Foto Alexandre S Gomes |
Amo o Mar!
J.J. Oliveira
Gonçalves
Quando o
conheci, no verde verão de 67, senti um grande e irresistível fascínio por ele.
Ali, estava eu com meu corpo pequeno e magrelo ante aquela Criatura imensa,
barulhenta, agitada - profundamente misteriosa... Em minha imaginação, montava
uma a uma aquelas ondas bravias, indomáveis... Para mim, eram selvagens e
líquidos potros que galopavam o verde-azulado do Mar... Nunca, nunca esqueci
que esses potros tinham crinas prateadas que se desmanchavam aos meus pés...
Ah, selvagens potros marinhos com suas crinas molhadas de Sal e Prata!
A Beleza e a
Solidão do Mar provocavam suspiros alongados em meu peito e deixavam minh'Alma
num doce e inquebrantável recolhimento franciscano - não importando quão cheia
a praia estivesse - pois sou assim: consigo ficar a sós comigo mesmo no meio da
multidão barulhenta. Creio que isso é atingir o Estado Zen do Espírito... Ali,
estavam meu pai e minha mãe. Os três estávamos conhecendo o Mar. Meu pai ficou
encantado e foi mostrar seu encantamento pulando n'água, nadando e rindo.
Afinal, muito nadara - em sua juventude - no velho Camaquã, pois nascera
pertinho desse famoso e bucólico rio gaúcho... Minha mãe - também em seu
encantamento pelo Mar - escolheu ficar sentada,
olhando distâncias com olhos de míope, (embora míope não fosse,) aquele
corpo infinito em constante e ritmado movimento... O que pensaria minha mãe? O
que pensaria meu pai? Além dos meus próprios pensamento, eu ficava a imaginar o
que eles pensavam... (Ah, sempre fui assim maluco...) Todavia, sei que estavam
felizes. Eu? Eu também sentia uma felicidade... pela metade... Sentia Saudades
de alguém que ficara em terra distante e, a exemplo do final desta gostosa e
amorosa canção cantada por Charles Trenet, esse alguém era a Metáfora mais que
perfeita de la Mer, pois que me encantou o coração pour la vie...
Amo o Mar! Esse
Santuário onde Deus escreve uma Poesia em constante mutação e o pintou de
aquarianas cores e o povoou de belas, minúsculas e gigantes Criaturas
marinhas... Criaturas nossas irmãs - eis que somos todos filhos da mesma e
Divina Fonte!
Amo o Mar! Amo
essas Criaturas! Amo essa cores e seus tons alegres e variados! Amo os
Mistérios - profundos e indecifráveis do Mar! Amo esse Santuário e o respeito!
(E o respeito porque o Amo!) E abraço essa Imensidão - ante a qual sou
simplesmente um pequenino e frágil grão de areia - com a Infinitude de meu
Espírito de homem-comum e de poeta! Afinal, no Espelho líquido e cristalino do
Mar - onde a Lua deixa refletir seu corpo Etéreo e Sensual - também podemos ver
a Imagem Onipresente de Deus... Nesse Espelho, Deus declama um de seus mais
Belos Poemas... Em companhia do Sol, da Lua, das Estrela, do Vento, da Chuva...
Enfim, de Suas Criaturas Marinhas a quem Ele Ama com o mesmo Amor que esparge
sobre todos nós - filhos e filhas Bem-Amados!
J.J. Oliveira Gonçalves
Porto Alegre, 02 de julho/2012. 21h05min
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2 comentários:
Caro Vaz...
Grato, por mais esta publicação de um texto meu! Essa croniquinha "chegou" assim: liguei a tevê e estava terminando um filminho/comédia: "Férias de Mr. Bean". Então, vi a praia, o mar, aquele gente toda - alegre e colorida se divertindo. Vieram imagens cheias de relembranças, as quais se avolumavam à medida que eu ouvia, (e cantarolava, também), a belíssima "La Mer", com sua letra de "desenhadas" e românticas Metáforas - na voz francesa e quente de Charles Trenet. Por um tempo, fiquei filosofando, devaneando... Depois, vim para o PC e escrevi essas linhas docemente reminiscentes que publicaste.
A foto do Alexandre S. Gomes é uma belíssima Metáfora Fotográfica. Parabéns - e obrigado por ilustrar tão fielmente minhas palavras!
Abraço franciscano para ambos!
JJ!
Sem dúvida, JJ, um belo casamento de texto e imagem...
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