Foto Marcelo Soares |
Canto (e Desencanto) de um Pássaro!
J.J. Oliveira Gonçalves
As horas fluem. Os dias se vão. O
ano, embora nem tão velho assim, se esvai. Chronos continua - com seu
irreversível Cinzel - a lapidar, (ou delapidar?), minha face, meu corpo... Às
vezes, penso, até, que mexe um tanto em minha Alma - embora esta, por crenças
que aprendi - seja intocável, imexível, Imortal! De qualquer forma, ainda que
Chronos não possa fazê-lo, as coisas da Porfia - e esta não é outra máscara de
Chronos? - com certeza, de alguma maneira, vá cinzelando este Sopro Etéreo a
que chamamos Alma...
Domingo de meu Pai Oxalá. Oxalá
incompreendido. Apesar de sua palavra de Paz. Oxalá tantas vezes traído, (pois
não continua sendo traído, até agora - pelos homens materialistas e de má
vontade?), apesar de seus gestos de Amor. Oxalá brilha no Sol que me ilumina a
janela e faz mais cristalina a vidraça. O olhar me embaça - apesar do Sol - eis
que, na panorâmica de meus olhos, lembranças se acendem, respingadas de
suspirosas Saudades... Já tive tempos de Luz e de Sonhos de Verão... Quem sabe,
para amenizar tempos tormentosos, vazios, ausentes... Tempos de Solidão que
vivo, agora. Todavia, não perdi esta mania (incompreensivelmente teimosa!) de
querer ser girassol!
Vou. Sigo. Prossigo. Enquanto escrevo
desta forma intimista - e sei que piegas para alguns, (embora isso não me
importe, pois não me incomoda). Olho o Vento que dá às folhas das árvores um
toque sutil de lírica e lúdica Nostalgia... Peço a ele que mexa em minhas
Energias. Que leve as que me são pesadas ao corpo e à Alma e as desfaça em
rútilo redemoinho no Astral... E me traga as Energias das Florestas - vestidas
de 1000 aromas... As Energias das Águas - com Prismas cristalinos e
refrescantes... Enfim, que me envolva Corpo e Alma com as Puras Energias de
Mãe-Natureza. Que me traga, dos irmãos animais, a Sabedoria de suas Lições de
humildes Seres da Natureza, para que eu conheça a Magia Sagrada de sua Conexão
Natural com o Grande Espírito - a quem, comumente, chamamos de Deus!
19 de dezembro. 2012 se estiola...
Aos poucos... (Ou mui rapidamente?) 2013 vem vindo... A passos largos. E eu me
pergunto - depois de tanto tempo que parece que foi ontem: quem sou? Somente
posso responder, (apesar de enluarados meus cabelos que tinham o negror da
noite!): não sei!! Tão somente sei que continuo, aqui... Aqui, para onde me
mandaram fazer o quê? Aqui, onde vivo por viver. Onde sobrevivo porque essa é a
Lei! Onde existo porque não posso negá-lo! E vou levando... apesar das Dores!
Mas, chega. Impõe-se puxar as rédeas
desta (in)voluntária compulsão do ato (insano e solitário!) de escrever. Há
calmaria nesta manhã de Domingo. Há silêncio. (Um avião passa e ouço a canção
cansada e misteriosa de suas turbinas!) E lá do quintal me chega o ruído
alvissareiro de pardais tagarelando - quem sabe? - de como é bela e colorida a
Vida... Quem sabe, ainda, recitem versos curtos e mimosas rimas para esconder
as Dores de suas Penas... Seja com for, Orpheu a Lira me emprestou... E eu -
poeta de temas itinerantes, nômades - feito um Cigano, rumo à Pátria onde
descansarei a Alma das Longas Caminhadas... Feito um Índio, levo meu coração
para que descanse, em Paz, entre a intermitência fascinante e misteriosa das
mágicas Estrelas...
Já é quase Natal... Já é quase outro
ano...
Sou o prisioneiro pássaro que
canta... sem saber por quê!
Todavia, desconfio seja este um canto
de silencioso desencanto...
Talvez, comigo mesmo... Quem sabe?
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Porto Alegre, 19 de dezembro/2010.
10h47min - ha
jjotapoesia@gmail.com -
www.cappaz.com.br
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Texto escrito em 2010 e adaptado para 2012 pelo Blog com a autorização do autor
Neste dia 19 de dezembro de 2012 o poeta JJ completou 39 anos de casamento!
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