para avaliar os 20 curtas-metragens, foram convidados pessoas de renome da área de audiovisuais da cidade, como fotógrafos e diretores de cinema. O troféu que será entregue aos premiados também foi idealizado pelos próprios alunos, confirmando o vanguardismo da iniciativa.

A exibição dos curtas será realizado no auditório da escola, entre os dias 4 e 5 de novembro, às 18h30min. A premiação acontece no dia 10, com a exibição dos filmes vencedores da mostra.
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Publicado em 
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9 de outubro de 2012

Contando Pelotas - 200 Anos


A nossa colega do Estadual, Giséle Maria Costa da Silveira, "a neta do Dr Nominando", integrante do Grupo Literário da Biblioteca, convida para o lançamento do livro Contando Pelotas - 200 Anos, dia 20 de outubro às 18 horas, na Bibliotheca Pública Pelotense. Lá estaremos.
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7 de outubro de 2012

Histórias de família, Um voto Maragato


Izidoro foi "qualificado" pela primeira vez em abril de 1958

Izidoro Lopes dos Santos nasceu no distrito de Torrinhas - na “aberta do cerro”, no Município de Cacimbinhas, no ano de 1896. Era, portanto, um homem do século XIX. Maragato, nunca tirou do pescoço seu lenço vermelho. Foi sepultado com ele. Sempre acompanhado de um “índio”, que lhe servia como cavalariço, Izidoro foi um gaúcho na verdadeira acepção da palavra: não fincava raízes em lugar algum, e vivia como gaudério em carreiras, bailantas e confusões, envolvendo mulheres normalmente sempre bem mais jovens do que ele. Esquilador de profissão, mantinha seus apetrechos de trabalho – tesoura, descascarreador, avental... - sempre bem conservados, e na época de tosquia forrava a guaiaca com pelegas de mil reis, e lá vinha outra temporada andarenga, sem dia ou hora marcada para nada, virando a pampa do avesso atrás de farra, jogatina e canha. Firme nas suas convicções políticas, era assisista e não suportava que lhe falassem em Borges de Medeiros. Quando isso acontecia, começava a replicar, já gaguejando,  as veias do pescoço saltavam e ficava  vermelho como seu lenço, defendendo seus ideais republicanos.

Mas os tempos de farra passam, e vem a hora em que todo homem precisa apeiar dessa vida sem rumo. Há que achar uma boa china, erguer um rancho e se aquietar. E foi assim que Izidoro deixou para trás a fuzarca, achou moça decente e foi parar em Bagé. No começo estranhou a vida na cidade grande e custou a se acostumar com o “movimento” da Bagé de 1958. Tirou até documento de gente de cidade, trabalhou como ronda noturno, virou eleitor e votou, pela primeira vez, em 1958. Ele já contava 62 invernos... Naquele ano, em eleições gerais, o Brasil elegeu governadores para 11 estados (*), um terço do senado, deputados federais e estaduais. Num tempo em que estados como a Bahia, Amazonas e Rio Grande do Sul não possuíam a figura do vice, o PTB elegeu aqui Leonel Brizola governador e Guido Mondim senador.

Não sei em quem o meu padrinho Izidoro votou naquelas eleições que se realizaram numa sexta-feira, dia 3 de outubro de 1958, mas no domingo, quando fui visitá-lo, ele gaguejava mais do que o normal e as veias do pescoço pareciam mesmo que iam explodir...

(*) nessa época os mandatos dos governadores não eram coincidentes

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Publicado aqui no VG em 2 de outubro de 2.010

6 de outubro de 2012

O Analfabeto Político


Foto LC Vaz

Bertolt Brecht sempre atual...

O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, 
nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, 
o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito 
dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, 
e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Eugen Berthold Friedrich Brecht 
(Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956)
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