Mas, se as gurias se deliciavam com as fotonovelas, os guris do Estadual tinham também os seus heróis. Um, entre tantos, se destacava por ser um herói nacional, brasileiríssimo, carioca da gema! O detetive "Anjo". Surgido como uma série produzida para o rádio por Álvaro Aguiar, foi levado aos quadrinhos pelo excelente desenhista Flávio Colin. O Anjo era um detetive bom vivant, que desvendava com astúcia, só vista depois em James Bond, crimes e mistérios que ocorriam sempre no Rio ou em São Paulo. O Anjo formava, com mais três amigos, um quarteto imbatível. O mais famoso era o Metralha, que portava uma submetralhadora sob o paletó e resolvia tudo na base do ratátátátá... o Faísca era o intelectual do grupo. Havia também um jovem motorista que vestia uma jaqueta de couro no melhor estilo James Dean, de nome Jarbas. A série radioafônica, com episódios diários de 10 minutos, era acompanhada pelos guris do Estadual através das ondas da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, e era trasmitida por volta das seis da tarde. Uma pedida era ouvir a série com a revista "as aventuras do Anjo" na mão, olhando os personagens e imaginando-os em ação. Depois, um pouco antes das sete horas, antes da Voz do Brasil, ainda podíamos acompanhar as aventuras de Jerônimo, o herói do sertão, que, sempre ajudado pelo Moleque Saci, lutava constantemente contra o Caveira que queria dominar o tal sertão e lesar os pequenos agricultores... Jerônimo, que foi criação de Moysés Weltman, foi também levado aos quadrinhos pelo Flávio Colin. Essas revistas são hoje muito raras e só são encontradas em locais especializados em quadrinhos nacionais cult. Anjo e Jerônimo - juntos - só perderam a batalha contra a indústria americana dos Comics. Foi uma luta desigual. Superman, Batman, Mandrake, Fantasma... e mais todos os mocinhos do Far West, se associaram ao Caveira e aposentaram, cedo, os nossos heróis da cidade e do sertão.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário