10 de abril de 2010

Uma esquina no tempo

Uma esquina para marcar nossa memória
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Se há uma esquina no tempo para os alunos do Estadual, essa é a esquina da Padaria Sul-Brasil, ou, para os mais novos, a Esquina Bianchetti. Ali, o cheiro de pão quentinho era um verdadeiro perfume de Madame Chanel. A hora do recreio era a oportunidade para saborearmos os dentinhos, as bicicletas e, nos períodos quentes, os sorvetes e picolés que gelavam a garganta. Mas o sabor dos biscoitinhos, da Padaria Sul-Brasil ou Esquina Bianchetti, como queiram, é, efetivamente, o que mais marcou a memória de todos. Acho que pode ter mudado a razão social mas permaneceu o mesmo padeiro. Segundo o colega Sérgio, a Esquina Bianchetti não fechou. Mudou de endereço. Várias vezes, segundo diz. Foi para a Barão do Triunfo, em frente ao XV, depois para a Juvêncio Lemos, depois voltou para a Barão, em frente aos Bombeiros. A última localização teria sido na Conde de Porto Alegre, perto da Catedral. Mas é uma informação de 2006, hoje?... não sabemos. Numa fotografia tomada pelo fotógrafo Ivo Barros Coelho, publicada pelo Ézio no Suplemento Underground, aparace o belíssimo prédio onde eram fabricados os biscoitos mágicos que marcaram de forma tão profunda o paladar e as lembranças de todos os alunos do Estadual.
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29 comentários:

Gerson Mendes Corrêa disse...

Realmente, essa esquina deixou saudades. As bicicletas doces e os biscoitinho, tipo vovó sentada, eram muito gostosos. Mas o que marcou definitivamente na minha memória foi a pintura de um campo de trigo com uma colheitadeira vermelha no centro, que tinha na parede de frente a porta principal. Depois quando tinha idade suficiente tomei algumas Antartica e Polar bem geladinhas.

Luiz Carlos Vaz disse...

Pois há uma dúvida sobre a autoria desses painéis. Pode ter sido do Glênio Bianchetti (este sim, o autor dos desenhos da antiga sede da padaria Bianchetti, na Osório, creio) ou se seriam do Glauco Rodrigues. Com a palavra os especialistas em cultura e arte de Bagé. Ah, lá tomei a primeira Skol de lata... Ainda tenho duas delas, fechadas, com mais de 40 anos. Claro, não me animo a tomá-las nem super galadas...

Ézio Sauco disse...

Recentemente vi a discussão em torno do que haveria acontecido com a Esquina Bianchetti. E logo depois uma pessoa falou que ainda existia o estabelecimento, de certa maneira foi verdade. O fato é que a Esquina Bianchetti era um negócio em família, emcabeçado pela matriarca dos Bianchetti, "vó Pépa". Com a morte dela foi necessario dividir os bens, incluindo a Esquina Bianchetti, entre os herdeiros, levando o estabelecimento a fechar.
O local que o seu Serjo refere-se era uma pequeníssima lancheria. Aberta por um dos descendentes, mas que nada tinha de parecido com o Bianchetti, além do nome. Que infelizmente também já fechou.

Luiz Carlos Vaz disse...

Bem, pelo que o Ézio diz, os "dentinhos" do Bianchetti agora pertencem apenas à nossa memória. Mas existem outras padarias antigas em Bagé, que ainda funcionam - inclusive no mesmo endereço, que também faziam (fazem ainda?) produtos especiais. Lembro do Pão D'água de 1/2 kg da Padaria Continental, das bolachas Vênus da Ferrer...

Manoel Ianzer disse...

Como eu morava na Rua Félix da Cunha, apenas a uma quadra da Padaria Sul-Brasil, pegava o pão quentinho de manhã, para tomar café em casa. O pão "sovado" ficava uma delícia com manteiga.

Hamilton Caio disse...

UMA ESQUINA NO TEMPO, UMA ESQUINA QUE DEIXOU SAUDADES ! Só estas duas frases, do Vaz e do Gerson, sintetizam tudo a respeito daquele lugar (mais um lugar ! ) que desapareceu por conta da modernidade. Nada mais precisaria ser dito. Era também uma válvula de segurança de neurônios. Quando estes aqueciam ao rubor, depois de aulas de física do Prof Waldemar, matemática da Prof Reny, ... uma escapada na esquina deixava tudo zerado.
Mais que isto, uma divertida lembrança que era "dobrando a esquina", numa entrada ao lado da padaria, onde "aquela" turma escondia a lambreta do Frei Plácido, episódio que já contamos.

Gerson Mendes Corrêa disse...

Rapaz, a bolacha venus era uma delicia, e não faltava nos lares bageenses, comi muita bolacha venus, e só para lembrar a padaria Ferrer, situava-se na R. Tupy Silveira a uma quadra da AABB,e nas esquinba da AABB também era o final da linha de ônibus que tinha como nome "7 de setembro".
Bem diz o ditado que "Uma coisa puxa a outra".

Luiz Carlos Vaz disse...

Realmente Ianzer, isso era um privilégio. Hoje nem se toma mais o café em casa junto com a família... A manteiga, não precisa dizer, era da Colônia Nova, acertei?

Luiz Carlos Vaz disse...

Parece que as turmas da geração do Hamilton não apreciavam só as delícias da padaria, usavam a "esquina" para essas outras serventias...

Luiz Carlos Vaz disse...

Gerson, a Ferrer, junto com a Continental, são das que continuam nos mesmos endereços e com a mesma tradição. Senpre quando vou a Bagé, além da Vênus, compro também na Ferrer as "canelinhas de defunto". Deliciosas...

Hamilton Caio disse...

E continuando com o pão, enquanto o forno não esfria ... As "bicicletas" parecem ser exclusividade de Bagé, segundo andei verificando há algum tempo. Resta descobrir o inventor. Eram mais antigamente conhecidas na Continental. Outro pão que tem um nome particular por aqui, embora existam com outros nomes em outros lugares é o "chinelo" (só em Bagé), mas o derivado menor, "chinelinho" tem em outros lugares. Na região central é conhecido por "cervejinha" e em Pelotas tem outro nome que não lembro. O Vaz descobre depois.
Mas bom mesmo era um pão de mais de cinquenta anos atrás, inesquecível, porque lembra a infância na Hulha Negra, a "maria sentada", um pão sovado, pequeno, em formato de sofá, que só existia numa padaria que nós chamávamos de "padaria dos alemães", que ficava na antiga estrada Bagé-Hulha Negra-Pelotas, no entroncamento com aquele acesso perpendicular para Hulha Negra. Quem sabe não era propriedade da família Kloppenburg, que hoje tem padaria no município. Será que a "maria sentada" sobreviveu ?

Luiz Carlos Vaz disse...

Os pães e seus nomes. Em Pelotas, onde as padarias tradicionais surgiram com os imigrantes portugueses, o que nós conhecemos em Bagé por "Pão de dedo", é conhecido como "Mão de kaiser"... Sem falar, é claro, no moderno "cacetinho", que hoje se impôs em todas as padarias do RS, no Rio, por exemplo, é "palavrão"... Os pães merecem um post especial! Quanto a Maria sentada posso dizer que a memória dos aromas é tão importante quanto a dos sons, das imagens... Já participei de uma oficina com a Dra Vera Dobedei, da UniRio sobre esse assunto. É muito interessante ver como se relacionam as memórias e os aromas.

Manoel Ianzer disse...

Acertou. Pena que tiraram a Colônia Nova de Bagé. Além do pão sovado da Padaria Sul-Brasil, lembro dos deliciosos sonhos da Continental.
RICHARD GERE esteve em Bagé por várias vezes nos anos 70, quando namorava a artista plástica bageense Sylvia Martins, seus pais tinham fazenda no município. Dizem que foi a uma conhecida padaria comprar um "small bread", não conseguia traduzir o seu intento, até que uma vendedora esperta compreendeu que, o cliente almejava o popular "cacetinho".
O ator levou outras criações locais como "pão de bico, pão d'água, biscoito dentinho e pão de mel". O desconhecido era simplesmente o futuro "Gigolô Americano" dos filmes - Richard Gere (J.Minuano)

Luiz Carlos Vaz disse...

Bah! o Ianzer lembrou o "Pão de bico"... realmente, cada cidade com sua memória e sua nomenclatura. Certamente o Richard Gere deve ter levado esses pães para a pretty woman Julia Roberts, isto sim.

Vera Luiza disse...

Nos idos de 63, quando estávamos na quarta série do Ginásio no Estadual, muitas vezes saboreamos o delicioso sorvete da Sul Brasil, servido em lindas taças... Com a proximidade do final do ano, o calor repentino - típico da primavera da Rainha da Fronteira - chegava... Assim, nada melhor do que o sorvete no final da tarde...hhhhhuuuuummmmm... que saudade!!!

Gerson Mendes Corrêa disse...

"Pão de Bico", sempre na hora do café da tarde, estava eu em plena competição esportiva, jogando bola no campinho do lado de casa, e mamãe me mandava na venda buscar um pão de bico, a venda era na esquina da R. João Teles com R. Rodrigues Lima, hoje é uma casa de apoio, eu pegava o pão e colocava debaixo do braço suado e voltava para casa, quando chegava para o café os "bicos" eu ja tinha comido no caminho.

Luiz Carlos Vaz disse...

E Gerson, será que algum antropólogo ainda vai explicar o porquê da predileção da gurizada pelos "bicos" dos pães? Eu sempre imaginava um formato em que o pão pudesse ter vários bicos. Lembro que a gente costumava juntar o cordãozinho que fechava o "embrulho" do pão, atando um pedaço no outro, dia após dia, para usar posteriormente na confecção da armação das pandorgas. Pandorgas, tai um bom tema para um post.

Gerson Mendes Corrêa disse...

Puxa é mesmo tche, tinha esquecido desse detalhe importantíssimo, e as vezes passavamos cera de abelha para o cordão não rebentar. Ainda hoje estava eu vindo para a lan house e vi abandonada em um ponto de ônibus uma pandorga, e lembrei de ti, que mais dia menos dia tu irias falar sobre "as pandorgas". É incrível mas como nos divertíamos sadiamente, hoje as brincadeiras são caso de policia.

Luiz Carlos Vaz disse...

Sim, Vera Luiza, bem lembrado! Nada melhor que um sorvete ou os picolés de creme da Sul Brasil para gelar a nossa garganta...

Luiz Carlos Vaz disse...

Gerson, brincadeiras sadias e levando em conta que todos nós tínhamos um belo canivete. Mas seu uso era restrito para preparar as canas da armação da pandorga, fazer um pião com um pedaço de perna de cadeira quebrada, falquejar uma forquilha para um bodoque ou limpar uns lambaris pescados no Passo do Bernardo... Jamais pensamos em enfiar nossos canivetes na barriga de alguém.

Vera Luiza disse...

Lembro-me especificamente de uma reunião de colegas de turma, realizada na Sul Brasil, para decidirmos quem seria afinal o paraninfo de nossa turma, naquele ido de 63... Ilca Amaral, nossa professora de Inglês, foi a escolhida. Mais tarde receberíamos dela as desculpas por não poder cumprir o compromisso conosco, motivos pessoais a impediam, falou. No entanto as Ilcas eram nossa preferência e a segunda colocada era a não menos querida professora Ilca Pêgas, nossa professora de Biologia. Assim foi. E a Sul Brasil testemunhava aqueles jovens idealistas e sonhadores, naqueles memoráveis finais de 63... No ano seguinte viveríamos, já no Científico, anos bem difíceis, quando teríamos o dissabor de vermos muitos de nossos amados mestres impedidos de sua nobre arte de ensinar... Tudo isso ficou lá no Estadual, ao lado da Sul Brasil, bem como aqui, bem no coração, ao chamarmos o arquivo da memória...

Luiz Carlos Vaz disse...

Vera Luiza, a Sul Brasil era mesmo uma verdadeira extensão do Estadual. Era lugar para os encontros e os desencontros, que também fazem parte da vida. Muitos dos nossos professores sofreram esses desencontros que hoje lembramos com muita tristeza...

Luiz Carlos Vaz disse...

Ianzer, pude acompanhar agora, pelo "Feed of the last visitors" do Blog, que um internauta norte-americano acessou esta postagem e o nosso Blog durante 9 minutos. Seria o Richard Gere?

Manoel Ianzer disse...

Vaz, pode ser o Richard Gere sim. A Internet leva a notícia na mesma hora e a qualquer parte da Terra. É como se fosse um pãozinho saindo do forno de uma padaria de Bagé e os clientes esperando no balcão... em outras palavras
"o mundo está de olho no blog do ESTADUAL".
É isso aí!

Luiz Carlos Vaz disse...

...e quem duvida disso? Sinal que o nosso "pãozinho" está fazendo fregueses mundo afora. Abraço, Ianzer.

Maribel disse...

Pior! Pode ser o Richard Gere mesmo! Mas esse blog tá ficando chique! Venham, americanos, alemães, russos, chineses, árabes, sul africanos...
Maribel

Luiz Carlos Vaz disse...

Well, Richard Gere could post something on our Blog to solve this doubt!

Anônimo disse...

Vaz

Só para esclarecer, os painéis da parede do Bianchetti eram pintados direto no reboco, e as máquinas tudo destruiram. Não sei quem era o autor.
Os retábulos do Glênio eu conservei comigo o maior, que representava um peão no pilão, os outros doei em nome do tio Pedrinho Bianchetti para o Museu da Gravura, não sei se continuam por lá. Mas eram pinturas decorativas, sem valor comercial, já que o Glênio pintou todos num final de semana, e renega a obra, não deu o aval artístico, como obra de arte.
Abraço
Gerson

Aldo Ghisolfi disse...

Os painéis eram do Glênio. A SulBrasil esteve durente um período localizada na esquina da General Osório com a Marechal Deodoro, na esquina do Colégio das Freiras; patrocinava um programa musical, pela tarde, com o João Roberto 'Menina Moça' chamado Cafèzinho Musical, no qual pediam-se e ofereciam-se músicas. O acento grave é em homegem à época e à saudade.
(aldoghisolfi@gmail.com)