26 de agosto de 2013

Barra Pesada: Um repórter policial fala de tiras e bandidos...


Barra Pesada:
Um repórter policial fala de tiras e bandidos... 

Valacir Marques Gonçalves

Aos amigos policiais que não apreciam lembrar antigas histórias aconselho a pararem por aqui. Usando a linguagem do autor, vou falar de um livro que reencontrei num “sebo”, que li há muito. Seu título: “Barra Pesada”. Escrito por Octávio Ribeiro, vulgo “Pena Branca”, jornalista de profissão, dizia ter como psicose o perigo... Ele revelou sua “vida pregressa” num livro cativante, recheado de “mumunhas” divididas em “rounds” - nome que deu aos capítulos da sua obra. Com um estilo marcante, inclui gírias e expressões da malandragem da época. Através do “retângulo de capa dura”, deu sua versão, onde explicou que “não curtiu os condimentos mágicos da literatura”, apenas “colou as consoantes nas vogais, tentando separar o bem do mal, como as grades separam o bandido dum policial...”.


O livro tem quase trezentas páginas. São imperdíveis, principalmente, as entrevistas onde a polícia da época é dissecada. Sua descrição das visitas que fez à Mangueira impressiona. Diz que esteve lá acompanhado, mas que também “enfrentou sozinho a gravidade do morro”. Que “só conseguiu dialetar com os ‘astuciosos aventureiros’ da montanha ao prometer-lhes que omitiria suas verdadeiras identidades”. Tirou deles que em cada virada de beco a morte tá com fome”. E fez a pergunta que muitos gostariam de fazer: – “Como é que os bandidos e os trabalhadores arranjam dinheiro para o carnaval?” – “Quem vive de trabalho honesto apanha empréstimo. As lavadeiras se viram nas tinas. Já, a pesada, segura o ‘querenque’ pra fazer um ganho...”.

É isso aí, quem quiser saber mais procure o “retângulo de capa dura” nos “sebos”. Quem não achar, mande o nome e “direção” que entra na fila do empréstimo...
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