10 de dezembro de 2012

Bagagem



Bagagem
Marcelo Soares

Em qual buraco depositei as chaves do retorno?

Na saída, por segurança, deixei à mão em algum dos bolsos de fora,  mas agora, devem estar num  escaninho sem fundo da menos importante das malas.

Custo a dar o primeiro passo, antes, evito o desconhecido até ser íntimo das possíveis descobertas. Por isso, vejo, revejo, leio, observo e analiso todas as passagens na tentativa de uni-las na distância. Então, por tudo que é aprendido, pelo que pode no espaço e no tempo vir a ser vivido,  encontro-me ao reverso:  sempre mais próximo do começo.

Mas... onde terei deixado as chaves?

Por que trazer terços se não rezo? Peças que não servirão nem como enfeites ou fitas que perderão o sentido e as cores?

Aqui só tem papéis e presentes, ali notas, moedas e alguns pingentes...

Embora não as exiba plenamente, guardo muitas fotografias, todas recortadas no contexto do efêmero - do presente, que de um momento viram meras lembranças. Muitas lembranças, menos esta: de saber onde deixei as chaves.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Que baita foto! o detalhe do corpo no vidro, sensacional.