6 de maio de 2021

Ando assim, meio assim…

                                                                         Fotografia Luiz Carlos Vaz

 

Ando assim, meio assim…


Iris Cordeiro (*)


Ando assim, meio assim…

Sem saber se deixo a janela aberta pro vento entrar ou se prefiro quando a chuva resolve me molhar

Se costuro a renda da minha calcinha ou deixo pra lá…

Se jogo um pingue-pongue ou vou até o jardim colher uma flor cor de sangue

Se tomo um café com meia gota de adoçante ou se bebo um vinho ou um espumante

Ando assim, meio assim…

Sem saber se digo que não ou se digo que sim

Se ponho pilha no meu despertador ou vivo a vida plenamente a qualquer hora que for

Se faço mais uma tatuagem, se vou ao cinema ou se faço uma viagem

Se me lambuzo de sorvete, de calda de pêssego ou me lambuzo de amor

Ando assim, meio assim…

Sem saber se como um bolo, um chocolate ou engulo uma flor

Se beijo os teus olhos ou se te protejo dos temporais

Se trago a lembrança da minha infância ou se recordo dos meus carnavais

Se converso com o moço da biblioteca ou com a menina que brinca de boneca

Ando assim, meio assim…

Sem saber se ficou onde estou ou se corro pra agarrar a felicidade

Se faço versos ou se preparo um café

Se toco a sineta da satisfação ou se mergulho numa decepção

Se coloco o meu escapulário ou se compro uma água de cheiro no boticário

 

Ando assim, meio assim…

Sem saber nada ou quase nada de mim.

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(*) Iris Cordeiro é médica; escreve crônicas, poesias e desabafos. Publica por enquanto nas redes sociais. Por enquanto...

Um comentário:

Unknown disse...

Lindíssimo!👏👏👏