8 de fevereiro de 2011

O Grande Rodeio Coringa

Darcy Fagundes e Dimas Costa apresentando o Grande Rodeio Coringa em 1957
Foto obtida no site http://www.carosouvintes.org.br/blog/
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O Brim Coringa, que era uma famosa marca de tecido, virou nome de calça aqui no Rio Grande do Sul. Ao melhor estilo das Lee, americanas, a Brim Coringa era a calça de ir à escola, ao passeio, ao trabalho, enfim, a todo lugar. Feitas para durar uma vida toda, eram muito fortes e aguentavam o pique da gurizada que, na verdade, sonhava com as tais Lee ou Levi’s... As nacionais, da etiqueta Topeka, ainda demoraram um pouco a aparecer. Grande patrocinadora do rádio, a São Paulo Alpargatas, empresa que fabricava o tecido e a calça, emprestava o nome para o  inesquecível programa de domingo à noite na Rádio Farroupilha de Porto Alegre, O Grande Rodeio Coringa, criado em 1954. O programa repetia a fórmula consagrada dos grandes programas de auditório das rádios do Rio de Janeiro e de São Paulo e foi apresentado em diferentes momentos por nomes como Darcy Fagundes, Luiz Menezes e o bageense Dimas Costa. O Grande Rodeio Coringa era um programa de música e variedades, bem ao estilo da época, e era dividido em quadros - chamados invernadas: a dos cantores, das duplas, dos gaiteiros... A mais comentada e esperada da noite, a invernada dos trovadores, encerrava o programa. Nela, notáveis repentistas, como o Preto Limão III, enfrentavam desafiantes em várias sessões de trovas numa jornada que poderia envolver dois ou três domingos seguidos. Era a sensação do programa. E tudo patrocinado pelo Brim Coringa, “o único que não encolhe!”. Uma invernada protagonizada por comediantes divertia a família e especialmente a garotada. Nela, a dupla de humoristas, Pinguinho e Walter Broda, fazia as piadas possíveis num programa de rádio acompanhado por famílias inteiras de todo o Estado e da região Sul do Brasil com “ouvintes dos 8 aos 80 anos”. 
Não tenho visto mais essa turma por aí. Também não vejo mais ninguém usando uma calça de Brim Coringa. Contrariando o “reclame”, elas até aguentaram muito, mas não duraram a vida inteira.
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18 comentários:

Gerson mendes Correa disse...

Tchê Vaz, ainda hoje quando vou comprar ou me referir a tal, peço ou falo calça de brim, e o pessoal fica me olhando sem saber do que se trata, hoje é jeans pra la jeans pra cá, uma verdadeira boiolagem que virou isso. Pois para mim continua sendo calça de brim, Lee, Topeka e mais tarde a US Top, nada como um velho guides Bamba, uma calça de brim e uma camiseta Hering, as "camiseta de física" como chamavam as regatas. Lembras disso?

Unknown disse...

Me criei ouvindo o Grande rodeio Coringa". Era "o fantástico radiofônico" nas noites de domingo. Sentávamos na sala ouvindo o velho "Mullard" a válvulas, do meu pai.
De fato encerrava-se o programa com a invernada das trovas. Gratas recordações.

olmiro muller disse...

As rádios Cultura e Difusora apresentavam, respectivamente, os programas "Céu e Chão da Querência" e "Camperiando na Querência". Consideradas as devidas diferenças, eram programas análogos ao "Grande Rodeio Coringa". Aqueles que queriam menosprezar diziam que eram programas de "grossura". (A pobreza de espírito sempre existiu).

Gerson mendes Correa disse...

Em 57, eu estava chegando ao mundo, no entanto eu lembro de durante os anos 60 ouvir o programa que o Olmiro mencionou, O Céu e o Chão da Querência junto com minha familia, o tempinho bom era aquele.

Hamilton Caio disse...

Como o Pedro falou, esse era o programa das noites de domingo, que começou a ter grande audiência em Bagé a partir dos últimos anos da década de 50. Antes dessa época, esse horário era dominado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, com o programa "Nada além de dois minutos", apresentado pelo Paulo Roberto, às 20h. Mas o meu pai continuava fiel ao horário da Nacional, só passava para o Rodeio Coringa após o encerramento do programa do Paulo Roberto. Então, já pegava o programa andando pela "invernada dos gaiteiros". Quando encerrava com os trovadores, era hora de desligar o rádio, todos iam dormir, era sinal de que ia amanhecer uma nova semana, com o trabalho dos adultos e o colégio das crianças.
O programa "Nada além de dois minutos" marcou o final dos anos 40 e início dos 50 no rádio brasileiro, e também na nossa casa, os assuntos abordados eram comentados nas conversas da semana seguinte.

Luiz Carlos Vaz disse...

Sim, Gerson, até hoje eu lembro das "camisas de física" compradas na Casa Alegre ou no Salim Kalil...

Luiz Carlos Vaz disse...

E, Pedro, lembra que depois do Rodeio e do noticiário, que já era a hora de deitar, ainda tinha o "Incrível, fantástico, extraordinário", programa que teatralizava histórias de assombrações, almas do outro mundo e afins? Um tio meu ajeitava tudo na volta de casa, tipo fechar galinheiro, soltar o cachorro e etc, porque depois que começava o programa ele não saia da cama nem que batessem palmas no portão...

Luiz Carlos Vaz disse...

Pois, Olmiro, ainda é preciso contar essa saga do rádio em Bagé. Checo Figueiró, Candinho, Zé da Estrada, Mário Codevilla, Marilú Silva, e mais um cara que tocava violão adoidado - e que me foje o nome, mas lembro que era casado com a Eva Camejo, também cantora de rádio.

Luiz Carlos Vaz disse...

Gerson, também não podemos esquecer a Corrente da Soliedariedade, com avisos para campanha... era o e-mail da época, hahaha

Luiz Carlos Vaz disse...

Olha, Hamilton, muitos programas da TV e quadros humorísticos, foram todos copiados do rádio. O "Balança mas não cai", com o Primo Pobre e o Primo Rico (Brandão Filho e Paulo Gracindo), O Programa do Chacrinha, o Show Calouros - do Ary Barrozo, a Praça da Alegria, com a velha surda e etc... tudo tudo cópia e adaptação do rádio para a TV, pois no rádio, já eram programas com assistência e claque que, de certa forma, era o futuro público da tv ao vivo ali na platéia.

Gerson mendes Correa disse...

"Os avisos" acho que todo bageense escutava, até porque como bem falaste, eram a forma mais rápida de se comunicar, os emails da época.

olmiro muller disse...

O violonista casado com a Eva Camejo era o Adolfo Moraes.

Luiz Carlos Vaz disse...

Mas êta Olmiro bom de memória... na mosca! O Roberval certa vez foi ter aulas de violão com ele. Claro, a jovem guarda era o que imperava entre os guris, e o Adolfo Moraes botava o Roberval a tocar valsinhas, xote e rancheira... era um quadro!

Manoel Ianzer disse...

Grande Adolfo Moraes com seu violão. Ele era meu vizinho e aos domingos uma turminha de guris e gurias o acompanhava para participar do programa matinal na Rádio Cultura de Bagé. Como diz a música de Roberto Carlos - "belos dias, belos sonhos".
Saudade de Adolfo, calmo, leal, camarada e amigo.

Maria Luiza Benitez -Jornalista/Historiadora/Cantora disse...

Meus queridos, vocês me fizeram voltar no tempo. Fiquei extremamente emocionada ao lembrar meus ídolos da época e ex colegas de rádio. O Zé da Estrada e a Marilu, o Adolfo Moraes e a Eva Camejo, enfim... Quando guria eu cantava no programa do Checo Figueiró... me lembro dele de tirador,dando relhaço pra todo o lado.... E a Tia Nica Saraiva que tocava sempre a mesma marca na gaitinha, heim?Tempos felizes, sem maldade, sem disputa de beleza... A gente era feliz... e sabia disso !

Luiz Carlos Vaz disse...

Oi Maria Luiza! Que bom que comentaste aqui no Blog!! Realmente uma viagem no tempo...

Anônimo disse...

Gostaria de relembrar com meu pai, no aniversário dele de 90 anos que será no domingo dia 08/01, os programas Brim Coringa, Pinguinho e Walter Broda através de vídeos/audio para passar na festa de aniversário. Se alguém souber onde encontrar favor dar retorno. Obrigado.
Gideon Ribeiro

gideonrs@pop.com.br

Anônimo disse...

Alguém lembra do programa humorístico "Teje Preso"? Era numa rádio da capital, não recordo se era a Farroupilha, Guaíba...