8 de abril de 2010

Olha o passarinho!

Minha mãe diz que eu era o mais bonito da turma...

Não lembro de ter visto nada voando e nem pousado. Mas lembro exatamemte da frase do homem que usava terno escuro e se postava atrás de uma máquina fotográfica de fole: "Olha o passarinho!" Eu não estava nada confortável naquela cadeira pois tive que sentar sobre três ou quatro volumes de uma enciclopédia qualquer para que ficasse com o peito à altura da mesa. Eu queria mesmo era ficar olhando para aquele vaso em forma de bota que me chamava mais a atenção do que o passarinho imaginário que o homem insistia para que eu olhasse: "Olha o passarinho, menino!" Bem, não digam que eu não tentei. Imaginei o tal passarinho pousada na careca do homem e até sorri. "Pronto! O próximo", disse ele para a professora Serany dos Santos Leite, que era a professora do segundo ano primário. A fotografia, colorizada com anilinas, custava caro e demorava para ser entregue. Mas no dia que isso aconteceu fui correndo para casa levando aquele pequeno cartão com minha fotografia colada nele. Era a Lembrança Escolar do segundo ano primário da Escola Municipal Dr. Cândido Bastos. Era a primeira da minha vida. Eu ainda nem imaginava que um dia pudesse ser aluno do Estadual. Hoje, olhando para ela, ainda lembro do passarinho imaginário disputando minha atenção com o vaso em forma de bota e de estar sentado sobre três ou quatro volumes de uma enciclopédia qualquer que causavam um desconforto tal que não havia passarinho que me fizesse ficar concentrado. Minha mãe até hoje afirma que eu era o mais bonitinho da turma. Bem, as mães sempre tem razão, fazer o quê?
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Nota do Blog: Não me deixem pagar esse mico sozinho. Mandem também as suas Recordações ou Lembranças Escolares para publicação. Garanto que as mães de vocês também achavam a mesma coisa que a minha...
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8 comentários:

Léli disse...

Eu sempre digo o contrário. Elogio de mãe não vale, porque elas nos amam e sempre nos acham lindos. hahaha Mas elas também sempre tem razão! Fazer o quê, né?
Eu não tenho recordação escolar. Meus irmãos tem, eu não. É que na primeira série tive hepatite A, com seis pra sete anos e no dia da foto não fui a aula. Peninha né?
Gostei do post! Divertido como sempre.

Luiz Carlos Vaz disse...

Pois é Léli, falamos de um tempo sem máquinas digitais, telefones celulares e outras parafernálias eletrônicas que hoje podem captar imagens. Faltou a aula no dia?... não tem fotografia. Hoje, pela banalização dessa ação, não temos as recordações escolares e não teremos, no futuro, imagens desta, que já chamo, de "a década sem memória". Nada do que se está fotografando em arquivos digitais vai permanacer. Já publiquei um artigo sobre esse assunto. Acho que vou reproduzí-lo aqui no Blog para alertar a todos os "fotógrafos-de-fim-de-semana".

Hamilton Caio disse...

Olha Vaz, todos nós hoje, de certo modo, pagamos esse mico, porque ao nos olharmos nas fotos dos primeiros anos de escola, principalmente essa que era tradicional, só constatamos uma coisa: o tempo passou sem percebermos. A primeira reação diante dessa imagem, décadas depois, é de ficarmos sem palavras. Achávamos que sempre seria assim: um mundo imutável. O olhar inocente de criança parece dizer isso. Por consequência, geralmente as nossas melhores lembranças são dessa época mágica. O nosso mundo era povoado de coisas interessantes. Ele girava ao nosso redor. O nosso pai era o soberano desse reino do faz de conta, sabia de tudo, decidia tudo, e a nossa mãe era aquela pessoa faz tudo, estava sempre à nossa volta para resolver as coisas de pronto. Na escola tínhamos aquela outra mãe diferente, a quem chamávamos de professora, e não de "tia", como já aprenderam nosos filhos. Lá também tudo poderia ser maravilhoso, era cheia de coisas interessantes, não fosse essa mania que tinham os adultos de querer nos obrigar a decorar a tabuada ! ... Chegávamos a sonhar com o "sete vezes sete quarenta e nove, nove vezes nove oitenta e um ... ". Arrrg !

Luiz Carlos Vaz disse...

Bem Hamilton, não vamos longe. Já disse a vários professores de matemática que conheci pela vida em tempos, lugares e situações diversas: "Vivo sempre na perspectiva de um dia usar a tábua de logarítmos. Ai então poderei morrer em paz e feliz!"

Hamilton Caio disse...

Bem observado, Vaz, sobre a "década sem memória". Uma boa parte das mídias usadas hoje para registro de informações pode ter algum comprometimento futuro. Alguns experts já dizem que as mídias CD e DVD, que além de serem usadas para registro de áudio, vídeo e dados de computadores, e também empregadas para registro digital de fotografias, não terão, nem de perto, a duração de um disco analógico antigo. Esse velho disco 78 rpm ou 45 rpm (hoje chamado de disco de vinil) já tem mais de um século de idade e as gravações continuam boas. Nós, particularmente, temos discos de vinil (LP 33 rpm) com cinquenta anos de idade, tocando como novos, assim como discos 78 rpm, com perto de noventa anos, funcionando normalmente. E é bom lembrar que o LP (long play) tem melhor sonoridade que o CD. Sistemas posteriores, como as fitas magnéticas de rolo, tem resistido bem. Temos gravações com esse sistema, há cinquenta anos, em condições normais. As antigas gravações originais eram realizadas em fitas de rolo, só depois eram passadas para os discos (essa fase se chama "prensagem dos discos"). Já as fitas cassete de áudio não se revelaram confiáveis, perdem em qualidade de registro depois de algum tempo. Por outro lado, as fitas VHS tem ainda pior desempenho e são muito sujeitas a fungos. Nesse aspecto, os filmes cinematográficos aguentam melhor a passagem dos anos, temos observado isso comparando a conservação de películas Super 8 com essas fitas.
Os computadores usam memória magnética em seus discos rígidos, e essa memória não tem confiabilidade para armazenar por muito tempo, pois poderia ficar exposta a radiações e a campos magnéticos, comprometendo o seu conteúdo, além de problemas com o disco central que podem ocasionar perda total dos dados contidos. Dados importantes contidos nos PC tem que ser passados para CD, DVD, Blu-Ray, etc, até por questão de segurança, o que volta ao problema já citado de armazenagem por longo tempo (medido em décadas).
Tudo leva a crer que a preocupação inicial com o revolucionário sistema de registro digital em CD, lançado no início da década de 80, era a rápida popularização e a venda em massa, sem a preocupação da busca de um material que competisse em duração com os antiquados bolachões. A primeira coisa a fazer, parece pois, pesquisar materiais mais resistentes para essas novas mídias. Algum material e/ou sistema que possa rivalizar com a mídia impressa, como da Bíblia de Gutenberg, que tem mais de quinhentos anos, e está aí rindo dos nossos CD que andam de bengala aos trinta anos.

Luiz Carlos Vaz disse...

Léli e Hamilton: hoje pubiquei o texto que prometi na observação ao comentário da Léli. "A caixa de sapatos da vovó". Leiam e comentem.

M disse...

Comparando as fotos:
Olha o passarinho! X Olha o passarinho - III.
O passarinho 1 está mais bonito do que o passarinho - III. rsrsrs
Os dois já estavam querendo voar para o mundo.

Luiz Carlos Vaz disse...

Menos, menos, até parece a minha mãe...rsrsrs